Transumância

Não há que enganar.
Quando chegamos a esta altura do ano Lisboa muda de cara (falo de Lisboa que é a minha terra e conheço bem, deve acontecer o mesmo por todo o lado).
Isto tem algumas facetas muito boas, tal como haver muito menos trânsito, e os transportes públicos terem bastantes lugares. Aliás essa alteração foi quase de um dia para o outro, bastou terem acabado as aulas! Até os centros comerciais têm menos gente, compram-se bilhetes para cinema sem a menor fila de espera, e temos lugar sentado nos restaurantes económicos.
Tudo isto porque os autóctones, os tais lisboetas, sumiram-se para outras paragens.
Por outro lado, encontramos as esplanadas cheias de pessoas vestidas de calções e com chapelinhos de pano na cabeça, armadas de óculos de sol e besuntadas de protector solar – os turistas. Muitas vezes abordam-nos querendo saber como se vai para determinado sítio, informação que, muitas vezes, mesmo na nossa língua materna é difícil de dar… Ficamos vexados, não querendo fazer má figura e lá se faz um desenho, ou recomenda-se que vá andando até determinado sítio e lá pergunte de novo. É que de um modo geral somos hospitaleiros, não é?
Balanço feito, a cidade acaba por ter o mesmo racio, a manada população é que mudou. Ao passar na Baixa e ouvindo as conversas de quem por lá anda, pensamos que não fomos ao estrangeiro, mas ‘o estrangeiro’ é que veio cá.
Compensações.