terça-feira, novembro 20, 2007

Fazedores de medo

O Miguel Vale de Almeida tem um blog chamado «Os Tempos que Correm». Tenho-o ali arrumado na coluna da direita entre «os meus blogs de estimação» porque aprecio bastante o modo como, regra geral, apresenta as coisas. Nem sei bem porque é que quase nunca lá deixo um comentário – parece-me que faço alguma cerimónia, talvez… Sinto-me mais à vontade, mais 'em família', a comentar a meia dúzia que visito todos os dias e também me visitam a mim.
Mas o último post que escreveu, pareceu-me exactamente o eco do que eu sinto sobre um tema fundamental para mim e daquilo que sobre isso tenho reflectido.
Como o Medo pode ser uma arma tão mortífera, tão mortífera, que acaba por ser apoiado e aumentado pelas suas próprias vítimas.

Escreve ele:
[…] É também assim que as “reformas” actuais se impõem: primeiro gera-se o medo do futuro, com previsões catastrofistas matraqueadas todos os dias. Perante o medo as pessoas apenas desejam que não sejam elas as visadas pelas “reformas” e calam-se. Multiplicado por todas as pessoas, esta atitude leva a uma desmoralização generalizada, que redunda numa self-fulfiling prophecy: a ideia de que já ninguém está para isso e de que o mundo é mesmo assim, sem escolhas, sem alternativas, sem sequer se perguntar se é mesmo assim.
Não se reconhecem nesta visão?

E mais
[….]Um “bom” político hoje já não é a criatura vagamente populista que promete coisas boas, mesmo que incumpríveis; é antes a criatura que sabe assustar. Já repararam como o optimismo - ou sequer a promessa de que depois de alguns sacrifícios virá a compensação - desapareceu completamente do discurso político (uma vez mais, a todos os níveis) português?
Como não sei dizer melhor e de um modo mais sucinto, transcrevi apenas um pouco, por vergonha de lhe roubar o post todo.
Mas espero que vão atrás do link e completem lá a leitura daquilo que não copiei.

7 comentários:

Anónimo disse...

Afinal transcreveste quase tudo, que o post era pequeno.
Apoiadíssimo!!!

Anónimo disse...

Tem piada que também passo por lá e nunca escrevi nada (mas também é verdade que estou 'especializado' aqui no Populo)
Os posts «políticos» ou sociais são geralmente muito bem vistos. Quando entra na militância LGBT nem sempre tenho paciência, com o devido respeito.
Este post é de facto excelente.

josé palmeiro disse...

Guardei para o fim, este comentário, por duas razões, a primeira é porque quero manifestar a minha concordância, a segunda é para me despedir até depois de amanhã, porque o tempo urge a vigem, não espera e as coisas percisam de ser arrumadas e eu não tenho tempo para me debruçar sobre o escrito, como desejaria.Até breve, dos Açores, Cumprimento a comunidade "populiana".

Anónimo disse...

Exactamente como o King muitas vezes a paciencia não chega para algumas militancias ou melhor para alguns "tons" da militancia.Mas é um excelente post,uma excelente reflexão.AB

Anónimo disse...

Por alguma razão se associa o medo a uma espiral. É a metáfora mais usada, falar na «espiral do medo».
Porque é mesmo assim, dá ideia de que o medo se alimenta de si mesmo, quanto mais temos mais vimos a ter... e quanto mais temos mais motivos vamos encontrando para o ter. Afinal toda a gente, mesmo quem nos parece ter muito pouco, tem alguma coisa a perder.
A coragem de combater os «fazedores de medo» como muito bem lhes chamas, não é fácil. Mas é uma armadilha de que nos temos de soltar.

Anónimo disse...

Muito bem visto.
Realmente já nem promessas se fazem.
E muitos de nós votamos porque «os outros são piores»!

cereja disse...

Então Boa Viagem, Zé Palmeiro e não te demores muito a voltar a aparecer por «cá».
RS - tens razão nisso da «espiral», está bem visto, algo que se auto-alimenta!