Crimes de primeira ou de segunda
Os jornais e TV não têm falado de outra coisa.
Uns crimes muito aparatosos, que metem metralhadoras e tudo, à moda de Chicago, têm morto uns elementos mais ou menos mafiosos do crime da noite em Lisboa e Porto.
É mau, é claro. Estes “ajustes de contas” entre gangs não são para terem graça a não ser quando é no cinema e filmados por Tarentino. Acho bem que se ponha ordem nessa coisa.
Contudo há crimes continuados, mais “mansos” e mais graves.
Cada ano a lista de mulheres assassinadas pelos seus companheiros é maior do que esta dos gangsters abatidos: em 2006 morreram 39 mulheres nesta condições e possivelmente este ano a conta não será mais baixa.
Acabo de ler que um deles depois de matar a mulher a tiro diz como ‘desculpa’ não tinha intenção de matar, mas apenas "marcá-la e aleijá-la"
Claro que se fosse apenas «marcá-la e aleijá-la» tudo estaria bem!
A semana passada uma amiga pediu-me conselho a respeito da sua mulher-a-dias. Estava cheia de pena porque ela tinha fugido de casa depois de anos de maus-tratos quando o marido a começou a ameaçar de pistola na mão. A APAV ajudou-a e até lhe arranjou um advogado oficioso. Mas a pobre mulher estava muito desanimada porque sentia que o «seu» advogado não estava do lado dela, a tratava com alguma ironia, dizia que o marido estava bêbado e portanto tinha desculpa, e ela se calhar interpretava mal as suas acções, para além de que tinha sido ela a sair de casa. E a gozar, contou-lhe ainda uma a história parva de uma senhora medrosa a respeito de um embuçado que a perseguia mas afinal o homem andava de gorro e cachecol por causa do frio e apenas a passear o cão aquela hora…
Resumindo, ela sentia que o advogado não «a levava a sério». Aconselhei a que voltasse à APAV e desabafasse esse sentimento, porque acredito que seja exactamente como ela disse, estes ‘crimes domésticos’ são ainda crimes de segunda.
Uns crimes muito aparatosos, que metem metralhadoras e tudo, à moda de Chicago, têm morto uns elementos mais ou menos mafiosos do crime da noite em Lisboa e Porto.
É mau, é claro. Estes “ajustes de contas” entre gangs não são para terem graça a não ser quando é no cinema e filmados por Tarentino. Acho bem que se ponha ordem nessa coisa.
Contudo há crimes continuados, mais “mansos” e mais graves.
Cada ano a lista de mulheres assassinadas pelos seus companheiros é maior do que esta dos gangsters abatidos: em 2006 morreram 39 mulheres nesta condições e possivelmente este ano a conta não será mais baixa.
Acabo de ler que um deles depois de matar a mulher a tiro diz como ‘desculpa’ não tinha intenção de matar, mas apenas "marcá-la e aleijá-la"
Claro que se fosse apenas «marcá-la e aleijá-la» tudo estaria bem!
A semana passada uma amiga pediu-me conselho a respeito da sua mulher-a-dias. Estava cheia de pena porque ela tinha fugido de casa depois de anos de maus-tratos quando o marido a começou a ameaçar de pistola na mão. A APAV ajudou-a e até lhe arranjou um advogado oficioso. Mas a pobre mulher estava muito desanimada porque sentia que o «seu» advogado não estava do lado dela, a tratava com alguma ironia, dizia que o marido estava bêbado e portanto tinha desculpa, e ela se calhar interpretava mal as suas acções, para além de que tinha sido ela a sair de casa. E a gozar, contou-lhe ainda uma a história parva de uma senhora medrosa a respeito de um embuçado que a perseguia mas afinal o homem andava de gorro e cachecol por causa do frio e apenas a passear o cão aquela hora…
Resumindo, ela sentia que o advogado não «a levava a sério». Aconselhei a que voltasse à APAV e desabafasse esse sentimento, porque acredito que seja exactamente como ela disse, estes ‘crimes domésticos’ são ainda crimes de segunda.
6 comentários:
Bom, mas não foi a APAV que aconselhou esse advogado? Cueriosamente porque será que não fico muito espantada?AB
Eu tenho uma boa ideia da APAV, mas por aquilo que dizes também fico com a ideia que esse «excelente e isento» advogado foi indicado pela própria APAV. Não encontraram nada de melhor...?
Tenho imenso dó, sobretudo destas mulheres que nem sabem para onde se virarem, e que apanham com bestas dessas.
Se calhar a culpa era dela que se punha à frente do punho dele...
A notícia na sua génese é, infelizmente, conhecida. Agora que o advogado, arranjado pela APAV, tenha esse comportamento é que não é admissível, nem esse nem qualquer outro, mas esse terá que ter responsabilidades acrescidas. Um caso para a APAV esclarecer, cabalmente, sob pena de se descredibilizar
perante a opinião pública.
Está bem montado o "paralelismo" entre os crimes muito mediáticos e estes crimes 'mansos'. Como dizes em número até são mais!!! E com várias vítimas para além daquela que morre. Na notícia que citas, ficam 5 filhos! A desgraçada aos 27 anos já tinha 5 filhos...
É uma coisa enervante. Fala-se muito, é verdade que cada vez se fala mais, há campanhas de sensibilização, as pessoas já se queixam mais, os serviços de saúde estão muito mais alerta para referenciarem casos suspeitos, mas o certo é que as coisas continuam a acontecer.
Esta história que referenciaste é mesmo típica. O tipo queria mesmo matar a mulher, sem a menor dúvida, aliás o testemunho do filho é claro. Mas a frase de que queria APENAS marcá-la e aleijá-la, quase que faz mais impressão!!!
Que besta!!!
Fala-se muito, é verdade. E também é verdade que já há queixas, e há um pouco menos de medo, mas ainda há muito!... Demasiado.
Apeteceu-me fazer o paralelo porque bem vistas as coisas, são mais os crimes destes «domésticos» do que os tais mais vistosos que metem metralhadoras. E os outros fazem parangonas.
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