domingo, outubro 21, 2007

A vida pessoal das figuras públicas

É claro que se calhar sempre assim foi.
O «preço» por se estar na berlinda é ter a sua vida pessoal vasculhada. Aliás, a verdade é que «quem está na berlinda» até gosta bastante de ver a vida pessoal dos seus opositores vasculhada…
Eu não gosto.
Deve ser uma mistura de feitio com educação, mas fico incomodada quando me vem dizer o que se passa dentro de portas de gente que só me interessa pelo que fazem como actores da «coisa pública». Quanto ao resto, pffff…!
O recém-eleito presidente da França anda agora muito badalado porque pouco tempo após a sua eleição, se divorciou. E que temos nós com isso?! Temos, ou têm os franceses, com a sua orientação política.
É certo que quando a vida pessoal contradiz os valores que defendem em praça pública, se pode sorrir e pensar que há alguma contradição mas é apenas um pormenor.

Por outro lado, também é certo que a tal vida pessoal pode ser manipulada pelo próprio de modo a colher dividendos.
Imagine-se que
Jaroslaw, [….]o homem mais influente da Polónia, escolheu o dia de ontem para se casar, tornando-se notícia em plena jornada de reflexão
Aqui a manipulação é outra.
Em dia véspera de eleições, e pelo que se prevê qualquer dos resultados não será flor perfumada, essa manobra lateral sendo permitida não parece nada inocente.

Às vezes os tiros saem pela culatra…


9 comentários:

Anónimo disse...

Pelo que se vê, hoje não tens o teu programa de fins-de-semana. Deves estar em casa perto do pc...e não resiste a escrever uma coisita de vez em quando!
Realmente esta história sem ter a menor importãncia dá bem a medida da criatura que «prolonga o tempo de antena» deste modo...

Anónimo disse...

Uma coisa é certa:as últimas eleições francesas não foram saudáveis em termos relacionais nem para o actual presidente nem para a sua opositora.Relações politicas e relações pessoais são misturas "perigosas"?Nem sempre, sobretudo no caso Clinton.Hillary soube capitalizar bem o "desaire"Lewinski...Mas ,já agora,recorrendo a uma velha campanha americana anti-Nixon em que aparecia uma fotografia do dito com a barba por fazer e ar facinoroso com a pergunta"Você comprava a este homem um automóvel usado?"eu perguntaria sobre Hillary "Você votaria na complacencia (desinteressada,of course) desta mulher?"Mas não sou americana. Nos casos europeus ,se calhar, um sociologo era capaz de achar respostas curiosas...AB

Anónimo disse...

Ao ler o teu escrito, fiz exactamente o raciocínio da AB, mas pouco ou nada me interessam esses "fait diverts".
Louvo actitudes como a de Pascoal Maragall, antigo presidente da Catalunha que ao saber que tinha Alzaimer, abandonou todos os cargos, fez questão de que todos soubessem da doença, pois assim seria a forma de engrossar o pelotão daqueles que lutam por tão malfadada doença degenerativa.

Anónimo disse...

Contudo há uma enorme diferença entre o puritanismo americano e a moral europeia. Até a tal história do Clinton e a Lewinski, se fosse por aqui era um fait-divers sem qualquer interesse. Não estou a ver um primeiro-ministro ou presidente a vir pedir publicamente desculpas por uma questão que só diria respeito à sua mulher. O Miterrand lá teve a filha clandestina, mas duvido que fosse expulso do cargo se se soubesse entretanto...
São mundos bem diferentes.
Quanto à Polónia, cof...cof.. enfim, é lá com eles!

Anónimo disse...

Depende.Acaso alguem se lembra do "caso Profumo"?AB

Anónimo disse...

E mais uma coisinha:até para o caso Salazar de repente foi importante "declarar-lhe"uma vida sentimental,que ultrapassou a conhecida Mdm.Garnier do "Vacances avec ..."AB

cereja disse...

O caso Profumo tem (teve) outros contornos. Tem de se situar durante a guerra fria, e não foi 'apenas' um senhor ser ministro da defesa e andar metido com uma prostituta - de luxo, mas...
O importante ali foi a senhora dividir os seus favores entre o tal ministro e um militar soviético. É mais complicado, pelo menos na aparência do que o Clinton com a Levinski.
Está bem apanhado a 'recuperação' do Salazar de puríssimo asceta a pessoa mais normal. Claro, muito relativamente!
De resto o puritanismo americano é conhecido.

Anónimo disse...

Por isso eu disse depende...todos os casos são diferentes e todos se referem à "vida pessoal" das figuras politicas.Até o caso Sarkosy não passaria de um Fait-divers se, por exemplo ,já na altura das eleições os socialistas não tivessem ido para a porta da sala Playel berrar "Oú est Madame Sarkosy?"Edificante em termos politicos não foi...AB

cereja disse...

Afinal o tiro não saiu pela culatra, a propaganda valeu.
Será que este é menos mau do que os terríveis gémeos...? Nem sei, as variantes não são grandes.