sábado, setembro 22, 2007

Exageros

Para quem pensa que as regras anti-tabágicas estão a ser muito fortes em Portugal, aqui vai uma história:
Um casal foi a Inglaterra. Vivem na Dinamarca onde também há regras anti-tabaco, mas são os dois fumadores. Estiveram toda a semana em trabalho mas no fim-de-semana decidiram conhecer outra cidade próxima e alugaram via net, um quarto numa pensão «bed and breakfast», casa pequena com meia dúzia de quartos.
Chegaram, deixaram as malas no quarto e foram conhecer a cidade. Regressaram bastante cansados e foram para a cama cedíssimo. Mas antes de se deitar, ele apetece-lhe fumar um cigarro. A mulher avisa-o de que está ali um letreiro proibindo fumar no quarto mas ele insiste – de janela aberta, fuma o cigarro e desfaz-se da beata. Deitam-se.
Quase duas horas depois acordam sobressaltados com um barulho ensurdecedor. Saltam da cama, vestem-se de qualquer maneira, encontram-se no corredor com os outros seis hóspedes também assarapantados e fogem todos para a rua.
A dona-da-casa apareceu e desligou o detector. Enquanto eles esperavam na rua a senhora dá uma volta a todos os quartos e regressa a dizer que está tudo em ordem, devia ter sido um falso alarme, e desfaz-se em desculpas. Ora, enquanto esperavam na rua, os meus amigos dinamarqueses tinham acendido um cigarro que apagaram quando voltaram a entrar em casa. Entram no quarto e preparavam-se para voltar para a cama quando ouvem umas violentas pancadas na porta, e deparam com a senhoria que lhes atira «Estiveram a fumar no quarto?…» O ‘culpado’ pensando que não seria grande crime, confessou «Sim, um cigarro, à janela, e já foi há 2 horas…»
Com esta frase a mulher tornou-se numa fúria «RUA! Façam as malas e saiam IMEDIATAMENTE!» Karl, que é tipo pachorrento, responde «A estas horas? Mas que ideia… Se quiser multe-nos, mas não saímos agora!» resposta que fez a criatura dar meia volta, descer as escadas e levantar o telefone. A minha amiga, que tinha ido atrás dela, pergunta-lhe «Mas o que está a fazer?» «A chamar a polícia. Vocês invadiram a minha casa e vou mandar prendê-los
Conclusão, fizeram mesmo as malas à meia-noite e acabaram num hotel caríssimo, o único onde havia quarto.
À saída, o culpado ainda lhe atirou «Olhe que deve mandar consertar esse detector. Se leva duas horas a dar sinal, da próxima vez que tiver um incêndio quando cá chegar só vai encontrar cinzas…»

9 comentários:

Anónimo disse...

:))
Boa história!
Realmente quando se entra na senda do fundamentalismo, vai tudo à frente!
A resposta do teu amigo é formidável...

Anónimo disse...

Estava a ler e só me lembrava do anúncio dos Gatos sobre os detectores!!!!!!

josé palmeiro disse...

Eu, já fumei.
Quando os meus filhos eram crianças, e se detectou a asma, em todos eles, a mãe também tem esse historial, numa das várias consultas tive um médico que me perguntou se eu fumava. Perante a resposta positiva, aconselhou-me a não fumar em casa, que viesse para a janela ou para a rua, fumar. Como gosto de estar com as pessoas, achei a ideia absurda e resolvi deixar de fumar. Umas dezenas de anos depois, fui eu que adoeci com os meus problemas e uma das razões porque os tratamentos resultaram em êxito, foi o não fumar, o grande responsável.
Dito isto, e perante o que contas, compreendo as duas partes, mas não estou de acordo com o exagero, que neste caso chamaria desumanidade, pois não se põe uma pessoa na rua, só porque teve a coragem de assumir ter fumado, há duas horas, porque se o detector disparou, com essa temporização(?), eu levo mais para outro hóspede que não teve a coragem de assumir a sua falta e que provavelmente fumou dentro do quarto.
Deixo, contudo, um conselho: "Não fumem, ou façam-no o menos possível, tendo sempre em conta, os outros."

Anónimo disse...

Luteranos,mas não penses que não chegamos lá...só que latinos temos uma tendencia para transgredir,graças aos deuses.AB

Anónimo disse...

No caso dos ingleses anglicanos,claro.AB

Anónimo disse...

O meu marido que é fumador sempre gostava de estar relaxado, fumando o seu cigarro, bebendo um café, após as refeições. Na NL tb só se pode fumar na rua, em casa ou em alguns cafés e restaurantes (mas querem mudar isso, a hotelaria têm-se oposto porque fumadores são bons clientes, dizem eles). Até agora as medidas têm sido aceitáveis e compreensíveis, só que entretanto já atingiram um ponto ridículo, no cais das estações de comboio. Aí, portanto ao relento, foram colocados uns pilares-cinzeiros, em determinados pontos do cais, onde há mais vento, não vá a aragem levar algum fumo para os outros passageiros. Acho isto um tanto ridículo e hipócrita, qdo o estado vive dos imensos impostos do tabaco, cada maço custa 4,80 e vai passar para 5,10. Se todos parassem iriam sofrer no orçamento. Além disso, os carros e as centrais de electricidade poluem mais do que fumar num cais...

Anónimo disse...

Quanto a isto do tabaco acho muito bem, é até pouco.

cereja disse...

Já sabia a tua opinião FJ. Saber eu que em tempos fumaste e agora deu-te com tanta força!!! Pelo que sei, creio que mesmo que vás na rua se apanhas com o fumo do senhor da frente ficas enjoado...
:))))

cereja disse...

Ah, cliquei para entrar antes de acabar as respostas aos outros.
King, sabes que me aconteceu o mesmo? Só me lembrava de ouvir « Foi o detector! Qual detector?!!»
Zé, já uma vez tinhas contado a tua história, e creio que há por aí muitos e muitos ex-fumadores com situações muito semelhantes.
Pois é AB, a nossa tendência para a transgressão é conhecida. O giro, nesta história é que quem estava a querer acatar as normas era ela que é portuguesa, quem não se ralou foi o dinamarquês!