sábado, outubro 20, 2007

A Dor

É um fenómeno fascinante.
A natureza, maquiavelicamente, dispôs as coisas de modo a que a dor possa ser algo de benéfico e algo de infernal.
Diz quem sabe, que sentir dor é «um cinto de salvação» - é por doer que não se cometem certas acções que podem por a vida em perigo. Um dos episódios do Dr. House que vi recentemente tratava o caso de uma doente que não sentia dores e como tal não se defendia de situações gravíssimas.
Mas o que é demais, é demais.
Existem doenças particularmente dolorosas, onde esse sofrimento é ‘inútil’ digamos assim, nem o organismo nem a ciência precisam dele para se conhecer a doença, e é inútil sobretudo em casos de ‘dor crónica’.
E assim existe uma «Consulta da Dor» em muitos locais, Hospitais e Centros de Saúde, mas ainda de um modo muito incipiente e necessitando de maior desenvolvimento. Como em quase tudo, na nossa terra há «poucos recursos e comparticipação insuficiente» além de que também «Portugal em termos de legislação na matéria é dos melhores países. O problema, diz “é passar à prática”» (onde é que já se ouviu isto…?).
Depois vem o absurdo: como os analgésicos têm pouca participação, os doentes começam a tomar anti-inflamatórios sem necessidade, apenas por estes terem uma comparticipação maior…

Estamos na Semana Europeia Contra a Dor. Vai ser dedicada à mulher. Este ano esteve-se mais atento à dor nos idosos e no ano passado foi dedicada às crianças.
Uma frase importante a terminar:
Dor é sempre que o doente diz que dói. Só os podemos tratar se acreditarmos neles, mesmo que não se encontre a causa para as suas queixas”.
Assim fala um técnico que sabe ser humano.

6 comentários:

Anónimo disse...

Importantíssima, esta tua lembrança. Como dizes, começa a dr-se alguma importância à DÔR, mas ainda é insipiente, aguardemos.
Mas é tão grande a nossa dôr!!!

Anónimo disse...

é muito interessante reflectirmos nisso.
Tal como o medo, realmente a dor em doses razoáveis, é útil. O grave é o não se conseguir 'travar' quando ela toma o freio nos dentes.
Só não gostei dessa de que as mulheres têm mais dores por motivos culturais, etc... Ah, os homens não têm??? E a velha piada de que se os filhos nascessem alternadamente da mãe e do pai nunca havia mais de 3, porque a mãe ainda tinha o segundo mas o pai já se recusava?.... :))

Anónimo disse...

Gostei de ouvir um médico dizer “Dor é sempre que o doente diz que dói.

É raro. Tantas vezes que somos ouvidos com impaciência, e pensamos cá para nós «se fosse contigo não estavas tão bem disposto!»

Anónimo disse...

Esperemos bem que estas consultas se divulguem mais. Não é apenas a oncologia que precisa disso.(apesar de precisar imenso, é claro!)

cereja disse...

Realmente só podemos fazer votos para que haja consultas destas em todo o sítio onde for preciso.
Eu, hoje acabei por escrever mais uma coisa mais ou menos dentro do tema.
É que há dores «inteligentes»...

Anónimo disse...

Bem, de qualquer forma espero que chege também a nossa semana!
Quem não for velhinho, nem criança, nem mulher não tem direito a uma semana?... Tá mal!