segunda-feira, outubro 29, 2007

Pior em relação a quê?

Mais um estudo que vai dar que falar.
Este, parece concluir que:
«Três em cada quatro pessoas inquiridas entendem que a administração pública funciona "pior" ou "muito pior" do que o sector privado»
Arrasador.

Mas não nos dão o termo de comparação. Pior do que quê?
Se saltarmos para o final da notícia está lá que «
muitos dos cidadãos reconhecem que estão "cada vez mais irritadiços com tudo e também com o Estado". Por outro lado, os inquiridos dizem-se "cada vez mais exigentes" com os serviços públicos, o que acaba por influenciar a opinião que têm sobre o seu funcionamento».
Bem, isto já nos diz alguma coisa. Até porque é sem dúvida verdade.
Mas quando eu encalhei com a palavra ‘pior’ é porque sendo uma comparação que parece elogiar o que é privado sem mais nada, escancara a porta ao que se poderá pensar que seja a «privatização» do que ainda não está privatizado.

Olhando de uma forma geral o que é que se pode comparar? os transportes públicos com os transportes privados, a polícia pública com a polícia privada, as repartições públicas com as repartições privadas? Só vejo que se possa comparar entre privado e público as áreas da educação e da saúde.

E é certo que no famoso ranking das escolas, as melhores são escolas privadas e creio também que se formos comparar hospitais e clínicas se chegaria à mesma conclusão. E porque será?... Quem trabalha num e noutro local é feito de massa diferente? Não? Então seria interessante que, depois deste inquérito, se lançasse um estudo para analisar os motivos porque esses sectores (saúde e educação) privados têm melhor imagem junto do público.
E depois dessa análise, «corrigir o tiro»…

11 comentários:

josé palmeiro disse...

Estou neste momento ligado à TSF onde o forum "Opinião Pública" está a ser bastante bem escalpelizada por um convidado que não recordo o nome. De qualquer maneira o estudo é como dizes falacioso e não adianto mais nada. Eu que pago impostos, exijo uma boa administração pública e não tenho queixas dos funcionários, se algumas terei, são direcçionadas às chefias que são demasiadamente partidarizadas.

Anónimo disse...

Já li os posts de cima, e tal como a Emiéle estive sem net parte da manhã, pelo que só agora aqui cheguei.
É uma daquelas coisas: casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão.
As pessoas são mal servidas.
Indiscutível.
A solução é privatizar?
O que é que faz um patrão no privado que um chefe na pública não possa fazer?...
Como disse o Zé, as chefias estão tão partidarizadas que até doi! (isto digo eu!) E sempre que muda o governo muda tudo por ali abaixo, para encaixar as pessoas «de confiança». Assim, nunca mais lá vamos.

Anónimo disse...

Experimentem os bancos...

josé palmeiro disse...

Boa, FJ. Bem lembrado.

Anónimo disse...

...e destas que desanimam.
Comecei a ler por cima, devia ter feito às avessas.
:)
De qualquer modo, quem se lixa é fatalmente o mexilhão. Nada a fazer.

Anónimo disse...

Olha, para mim é essa a questão: afinal compara-se com quê? É certo que toda a gente passa por um momento de irritação com certos atendimentos, mas também quem é que não os teve com outros «privados»?!! Para não ir mais longe a TVCabo, por exemplo. Somos bem atendidos? e os operadores de telemóveis que só nos querem impingir outros modelos ou outras assinaturas? e os servidores de net? E as tais vendas agressivas que quase nem se conseguem evitar? e até certas lojas que muitas vezes esperamos horas até nos virem atender. Até parece que se por magia «desaparecesse» a F.P. tudo ficava cor-de-rosa.

Anónimo disse...

Temos realmente a mania de ver tudo a preto e branco.
Sem querer desculpar o sistema de saúde (que bate todos os recordes de mau atendimento) mas já agora, precisei de marcar uma consulta num especialista, privado e caro, e só consegui consulta dentro de 3 semanas, nem mais!!!!
E vou pagar uma nota preta!

Anónimo disse...

Pois pois, estudos e tal... No meu ponto de vista, o que falha e muito no público em relação ao privado é a mentalidade da maioria das pessoas que lá trabalham... se calhar porque em anos e anos as pessoas meteram na "cabecinha" que quem entrava no público, entrava no céu e que a partir daí não precisa de fazer muito... Olha porque tinha arranjado um trabalho "para vidinha toda"... enquanto que no privado isso não acontece, porque as pessoas sabem que hó produzem ou vão dar uma voltinha... depois contratam-se pessoas porque são primas daquele ou do outro e não porque têm um perfil indicado para o cargo... e depois e obvio que as coisas estejam nesta situação... enfim apesar de que as coisas já começam a mudar, ainda bem...
Tirem lá as vossas conclusões...
Eu deveria estar aqui a dizer estas coisas, porque ainda vão pensar que tenho alguma coisa contra à FP... quando não é isso, apenas gosto de ser realista...

cereja disse...

Quintal, apesar de estar correcto aqui há uns tempos essa visão já não é bem assim para o maralhal miúdo, até porque as admissões estão congeladas há bastante tempo e, pelo contrário, o que agora 'está na moda' é ameaçar ( e fazer) mandar os trabalhadores para as listas de disponíveis, o que na prática acaba por ser serem despedidos na mesma mas sem qualquer indemnização; enquanto um quadro de uma empresa quando sai, isso é muitas vezes negociado.
Não quero dizer que não exista muita incompetência na FP, e o complicado é que há tanto medo que neste momento são eles os maiores críticos havendo muito pouca união e muita rivalidade.

Anónimo disse...

Emiele. Tem toda a razão nisso... por isso é que referi, "enfim apesar de que as coisas já começam a mudar, ainda bem..."
Apenas acho que se devia mudar esta ideia que nós Portugueses (grande parte), tem da nossa FP... Quando critico a FP é pelo simples facto de achar que esta "barreira", existente entre as "duas partes" deve ser quebrada... Para que isso aconteça será necessário mudar algumas situações...

cereja disse...

Certo Quintal, aliás ficaria constrangida se algum dos leitores que por aqui passam não se sentisse bem a discordar de mim (o que até nem foi o caso)
Claro que tem razão.
E, claro, também, que uma grande parte de quem trabalha na FP sente esse peso do que se pensa sobre eles. Isto tem de levar uma graaande volta.