terça-feira, outubro 09, 2007

Publicitários zangados (?)

A publicidade italiana é conhecida pelo seu gosto de provocação. Ficaram famosos os anúncios da Benetton. Anti-racistas e propositadamente chocantes, chegaram a todo o lado.
Agora parece ser a vez da
Dolce & Gabbana .
Lá nos idos de Março, parece-me que em Itália foi proibida uma publicidade de
Dolce & Gabbana. Já tinha havido algum incómodo quando, para a campanha de Inverno, se tinham inspirado na Era Napoleónica onde se viam lutas de mulheres com facas e homens feridos à bala…Os ingleses não gostaram, declarando ser uma apologia à violência.
Depois disso, para a campanha da Primavera calculo eu, os publicitários da «griffe» conceberam um anúncio de uns homens rodeando uma mulher no chão e segurando-a pelos pulsos. Como na Itália existe um Instituto de Autodisciplina Publicitária, ele considerou que aquilo ‘ofendia a dignidade da mulher’ e, de facto, parece-me de mau gosto. Saiu.

Como esta censura lhes caiu mal, decidiram cair noutro extremo.

Desta vez, na nova campanha, vê-se «um homem deitado no chão com uma cobra, admirado por 3 rapazes», uma campanha com imagens gay. E, além disso, noutra imagem, a mulher aparece no papel de dominadora.

Parece um desafio, do tipo «
Ai é? Assim é feio? E o oposto já gostam?»
Vamos esperar para ver, mas a atitude parece um tanto infantil…

10 comentários:

Anónimo disse...

Se a imagem é a que aqui está, a diferença entre uma violação e esta cena não é nada clara...
Que estupidez!
Cá por mim, se tivesse dinheiro para isso (lol!!!) com esta publicidade ia logo para outro estilista.

Anónimo disse...

O problema é que os publicitarios não inventam nada.Ou seja para quem acha o contrário:dão forma(e a forma é que pode ser mais ou menos criativa)a tendencias que os estudos de mercado com numeros justificam.Se virmos bem quantos filmes e series aparecem exactamente com estes contornos?Mulheres dominadoras ou dominadas e claro,ambientes não tão assumidamente gays qt.isso(o estereotipo passou do "frágil"efeminado para uma estética diferente)mas onde a tónica é quási psicanalitica e aí por acaso bastante primária-a cobra -pecado original.Esta estetica pessoalmente não me diz nada mas tb.já me diziam pouco as "barbarellas"percursoras deste, chamemos-lhe assim, modelo.E mais uma vez a publicidade do Toscani não tem nada a ver com isto(Benetton).AB

josé palmeiro disse...

Mais uma vez, as sábias palavras da AB, ela que é uma especialista e que ainda por cima, defende valores semelhantes aos nossos e dos nossos pares, são exemplares. Perante as tuas interrogações, as suas explicações são-me suficientes, nada mais tenho a acrescentar a não ser, sublinhar a clareza da sua exposição.

josé palmeiro disse...

Reforço a ideia que expressa, relativa à publicidade feita por Toscani para a Benetton.

Anónimo disse...

Pela amostra, se era isto, com franqueza...passo!

Anónimo disse...

Posso dizer uma coisa?
Escuso de dizer que isto não é «graxa», mas aqui no Pópulo, mesmo quando são coisas engraçadas, aprendemos alguma coisa.
Este post é mesmo um exemplo disso, quer o que disseste, quer o comentário da AB.

Anónimo disse...

Obrigada,gente pela parte que me toca.Resta acrescentar outra coisa:a Itália teve um movimento feminista forte diferente da matriz do dos EUA e tem ainda gente com essa formação(depois vieram pós-feminismos)em organismos reguladores que funcionam.Em Portugal nem essa vertente foi expressiva, como os organismos reguladores estão infestados de "donos"de agencias, a exemplo do que aconteceu no pós 25 de Abril ,qd. se tentou criar um sindicato dos públicitários e quem liderava reuniões...eram directores de agencia. Era gente de esquerda?Era. Mas patrão é patrão não?AB

cereja disse...

É engraçado como isto é um tema que interessa sempre quase toda a gente.
Pois, AB, o que o povinho vai vendo é a ponta do iceberg, imagino que o mundo da publicidade tenha dimensões que nem imaginamos. E move valores enormes também, pelo que se consegue aperceber - económicos e de poder.
Quanto a isso dos patrões (mesmo de esquerda) entrarem em sindicatos, essa é o suco do sumo...

Anónimo disse...

E move trabalho escravo muitas vezes 24 horas sobre 24.E não estou a falar não se "despir"o trabalho qd.se chega a casa.Estou a falar mão de obra ,ali, durante noites e noites seguidas.Com a informática houve coisas que mudaram...porque ao contrário dos humanos às máquinas têm de se reconhecer limites.Empancam...e não serve de nada serem ameaçadas de despedimento.AB

josé palmeiro disse...

AB, lembraste-me um amigo, mais velho, o Zagalo, que já homem feito, emigrou para os EUA. Torneiro mecânnico de excelente qualidade, tinha para além disso uma grande virtude. Habituado a oficinas de pequeníssima dimensão, viu-se metido em grandes "usinas", com muitos tornos, sempre todos a trabalhar, nesse mesmo trabalho que ilustras. Pois bem, o amigo Zagalo, alentejano de boa cêpa, arranjou forma de, por vezes, fazer parar tudo e ter assim tempo para descansar, bem como todos os seus colegas. Como era ele o autor da proeza, só ele a poderia desbloquear, ficando depois com os louros de uma intervenção salvadora. Era óptimo a colocar a pedra na engrenagem. Um abraço para ele, lá por onde andar.