quarta-feira, outubro 31, 2007

Geração quê?

Não tem nada que saber. Desde sempre que as gerações mais velhas olham para as mais novas de um modo crítico.
Sempre assim foi.
Os nossos bisavós achavam que os nossos avós eram uns estoira-vergas, os nossos avós criticavam os nossos pais por serem uns jovens irresponsáveis, os nossos pais lamentavam que nós não tivéssemos mais juízo, e nós, mais velhos, olhamos para os mais novos franzindo o sobrolho…
E sem se ver que afinal a história se repete e somos sempre os mesmos em diferentes contextos.
Há uns anos surgiu a classificação de «geração rasca» para criticar a actual geração, e infelizmente, em muitos casos, a coisa «pegou». A maioria das pessoas, creio eu, criticou a expressão e a ideia que ela contêm, mas … afinal lá no intimo ainda se pensa que muitos jovens têm valores ‘piores’ do que os dos seus pais.

Anteontem à noite tocou o meu telefone. Uma voz de rapariga, que se percebia ser muito jovem, perguntou-me se era a Emiéle, assim sem apelido nem nada. Receosa, sem saber o que viria dali, confirmei. Então ela, risonha, diz-me que tinha encontrado a minha agenda. Era verdade. eu tinha procurado por todo o lado, tinha despejado a carteira, revirado a casa, e não tinha encontrado a minha agenda. Não me sentia bem desesperada, porque ainda tinha esperança de a ter deixado noutro lado, os telefones dessa agenda também existiam num livrinho-de-telefones, antiquíssimo, e as marcações de actividades para os próximos dias estavam bem recordadas.
Contudo tinha lá alguns cheques e, de qualquer modo, era uma chatice perder a agenda.
Aquela menina, tinha-a encontrado na rua, apanhou-a, viu o meu nome e telefone, e deu-se ao trabalho de me ligar para a devolver! Marcámos encontro para ontem, numa paragem de autocarro, descrevendo o que íamos vestir para sermos reconhecidas. E conheci-a, uma jovenzinha de uns 15 anos, alegre, engraçada, risonha, vestida com o uniforme da sua idade e que se deu ao trabalho de ir ao encontro de uma completa estranha para a ajudar.
Tem a ver com ‘gerações’?

Tem a ver é com o carácter, e com o civismo.
Obrigada, «Sandra Vanessa».

9 comentários:

Farpas disse...

Nem mais! Não podia estar mais de acordo!

cereja disse...

Olha!!!
Bom Dia Farpas!
Aliás basta-me pensar em ti, para ver o lado bom da tua geração...

Anónimo disse...

Pois é. O mal de todas as generalizações...
Evidentemente que há padrões que se encontram mais numa geração do que noutra, mas classificar em bloco toda uma faixa de idade e sobretudo pela negativa.... diz muito é de quem pensa assim.

Anónimo disse...

... e parabéns pela recuperação. Tinha também cartões?

josé palmeiro disse...

Gosto mesmo desta "geração". Tenho três da anterior se bem que a última está na transição para esta, e são uma maravilha.
Há de tudo nas gerações como dizes, mas as percentagens, alteram-se. Tu, calhaste com 100%, ainda bem, só há que multiplicar e isso, está nas nossas mãos.

Anónimo disse...

Como disse a 'Joana' o mal é generalizar! Há de tudo, em todo o lado. Há tipos da «minha colheita» que são do piorio. Vejam a geração que está hoje no poder? Rasca? É pouco!
A tua menina foi um amor, e ainda bem.

Anónimo disse...

Se a fama do Vicente Jorge Silva se devesse só a esta maldita frase,estava feito.Ainda por cima tem 3 filhos qual deles o melhor e bem diferentes de idade entre si.AB

Anónimo disse...

Mas espera aí:o que é que tu ainda não perdeste?AB

cereja disse...

Ai, ABzinha, tudo! Muitas vezes a paciência, a cabeça, etc.
A boa notícia é que tal como a agenda, acabo sempre por as encontrar...