Chinatown em Lisboa
Não me surpreende.
A verdade é que primeiro «as lojas dos trezentos» e em seguida «as lojas dos chineses» com produtos muito mais baratos e a sua ‘apresentação’ especial agradam a quem tem pouco dinheiro mas foi mordido pelo bicho do consumismo, mas desagradam fortemente a quem sente uma forte concorrência logo ali à sua porta e também a quem zela pelo aspecto e boa aparência do comércio em zonas mais elegantes.
Nasceu então a ideia de juntar o comércio chinês num gueto uma chinatown à nossa maneira.
Esta cena passa-se no Chiado, e é curioso a referência xenófoba especial aos chineses quando conheço lá várias «loja de trezentos» que não vi referidas com nenhuma proposta de passar para uma «trezentostown».
Que se aplique a legislação e exija horários idênticos às outras lojas, é normal. Mas esta ideia da segregação é, pelo menos, estranha.
Imagino, se alastrar a outros bairros…! E a outras lojas como os «Minipreços» por exemplo. Porque se a face do comércio em Lisboa está a mudar como se pode ler nesta belíssima crónica, também muitos dos nossos hábitos não têm a ver com a frequência de lojas de luxo e muitas vezes já nem com o comércio tradicional.
O certo é que o Chiado tem um Centro Comercial e todos acham bem, que eu saiba.
6 comentários:
Este post tem que ler! É que para seguirmos os links e ler tudo fico para aqui um tempão!!!
Por um lado é evidente que o Chiado, ou Baixa-Chiado como agora se diz tem de ser preservado. Andou-se quase 20 anos a reconstrui-lo depois do incêndio, convém que fique bem apesar de (cof...cof... ) nem sempre as soluções terem sido as melhores. E naturalmente que espaços comerciais (como agora se diz em vez de lojas) abandalhados, são de evitar. Realmente as lojas dos chineses são como eles, multiplicam-se, abrem de um dia para o outro e também fecham de um dia para o outro... Para o ritmo de trabalho português que acha que as coisas são para «se irem fazendo» isso deve perturbar! Eu já vivi no oriente e sei como as coisas são e como é o ritmo de trabalho deles.
A solução radical da Chinatown no Martim Moniz ou lá onde é, não tem mesmo pés nem cabeça. Aliás eles já lá estão. Mas serem escorraçados para lá só pode ser contra a lei.
Que mais não fosse este post valia por nos remeteres para o texto da Matilde Ramalho no «Tempo das Cerejas». Vou pouco a esse blog por ser tão PC (de um modo geral fujo dos blogs excessivamente partidários...) mas quer esta quer a outra 'crónica' dela, são muito bem escritas!
Quanto a esta 'invasão chinesa', não acho que seja este o caminho.
Eu acho que se deveria manter a traça original dos edifícios.Posto isto, o tipo de lojas que se encontram na baixa é-me um pco indiferente. A ideia de comércio tradicional há muito que não se pode aplicar à baixa lisboeta.Como a Emiele disse há o centro-comercial,mas ainda há a Zara, Springfield, Benetton, H&M, etc..
Exactamente, ilha_man, é de um romantismo irrealista falar em «comércio tradicional» na Baixa. As lojas mais antigas que lá vejo são as ourivesarias, e vá lá, uma ou outra sapataria... de resto foi tudo à vida, e o que se vê são uns franchisings ou coisas do tipo.
Mary, ainda bem que gostaste do texto da Matilde, fiz o link exactamente para chamar a atenção...
Joaninha, também andei pelo Oriente, e a capacidade de trabalho daquela gente não tem nada a ver com aquilo que se vê no resto do Mundo.
Já vi para aí, por essa blogosfera, uma inundação de observações ao caso. Claro que a Zezinha meteu a pata na poça, como é óbvio.
este teu post foge à tangente ao comentário político e 'amanda-nos' com a crónica da Matilde Ramalho que é a tal cereja - até parece mais uma das lanterninhas encarnadas dessa loja que está na fotografia.
(nem todas são tão bonitinhas...)
A mim só me aflige o facto de se falar em ghetização, e leis diferentes. Nada me move contra as lojas, sejam elas de quem forem, sou livre, só lá vou se quiser, agora que tenham privilégios, que pratiquem horários de trabalho diferenciados dos demais, isso, não concordo, tal como a solução "Martin Moniztown", que seria um absurdo.
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