terça-feira, dezembro 11, 2007

A vídeo vigilância

Tem feito alguma impressão esta onda de crimes nas chamadas «noites» do Porto e Lisboa, um ciclo de mortes que desencadeiam outras mortes por vingança, que por sua vez vão desencadear mais mortes num ciclo infernal a lembrar as histórias da máfia que vemos em séries de TV ou filmes de série B. Apesar de se saber que os bas-fonds de ambientes deste tipo são por natureza violentos, e chamar-se à profissão «segurança» é um eufemismo, as coisas não costumavam ir tão longe.
E assim a Câmara do Porto decidiu montar uma vídeo vigilância nas zonas mais problemáticas
Nós estamos já habituados à vídeo vigilância.
Entramos em qualquer loja e vemos o letreiro «sorria, está a ser filmado».
Os Bancos naturalmente que as têm, para além de outras defesas. E vamos encontrando câmaras dessas um pouco por todo o lado.

Mas qual a sua eficácia?
Tenho dúvidas.

Quando vemos uma série de acção, na TV, é frequente na história ir-se visionar as cassetes e ampliando a imagem, parando-a, etc, deslindar-se o problema. E, acredito que nas lojas, por exemplo, se descubra um ladrãozeco a enfiar no bolso um objecto que pretende levar sem pagar (desde que não tenha alarme).
Mas num assalto «a sério» imagino que o primeiro acto do bandido seja enfiar logo uma bala na câmara de filmagem…

E mesmo que tudo fique documentado, que meios existem?
Contaram-me ontem a história de um sujeito a quem roubaram o carro em frente à Judiciária. Ele, desesperado, e sabendo que aquela zona tem câmaras montadas, foi lá. De facto confirmou-se que o carro tinha lá estado… e que já não estava. Quando desapareceu e quem o levou, nicles!

É de facto bom, em teoria, mas parece-me que a prática ainda tem de ser muito apurada.

12 comentários:

Anónimo disse...

Ora bem-vinda de volta à vida!
Mas pela hora destas entradas, isso ainda não está como deve ser...
Essa história da câmara de Judiciária é o máximo!!! Se é assim, para que serve aquela droga?!
E também penso que um bandido a primeira coisa que faz é rebentar com a câmara a não ser que esteja escondida. E devem vir embuçados, calculo eu...
Mas é melhor do que nada.

Anónimo disse...

O que mais me aflige em tudo isto ´a ideia de "big brother is Watching you"...Como a segurança, seja ela por causa da criminalidade comum, seja ela pelo perigo de terrorismo, se sobrepõe e anula a liberdade.AB

josé palmeiro disse...

Bela história, essa do carro, roubado, à porta da polícia, ainda por cima judiciária.
Comungo das preocupações da AB, tudo conduz à perda de liberdade.

cereja disse...

Mas olha que a história é mesmo verdade!!! O dono está desesperado, tratava o carro nas palminhas, a mulher diz que tinha de se descalçar quando lá entrava para não sujar os tapetes! Aquilo brilhava de asseio, e imagina que agora deve estar reduzido a peças!!!
Os tipos da PJ tinham as cassetes e via-se o carro, «antes e depois», mas na altura do furto devem ter-se deslocado!

cereja disse...

AB - sem a menor dúvida que é assim, por isso é que nas lojas escrevem o tal letreiro a brincar, para levar o caso para a paródia...
A impressão que faz saber-se que os nossos gestos estão a ser observados, mesmo que seja meter o dedo no nariz. Não gosto nada!

Anónimo disse...

Subscrevo as preocupações da AB. Em nome da pseudo-segurança a nossa liberdade e privacidade vai indo para as urtigas.
E digo pseudo-segurança pois nem há dados que mostrem que a presença de câmaras de filmar diminuam os assaltos. Nos comboios suburbanos e no metro há anos que têm essas câmaras e nunca ouvi dados que sustentassem que a segurança dos passageiros melhorasse. Acho até que se dá o inverso pois ao pôr câmaras se considera o "trabalho" feito.

cereja disse...

Está bem visto, Pedro! Não tinha pensado nisso, mas de facto, o montarem as câmaras pode incentivar um certo desleixo, como quem pensa que se podem deitar a dormir porque o trabalho está feito!

Anónimo disse...

Mais uma.
Com toda a franqueza não me agrada ser observada naquilo que faço. Claro que sei que quem não deve não teme, mas ... não chega!
Há uma privacidade que todos apreciamos.
Claro que se calhar nessas ruas dominadas por bandos, talvez valha a pena, contudo como aqui se disse, um gangster a sério, começa logo por arrumar com a porcaria da 'vigilância'.

Anónimo disse...

Gostei da tua piada sobre os «seguranças».
É que realmente a profissão (actividade?) chama-se assim, mas dão segurança a quem?....

Anónimo disse...

Parece que nos tempos que correm King,não "dão" segurança "impõem-na" ou então...como na Chicago dos anos 20.(e ainda não há lei seca...por enquanto é só "fumada".AB

Anónimo disse...

A primeira vez que vi foi em Pequim. Logo me soube mal.Agora tornou-se uma necessidade do sistema, ainda vamos no principio..

cereja disse...

Olá, FJ! Vejo que desta vez conseguiste 'entrar' no Pópulo sem ajuda. Aleluia!!!

Quanto às câmaras em Pekin (e deve ter sido há bastantes anos pelo que calculo) seno curioso não é nada que nos admire de uma sociedade como a chinesa. Se há terra bem controladinha deve ser essa.