sexta-feira, dezembro 14, 2007

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Assinou-se ontem o Tratado de Lisboa.
Fartei-me de ouvir falar nele. Desta vez, pelo menos em Lisboa, ninguém pode dizer que não deu por isso. Desde os outdoors gigantes, com caras conhecidas como ‘cara da Europa’ imagino eu, até à cereja no bolo que foi a gratuitidade nos transportes públicos.
Confesso que a mim, foi esse ponto que me chamou a atenção!

Entrei no autocarro com o passe na mão e dirigi-me à máquina de verificação e vi que estava vermelha, sem funcionar. Fui à outra e … também. Inocentemente fui dizer ao condutor «Olhe que isto não está bom! As máquinas não funcionam» e ele muito risonho respondeu:«Hoje é assim! Ninguém paga!»
Os passageiros estavam todos sorridentes, um deles explicou-me apontando um pequeno cartaz «É por essa coisa do Tratado. Também se pode ir aos Museus. Sem pagar!».

É tão engraçado a importância que um ‘bombom’ destes tem!
Por aquilo que ia ouvindo, a esmagadora maioria dos passageiros tinha passe, ou seja não ganhou nem perdeu nada, mas sabia-lhes bem a ideia agradável e teórica de que ‘se-não-tivessem-tinham-viajado-de-graça’. São assim as pessoas.
Boa publicidade, esta.

Claro que resta saber se alguém tinha a mais pálida ideia do que significava semelhante Tratado!!!


9 comentários:

Anónimo disse...

Upss!!!!
E eu nem mesmo dei por isso.
:(

Anónimo disse...

Pois.AB

josé palmeiro disse...

Por aqui, nos Açores, ao que me consta, os voos da SATA, mantiveram as tarifas habituais.

Anónimo disse...

(enganei-me e escrevi isto lá em baixo; pronto, OK, já copio cá para o sítio!!!)
Eu cá soube, porque os noticiários disserem, mas acho a tua bandeira muito ... explicativa daquilo que a malta sente.
Quanto aos transportes, ouvi falar. Houve malta lá no meu trabalho que falou disso mas como tudo lá tinha passe (quem não anda de carro) foi mais uma gracinha que outra coisa.

Anónimo disse...

Os Açores não devem ter «sentido» este abanãozinho. mesmo cá, os transportes das rodoviárias não foram abrangidos - só os públicos e nem sei como foi o resto do país.
Eu andei quer de metro quer de autocarro, e de metro notava-se menos, porque era só as portas estarem abertas e às vezes estão, por avaria. No autocarro era mais nítido e as pessoas aproveitam tudo para se divertir.

cereja disse...

King, caríssimo, ainda bem que alguém teve o cuidado de olhar para a bandeira!!! A trabalheira que tive em coser aquelas estrelas todas e ninguém dizia nada!!!!!
Zé, como disse o Raphael, por cá foram só empresas deste tipo, as mais privadas já não deu e nem sei como foi no resto do país. Só contei a minha experiência.

Anónimo disse...

O governo tem medo disso, talvez daí o medo ao referendo. Nunca fiando...

contradicoes disse...

O poder está eufórico
porque se vai hoje assinar
o tratado dito histórico
que poucos nele irão apostar

É um vasto documento
do tamanho dum compêndio
não se sabe o que tem dentro
este aprovado convénio

Nenhum de nós vai ficar
de certo mais beneficiado
nem sequer vai buscar
um salário melhorado

Muita parra e pouca uva
envolveu este processo
mas o poder que não se iluda
com este pretenso retrocesso

Ninguém quer abdicar
dos direitos adquiridos
porque todos irão ficar
muito mais deprimidos

Com novas regras laborais
no contexto deste acordo
vão por isso trabalhar mais
recebendo o mesmo soldo

A flexisegurança traduz-se
num instrumento de protecção
e ao patronato induz-se
despedir sem contemplação

Vai ser uma roda bota fora
substituir um trabalhador
por isso mandá-lo embora
não vai ser perturbador

Com a mesma facilidade
que o patronato vai despedir
permiti-se-lhe a veleidade
de rapidamente admitir

cereja disse...

Ena Raul, comentário em verso e tudo! É para se cantar à desgarrada, penso eu
:)
(obrigada, foi engraçado)

FJ - essa questão do referendo, só tinha como vantagem esclarecer mais as pessoas; de resto já se viu que nós ligamos muito pouco aos referendos mesmo quando até parece que sabemos do que se trata e diz respeito a realidades tão palpáveis e imediatas como foram os do aborto.
Eu sou das que tem dúvidas das vantagens do referendo (além das óbvias de haver informação sobre o assunto)