Pobre frango
Outros tempos, outras alimentações.
Não foi assim há tanto tempo que se chamava ao bacalhau o «fiel amigo» por ser um dos alimentos mais económicos. Tanto assim era que se inventaram as tais «100 maneiras» de o cozinhar, mas ao olhar hoje para os preços, sentimo-nos um tanto traídos pela sua fidelidade, que um bom bacalhau já não é exactamente comida de pobrezinho.
Mas, para equilibrar a balança, o frango é que é hoje um nosso fiel amigo. Não só temos as tais 100 maneiras ou mais de o cozinhar como, na proporção, é um produto relativamente económico.
É-o hoje em dia, mas não era no tempo dos nossos bisavós.
Já o sabia mas estou sempre a confirmá-lo.
Nestes meus dias de gripe andei a reler umas coisas leves para ajudar a passar o tempo e encontrei esta frase: «Tinham ido jantar a um bom restaurante. […] ostras, lagosta, um frango […] acabaram de saborear a delicada ementa cuidadosamente escolhida» (etc)
O que são as coisas! Não ponho em dúvida de que possa haver uma forma requintadíssima de servir um frango, mas naquela frase não havia lugar para dúvidas, era o frango em si, que ocupava como prato de carne o lugar correspondente à lagosta como prato de (?) peixe.
As voltas que ofrango mundo dá!
Não foi assim há tanto tempo que se chamava ao bacalhau o «fiel amigo» por ser um dos alimentos mais económicos. Tanto assim era que se inventaram as tais «100 maneiras» de o cozinhar, mas ao olhar hoje para os preços, sentimo-nos um tanto traídos pela sua fidelidade, que um bom bacalhau já não é exactamente comida de pobrezinho.
Mas, para equilibrar a balança, o frango é que é hoje um nosso fiel amigo. Não só temos as tais 100 maneiras ou mais de o cozinhar como, na proporção, é um produto relativamente económico.
É-o hoje em dia, mas não era no tempo dos nossos bisavós.
Já o sabia mas estou sempre a confirmá-lo.
Nestes meus dias de gripe andei a reler umas coisas leves para ajudar a passar o tempo e encontrei esta frase: «Tinham ido jantar a um bom restaurante. […] ostras, lagosta, um frango […] acabaram de saborear a delicada ementa cuidadosamente escolhida» (etc)
O que são as coisas! Não ponho em dúvida de que possa haver uma forma requintadíssima de servir um frango, mas naquela frase não havia lugar para dúvidas, era o frango em si, que ocupava como prato de carne o lugar correspondente à lagosta como prato de (?) peixe.
As voltas que o
13 comentários:
Nota-se muito isso em romances com mais de 100 anos.
Comer galinha, era coisa de ricaço.
Aliás está tudo de pernas para o ar. Hoje o que nos sai caro é comer peixe, que nessas épocas era mais comida de pobre.
Reportando-me à tua última frase.
Mas é que dá mesmo, já os viste às voltas, quando estão a assar?
Mas, agora mais a sério, é verdade o que afirmas e ainda por cima o bacalhau que comemos, já não é bacalhau, é escamudo ou outras denominações dos vários sucedaneos. Depois há os sêcos em estufas, nada como era nossa prática, (quem deve conhecer bem essa realidade é a Saltapocinhas), há o congelado, onde se paga a água ao preço do bacalhau, e por aí fora. O frango voltou, mas raramente como galo ou galinha, antes franganito, imberbe e sem estaleca para continuar a espécie. É esse o frango que nos chega, a preço, mais acessível.
È que exactamente galinha não é frango...Mas ostras lagosta e ...frango?Ná,não combina mrsmo...Ostras lagosta e tournedó,está melhor.Aliás anda para aí um poema do Zé Bebiano que às vezes se chama Ana de Sá e outras vezes é como lhe dá(esta rima)que se chama "receita para o deficit" e que já foi musicado e cantado pelo Vitorino e que na sua lógica surrealista tem bastante graça.E é assim
Engenheiro Sócrates
hoje comemos turnedó
e amanhã
vamos fazer ó-ó.
Achei fenimenal.AB
Faz como eu Zé Palmeiro,bacalhau é na R. do Arsenal e de "cura amarela"ou "cura antiga".Aliás õ post da Èmiele lembrou-me que em minha casa em Lisboa se ia a este mesmo sitio da R.do Arsenal comprar lagosta"de barrica".Tratava-se de lombos,salgados de lagosta que ficavam de molho para "dessalar"e com os quais se cozinhavam pratos fantásticos.Só que ...era barata.AB
É claro que eu estava a brincar, e a verdade é que os frangos desde que inventaram os aviários é outra raça. Não tem a ver com certeza com os das capoeiras de há cem anos.
E a verdade é que o tal romance era de há cem anos, daí eu acentuar as voltas (para além das do espeto) que esse alimento tinha dado e como tinha descido na escala social.
Joaninha, olha que é verdade. Hoje em dia o peixe é que está bem caro. Aliás como lembra o Zé Palmeiro, bacalhau «a sério» barato não é!
Não só não é barato como "aquele" de que eu falei lá em co,a ou em baixo nunca sei já se vende no "Gourmet"do Corte Inglés o que dá para ver que os "gourmets"ou o que agora tem esse nome (tudo desde que tenha "Pomodoro" seco e "pastas" de preferencia preta )vão açambarcá-lo e lá se vai a R.do Arsenal por razões de"higiene".Ou então como já fazem reconvertem em géneros africanos...AB
Agora como letras-Lá em cima.Bolas!AB
... ou lá em baixo!
:))))
Parece o tiro-liro
:)))
[mas tens razão que isto de se começar a ler por baixo faz uma confusão do caraças!]
O frango e o perú só foram verdadeiramente muito baratos, na altura da "gripe das aves" quando toda a gente tinha medo de os comprar e desceram a preços espantosos.
De qualquer modo ainda é um alimento barato, mais do que outro - a não ser talvez a carne picada.
Realmente o peixe (incluindo o bacalhau) está pela hora da morte.
Nunca tinha reflectido nessa sociologia do frango...
Isto de andar por aqui a horas em que posso vir espreitar e responder logo aos comentários tem a sua graça...
Acontece nestas situações de convalescência, onde já estou mais espevitada mas ainda um tanto quebrada ( o esforço de almoçar dá uma canseira que parece que corri 10 km! acho que vou mas é à sesta, seguido o conselho do amigo Zé P.)
Aquela da «sociologia do frango» que o King descobriu está bem apanhada.
Estão a ver onde nos leva as conversas do Pópulo...?!
na minha casa nunca faltavam galinhas, pois a minha mãe tinha criação (desde que eu não matasse os pintainhos, mas isso é outra história...)
Zé Palmeiro: um dia destes fiquei espantada pois vi novamente bacalhau a secar ao sol, coisa que é rara de ver!
Também nunca vi! (mas eu sou uma citadina, viajo um pouco mas nem sempre tenho a sorte de ver as coisas na altura)
O que fazias aos pintaínhos, criatura??? Apertavas os desgraçados?
Claro que franguinhos de capoeira caseira é outra conversa...E aliás, estes de que se fala nos romances de há cem anos são de certeza de capoeira...
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