sábado, dezembro 01, 2007

Bom senso e bom gosto

Ontem, o Farpas escreveu lá na casa dele, um post que gostei bastante de ler. No seu estilo brincalhão habitual, ele referia-se a uma campanha que também me tinha chocado: o facto de os CTT terem baptizado a sua nova rede com o elegante nome de Phone-ix. Chamava-nos o Farpas a atenção, esclarecendo «Fónix, que é aquela palavra que se costuma dizer para não dizer uma outra mais feia» coisa óbvia, e que serviu para apimentar a campanha de lançamento.
Eu, que fui educada cheia de noções de que há certas palavras que não se devem dizer, já me tinha sentido constrangida, mas imaginei-me produto dessa velha educação e que «estaria fora de moda». Contudo, se um jovem como o Farpas sentiu o mesmo, percebi que era antes uma questão de valores e noções diferentes de respeito.

Ora, em comentários, para além do meu a apoiar o ponto de vista, veio um amigo dele defender a ideia oposta. Segundo a sua perspectiva, era uma questão de «falsos moralismos e, se o fonix está na boca de toda a gente, […] há que o "institucionalizar".» Era a sua opinião, à qual o próprio Farpas retorquiu dizendo que a respeitava mas «não é por toda a gente o fazer que passa a ser correcto» e, não o disse ele mas penso eu, os CTTs têm alguma responsabilidade, não é uma graçola aqui da loja da esquina da minha rua.

Cruzando esta história com um
outro post do Arrastão, podemos pensar (pelo menos eu penso) que o ‘politicamente correcto’ é uma faca de dois gumes. Assim como não podemos viver subordinados às regras do PC (politicamente correcto, é claro) é igualmente desastrado cair no extremo oposto e agir, determinados, sempre com regras opostas.
Há uma altura para tudo. Há graças que caem bem em privado mas são muito infelizes se ditas pela pessoa errada no lugar errado. E isto vale também para campanhas publicitárias.

É uma questão não só de bom senso, mas também de bom gosto.


7 comentários:

Anónimo disse...

Este post tem de se ler devagar.

ainda bem que hoje é sábado)

Já cá volto!

josé palmeiro disse...

Este não é um escrito. É um cruzamento de escritos, muito bem colocadoos para a reflexão, como infere a Joaninha.
De qualquer maneira, ainda é cêdo, para se avançar para o proposto, é mesmo uma questão de "bom senso e bom gosto" e nestas coisas o melhor é saber usá-los, o que não me parece ser o caso.

Anónimo disse...

Voltei agora, como tinha prometido, depois de ler os links para onde nos enviaste.
Bom, eu já tinha a minha opinião, antes disto. Podes calcular. E era claramente desfavorável, quer num caso quer no outro. Achei idiota a propaganda da Tagus, e também me chocou o nome da nova rede de telefones. De mau gosto como dizes, e uma provocação inútil. Pretenderem atrair a clientela jovem, não quer dizer que afastem a outra, ou quer?!
Quanto ao PC (boa essa, das «regras do PC!») embora muitas vezes não concorde com o homem do Arrastão, desta vez dou-lhe razão contra o Francisco José Viegas de quem costumo gostar bastante. Há um tempo para tudo, e nós ainda não chegámos ao momento de se poder brincar com TUDO. Oxalá o estivéssemos, estaríamos de certeza muito mais avançados.
Lembra-me um tipo que conheci ( e importante, aqui na nossa praça) que dizia querer fundar uma Liga dos Direitos dos Homens. Achava que já chegava de Direitos das Mulheres, era importante falar dos Direitos dos Homens. Parvoíce?... A linha é a mesma.

Anónimo disse...

(Emiéle, sabes que muitas vezes me chateia estar tão de acordo contigo!? Tens de escrever umas coisas com que eu possa discordar, mas com sinceridade, não vou dizer que não concordo só para embirrar!)
Pois é.
Está tudo dito.
Para ser franco, franco, apesar de passar pelo Arrastão, não gosto lá muito do Daniel Oliveira - e o novo visual ficou muito pior, para além dos anúncios que dá um mau aspecto do caraças! - contudo desta vez também concordo mais com ele do que com o Viegas. Disse ali a Joaninha em relação às Mulheres, uma coisa que se pode dizer em relação a todos os grupos que ainda são discriminados - há que haver cuidado. Nem um paternalismo exagerado, nem a atitude de que está tudo bem. É que não está.
Quanto aos CTTs, acho que «fónix» p'ra eles!

Anónimo disse...

O que me incomoda é que isto parece ser uma moda que veio para ficar. As gracinhas, sem qualquer graça.

Anónimo disse...

Vocês parecem estar todos de acordo, e o que digo não é exactamente «contra-a-corrente», mas ....
É que detesto tanto o politicamente correcto que quase desculpo os abusos no outro sentido. Tens alguma razão. Alguma. Contudo, se não se remar contra essa corrente e se fizerem algumas 'argoladas' coisas tipo humor negro, a verdade é que ficamos espartilhados no convencional.
Odeio.
A campanha da Tagus é parva, mas resultou - falaram dela! e também há razão para se melindrarem tanto?

cereja disse...

OK, «sem-nick» posso estar a fazer uma tempestade num copo de água. Creio que não, pelas razões que disse. Claro que vivemos num país livre e podemos dizer o que quisermos, contudo é 'simpático' procurarmos não ofender, mesmo que indirectamente.
Isto é o que eu penso.