terça-feira, julho 17, 2007

O lixo

Começou por ser surpresa para mim, mas fiquei logo com a pulga atrás da orelha quando, nesta recente luta para a Câmara de Lisboa, se começou a discutir a privatização do lixo.
Até hoje, sempre que oiço falar em privatizar seja o que for, é porque é negócio que vale a pena. Aliás é natural, nenhuma empresa privada no seu perfeito juízo se bateria por receber seja o que fosse que lhe viesse dar prejuízo, não é?

Ora cá está:
Actualmente, o lixo movimenta cerca de 550 milhões de euros e «as empresas que operam nesta área reclamam o alargamento do espaço de operação aos privados».
Gato escondido com o rabo de fora. Se o lixo de Lisboa é assim um problema tão grande como deram a entender, deve ser porque anda a ser mal gerido, só pode ser. Como podemos continuar a ler, um dos «maiores custos operacionais prende-se com a triagem e separação de produtos recicláveis, que é a maior actividade empregadora de mão-de-obra» daí o interesse em esclarecer bem os cidadãos sobre a reciclagem para o trabalho ir meio feito e diminuir esses custos.
Afinal o lixo não é lixo.


6 comentários:

Anónimo disse...

Amiga, onde é que se viu privatizar ou desnacionalizar algo que não desse lucro? O truque é pôr gente incompetente a gerir essas coisas, provar que estão a dar prejuizo, com esse motivo dizer que não se pode continuar, tátátátá, vem aí no seu cavalo branco o salvador fazer o favor de nos livrar desse problema.
Que querido!
Só generosidade.

josé palmeiro disse...

Tal qual, como dizes. Quanto mais nós fizermos, em relação auma separação conveniente e com a qualidade dos materiais, o melhor possível, maior é o lucro. Lembra-me quando foi implantado o auto-abastecimento, nas gasolineiras. Nós enchemos o depósito, verificamos os peneus e os restantes níveis e depois ainda vamos pagar, a alguém que nos aguarda, sentado no seu cantinho. Óptima forma de constituir fortuna, com o trabalho dos outros.

Farpas disse...

Ahh então não sabiam que a Sociedade Ponto Verde cobra uma taxa a todos os produtores de embalagens para terem lá o símbolo de reciclagem! Imaginem que eu tenho uma padaria e uso sacos tanto de plástico como de papel, e têm aquele simbolozinho verde todo bonito da SPV das duas uma, ou eu paguei mais pelo saco ao meu fornecedor ou comprei ao preço normal e tenho de pagar a taxa directamente à SPV, seja como for é obrigatório pagar a taxa! Ou seja todos pagamos à sociedade ponto verde quer saibamos ou não, para eles fazer a reciclagem!

Anónimo disse...

Não fazia a menor ideia, Farpas!!!
Também queria uma Sociedade Ponto Verde para mim!
Eu até sou do Sporting!!!!

Anónimo disse...

A questão do lixo como fonte de lucro, e de empobrecimento da população stá muito bem colocada.Assim mesmo

cereja disse...

Sabes Farpas que também desconhecia essa espécie de monopólio do «ponto verde».
Obrigada, FJ. :D
Joaninha e Zé - esse é o problema das privatizações, se não forem e sectores que dêm lucro claro que «o privado» também os não quer. A questão é: se dão lucro então porque raio é que o Estado os quer alienar, caramba?...