quarta-feira, julho 18, 2007

Os manuais escolares

Tema para mangas, este dos manuais escolares.
Muito se tem discutido, aparecem imensas ideias e, claro, os jogos de interesses por detrás das editoras são vastíssimos. A verdade é que numa terra onde não se vendem assim tantos livros como isso, este mercado é garantido e há que o explorar ao máximo!
Bem, parece que vem aí uma regulamentação. Aleluia!
Os manuais passam a ter um período de seis anos, e há regras sobre os materiais tendo em vista a sua reutilização, redução do peso e custo final. Parecem boas notícias.
Fala-se também que dentro de 3 anos podem vir a ser gratuitos para as famílias carenciadas. Claro que aí teremos de saber como se vai provar a «carência» de modo à aplicação ser justa, mas daqui até lá logo se vê.
Talvez já nem existam famílias carenciadas dentro de 3 anos, já pensaram…?

12 comentários:

josé palmeiro disse...

Actualíssimas e certeiras, as tuas considerações.
Tem sido um maná, para os livreiros, os livros escolares. Há tanto, tanto tempo que se fala nisso, mas já deve ter havido alguma fuga na lei, que permita, durante esses seis anos de vida, dos manuais, eles perecerem, a tempo de se terem de comprar outros, ou então, como já acontece em alguns, a possibilidade de se transformarem em caderno de exercícios, impossibilitando, assim a sua reutilização. Vamos esperar, para ver!

Anónimo disse...

Nãããããooo!!!!
Mesmo antes. Lá para o fim do ano que vem já acabaram as «famílias carenciadas»
Palpita-me é que estaremos todos carenciados, com a excepção dos que estarão cada vez mais abastados.

Anónimo disse...

Só uma experiência pessoal: o projecto BE sobre esta matéria, que teve uma forte colaboração minha, foi aprovado, embora «temperado» nalguns aspectos de apoio social. Mas nem calculam bem a campanha que as editoras desencadearam, de ameaça a insultos. Vi bem o que aquilo deve ser.

Anónimo disse...

Muito oportuno este post!
E bons comentários. a verdade é que quando entra dinheiro o «bem público» (mas que é isso?...) volatiliza-se...

Anónimo disse...

Interessante o comentário do FJ. Também imagino as pressões que se deva sofrer nesses casos!
E sei que os professores recebem toneladas de manuais!...(diferentes, é claro, se não até os podiam oferecer aos alunos!

cereja disse...

Também gostei de ler o testemunho do FJ. Acredito que ainda se vão mover muitas forças, que a galinha dos ovos d'oiro das editoras não pode deixar de por ovos.

Anónimo disse...

Sei isso tão bem. (isso é a pressão das editoras) Por motivos familiares tenho alguma ligação ao mundo do ensino e como diz o Raphael os professores recebem ou recebiam catrefadas de exemplares com a pressão de os escolherem para as suas aulas.

tsiwari disse...

Um livro com prazo de validade de seis anos é, em muitos casos, um livro que corre o alto risco de se desactualizar. Cientificamente (há planetas q deixam de o ser, por exemplo!) e mesmo em termos pedagógicos.

Por outro lado, as editoras oferecem os manuais aos professores...porque estes, para serem escolhidos, têm que ser do conhecimento dos professores, que só assim os poderão avaliar, não???

As editoras não são tão más da fita como as pintam...afinal, se não existissem... era o min.edu que fazia o livro único?

cereja disse...

Tsiwari - Ninguém aqui disse que as editoras eram más. Mas são empresas que gerem negócios, como tem de ser. E o negócio do livro anda mau. Como é fácil de ver, em relação aos salários dos portugueses o livro tornou-se um artigo de luxo, se compararmos com outros paises. Veja o custo de um livro brochado em Inglaterra e o salário dos ingleses.
De resto eram as próprias editoras que teriam vantagens em moderar abundância de manuais escolares. nem o «livro único» nem cinquenta livros para a mesma matéria... se alguns professores como aqui foi dito se queixam de receberem demasiados livros é exactamente por isso. Nem têm capacidade de avaliar convenientemente a oferta quando ela é demasiada!
Em relação à desactualização - não sei se 6 anos é muito ou pouco. Há matérias onde de ano para ano pode haver desactualizações, outras onde não imagino que actualizações possa haver. De resto é função do professor, esse sim estar actualizado, e chamar a atenção dos alunos para «a novidade» que surgiu e até ultrapassa o que vem no livro. é que ssa do planeta novo, desculpe lá mas não acontece todos os anos!!!!

saltapocinhas disse...

os manuais escolares já são grátis para as familias carenciadas há mais de 20 anos!!!
o que às vezes gera problemas é saber quem é carenciado!

saltapocinhas disse...

tenho de começar a ler os comentários antes de escrever o meu, já que normalmente venho fechar o tasco :)
todos têm razão, mas a tsiwari é a que tem mais: a maior parte dos manuais não é reutilizável e 6 aqnos é muito tempo.
As editoras não são santas mas também não são bichos papões e até ganham mais dinheiro se os livros não mudarem pois já sabem com o que contam sem gastos adicionais.

Há 2 anos tive 3 alunos muito pobres que não pediram subsidio nem tinham dinheiro para os livros. Mandei um mail à porto editora expondo esse caso.
Sem quaisquer perguntas, enviaram-me gratuitamente (nem os portes paguei) os livros para esses alunos.

cereja disse...

Saltapocinhas, tens razão na tua perspectiva, mas repara que não se está a falar apenas no 1º ciclo. Nos manuais para alunos mais maduros e adiantados não faz sentido serem para se «escrever» neles, portanto podem bem ser reutilizados! Aliás no meu tempo «herdávamos» os livros dos irmãos mais velhos e vários irmãos poderiam estudar com o mesmo manual...
De resto, como respondi acima, os seis anos podem ser muito em certas matérias mas não o serem noutras. Isso devia ser estudado caso a caso.