Medicamentos "errados"
Uma informação que vem ao encontro daquilo que acredito:
Os idosos portugueses tomam demasiados medicamentos, mas sobretudo errados.
Acredito, sim. A verdade é que de algum modo se há-de compensar a falta de tempo para atender cuidadosa e atenciosamente um doente. Quando um médico recebe no seu gabinete um doente mas tem uma fila enorme à espera e só lhe pode dedicar uns 10 minutos, muitas vezes compensa essa falta de tempo para o ouvir, com um receituário mais dilatado. Até porque o próprio doente assim o deseja. Oiço muitas vezes, a par com os lamentos com a conta da farmácia, a satisfação com o facto de que o médico o ‘levou a sério’ que até lhe receitou vários medicamentos. Se calhar se a consulta fosse mais calma e com mais tempo as coisas seriam diferentes…
Por outro lado dada a iliteracia que sabemos existir, sobretudo entre idosos de classes mais baixas, pode haver confusão muitas vezes. A memória já não é o que era, e decifrar as indicações escritas é muito complicado. Daí que se possam tomar medicamentos errados ou de um modo errado.
Tive bem a noção disso quando, há anos, a minha mãe me garantia convicta que «não se esquecia nunca de tomar os seus remédios» e, à minha frente, quase repetia o mesmo comprimido!! Eu ia tendo uma coisinha má e fui a correr comprar daquelas caixinhas onde se arrumam os medicamentos que se vão tomando ao longo do dia. Porque muitas vezes o perigo nem está no esquecimento de tomar e sim no esquecimento de que já tomou!!!
Ou seja, mais uma vez se bate na mesma tecla – um idoso precisa de apoio.
E tem direito a ele!
Os idosos portugueses tomam demasiados medicamentos, mas sobretudo errados.
Acredito, sim. A verdade é que de algum modo se há-de compensar a falta de tempo para atender cuidadosa e atenciosamente um doente. Quando um médico recebe no seu gabinete um doente mas tem uma fila enorme à espera e só lhe pode dedicar uns 10 minutos, muitas vezes compensa essa falta de tempo para o ouvir, com um receituário mais dilatado. Até porque o próprio doente assim o deseja. Oiço muitas vezes, a par com os lamentos com a conta da farmácia, a satisfação com o facto de que o médico o ‘levou a sério’ que até lhe receitou vários medicamentos. Se calhar se a consulta fosse mais calma e com mais tempo as coisas seriam diferentes…
Por outro lado dada a iliteracia que sabemos existir, sobretudo entre idosos de classes mais baixas, pode haver confusão muitas vezes. A memória já não é o que era, e decifrar as indicações escritas é muito complicado. Daí que se possam tomar medicamentos errados ou de um modo errado.
Tive bem a noção disso quando, há anos, a minha mãe me garantia convicta que «não se esquecia nunca de tomar os seus remédios» e, à minha frente, quase repetia o mesmo comprimido!! Eu ia tendo uma coisinha má e fui a correr comprar daquelas caixinhas onde se arrumam os medicamentos que se vão tomando ao longo do dia. Porque muitas vezes o perigo nem está no esquecimento de tomar e sim no esquecimento de que já tomou!!!
Ou seja, mais uma vez se bate na mesma tecla – um idoso precisa de apoio.
E tem direito a ele!
8 comentários:
Bem visto!
Contudo, se lerem a notícia podem ver que nós «vamos à frente» mas nos outros países esse fenómeno também se passa.
Porque raio...???
Passou-se exactamente o mesmo comigo!!!
Não és minha irmã?????
Como a Mary. Dirte-ei mais, como me recordei da minha mãe.
Olha que não é só com os velhos. Essa «compensação» pela falta de tempo no atendimento (está muito bem visto; deve ser isso mesmo) passa-se quase com toda a gente.
Assim como o pedido de meios complementares de diagnóstico que, cá para mim, muitas vezes não são necessários.
Focaste aqui um ponto muito interessante. Também me parece que a nossa «política de saúde»??? quer o sol na eira e a água no nabal.
Tenho uma irmã que vive num desses países nórdicos. A verdade é que realmente lá receitam muito poucos medicamentos. Enquanto ela estava habituada a tomar antibióticos à mais pequena infecção, lá aquilo só aparece depois de esgotar todas as outras hipóteses. Etc, etc. Mas a verdade é que se está doente tem consulta de imediato, e o médico parece ter todo o tempo para a ouvir. Já me tem dito que não dá para comparar, são universos diferentes! É muitíssimo bem atendida, ouvem tudo o que tem a dizer, analisam as queixas mas receitam muito poucas drogas.
Acredito que os nossos façam o contrário pelo motivo que sugeres.
Eu não sei...
Creio que há mesmo uma cultura da droga (salvo seja!)
A verdade é que mesmo no privado, onde não é tanto o problema da rentabilidade, os médicos também receitam muito, e se não o fazem como aqui se disse, os doentes ficam desconfiados. Huuummmm... não deve ser grande coisa, nem me receitou nada com nome esquisito...
Olha, é das tais coisas "preso por ter cão e preso por o não ter"...
Por um lado há essa queixa de excesso de medicamentos. Mas também há aqueles que «não gostam de tomar remédios» como se fosse uma coisa que se tomasse por gosto.
Cá para mim, ou é necessário e não se discute, toma-se, ou não é necessário e não é nenhum caramelo, custa-me imaginar que haja quem goste especialmente dessas pílulas.
Contudo, já reparei que há quem desconfie dos genéricos porque «se são mais baratos não devem ser tão bons» como se estivessem a falar de sapatos.
Zé e Mary, não sabia que se tinha passado algo de semelhante convosco, mas não estranho.
De resto, 'sem-nick' (também não tens escrito ultimamente, tal como o Zorro..) pelo meu lado tenho ouvido histórias parecidas da parte da família que vive na Dinamarca. Por cá o que tenho ideia é que estas histórias também são lançadas para os médicos terem mais cautela no receituário, mas sem aumentar o tempo que lhes é dado para cada consulta!
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