Crime e castigo
A notícia em si não merece especial relevo. Houve um homem que numa luta com outro o matou.
É gravíssimo, o crime de assassinato é o mais grave que se concebe, mas poderá ter atenuantes. O motivo ter sido tremendo, ser para defender a própria vida, estar em risco a segurança de outras pessoas, a ofensa sofrida ser de uma gravidade desmesurada… Por outro lado, após se ter praticado tal acto, uma pessoa com valores ‘normais’, cai em si e arrepende-se de o ter feito.
O chocante nesta história é a desproporção.
A causa da luta: um tipo vai com a namorada e atiram à menina, do outro lado da rua um piropo de que ele não gosta. Como causa de uma grande luta, tem de se entender que é fraquinha.
Mas o rapaz tinha sangue quente, atravessou a rua e foi pedir explicações, o que é natural. Já o é menos que vá apanhar um pau para agredir quem proferiu o galanteio, afinal não era «tão homem» como isso, de mãos nuas não conseguia o desquite que pretendia. Mas como nem com a tábua ganhasse a luta, vai a um restaurante apanhar uma faca de cozinha e assim consegue matar o galanteador.
A história é triste. Mostra como uma pessoa se pode descontrolar, mostra como se pode matar voluntariamente por uma parvoíce.
Já a sentença é chocante, não apenas pela brevidade da pena, mas por o senhor doutor juiz considerar que aquele homicídio "não teve um motivo torpe ou fútil", e que “a vítima nada fez para evitar a situação” – ou seja «estava a pedi-las» …
Mas o mais chocante para mim, é a atitude do assassino.
«Depois de ouvir a sentença, o rapaz, que está em prisão preventiva, sorriu. No fim da leitura levantou o polegar em sinal de agrado dirigindo-se aos vários amigos que assistiam à audiência» e os amigos corresponderam. “Estás em grande” e “Cinco anos e estás cá fora”.
É possível? Valha-me S. Dostoiewky!
É gravíssimo, o crime de assassinato é o mais grave que se concebe, mas poderá ter atenuantes. O motivo ter sido tremendo, ser para defender a própria vida, estar em risco a segurança de outras pessoas, a ofensa sofrida ser de uma gravidade desmesurada… Por outro lado, após se ter praticado tal acto, uma pessoa com valores ‘normais’, cai em si e arrepende-se de o ter feito.
O chocante nesta história é a desproporção.
A causa da luta: um tipo vai com a namorada e atiram à menina, do outro lado da rua um piropo de que ele não gosta. Como causa de uma grande luta, tem de se entender que é fraquinha.
Mas o rapaz tinha sangue quente, atravessou a rua e foi pedir explicações, o que é natural. Já o é menos que vá apanhar um pau para agredir quem proferiu o galanteio, afinal não era «tão homem» como isso, de mãos nuas não conseguia o desquite que pretendia. Mas como nem com a tábua ganhasse a luta, vai a um restaurante apanhar uma faca de cozinha e assim consegue matar o galanteador.
A história é triste. Mostra como uma pessoa se pode descontrolar, mostra como se pode matar voluntariamente por uma parvoíce.
Já a sentença é chocante, não apenas pela brevidade da pena, mas por o senhor doutor juiz considerar que aquele homicídio "não teve um motivo torpe ou fútil", e que “a vítima nada fez para evitar a situação” – ou seja «estava a pedi-las» …
Mas o mais chocante para mim, é a atitude do assassino.
«Depois de ouvir a sentença, o rapaz, que está em prisão preventiva, sorriu. No fim da leitura levantou o polegar em sinal de agrado dirigindo-se aos vários amigos que assistiam à audiência» e os amigos corresponderam. “Estás em grande” e “Cinco anos e estás cá fora”.
É possível? Valha-me S. Dostoiewky!









11 comentários:
A falta de respeito pela vida humana só tem paralelo na nossa sociedade pelo excesso de respeito pelos bens materiais.
Lembraste-te da senhora idosa que «se apropriou» de um creme numa loja Lidl e a barraca que isso foi...? Meia dúzia de euros!
Mas os os pesos da balança são difentes.
Olá Joaninha!
Cá estamos nós, neste afã diário.
Vamos agora a isto. Nem quero acreditar, no que acabo de ler, é como matar uma galinha. Que justiça é esta? Que gente é esta que aplica esta justiça?
A Joaninha faz uma comparação, que vale a pena, para reflectir. Onde nós estamos e ao que estamos sugeitos!
É caso para dizer, "o crime compensa"!
Desde que me conheço, e em qualquer lugar, faz parte da cultura "trolhista" a arte do piropo. Acho que já aconteceu a todas as mulheres, ir a passar na rua e ouvir, vindo de cima de um andaime, um piropo, ou dois, ....., seja para elogiar ou depreciar. É assim, é como um código de conduta (tal como as praches porque passam os aprendizes) e ai do trolha que deixar escapar a oportunidade de soltar um piropo, de preferência "a arrasar", para provar a sua masculinidade e criatividade.
A verdade é que há 20 anos, os termos e as expressões utilizadas não seriam tão fortes, rondavam o galanteio e a ousadia. Hoje, que vivemos tempos de globalização o vocabulário é utilizado em toda a sua extensão e expressão (não só pelos trolhas, diga-se).
Se ofende alguém, é possível, mas por favor, trolha é trolha e piropo é piropo, e vão andar sempre juntos!
Agora assassinato, é assassinato, e a conclusão de que compensa para salvar a honra do ofendido, é mais próximo dos séculos idos.
Enfim, é nestas pequenas coisas que se vê o grau civilizacional das gentes, é o que há!
Leónidas, pelo que se lê nestes dois links, nem mesmo há ali uma questão de «honra» do ofendido. Alguém dizer que também deseja a pessoa que nos acompanha, mostra é inveja :)) e no fundo lisongeia-nos a dizer que tivemos mais sorte do que ele.
OK, estou a brincar e entendo que pudesse ter havido uma troca de palavras nais forte.
Mas ir buscar uma faca de 15 centímetros, não é um crime premeditado?!!! Se o outro não tinha nenhuma arma, não se estava a defender, estava a atacar como uma besta.
e fica-se a rir..???????
O que é que se pode dizer?....
Só imagino a família do rapaz assassinado a pensar que o assassino ficou a rir (como aí se diz) sentindo todo contente que “Está em grande” e daqui a “Cinco anos e está cá fora”.
Pior que a lei da selva.
... vocês disseram tudo.
Só resta pensar na rapariga que assistiu a esta defesa da sua 'honra'(?!). Terá sido testemunha? Terá tentado deitar água na fervura?
Gui, a faca nem era de 15 cm era de 24 cm!!!
Toda esta história é de arrepiar. Ainda por cima trata-se de um jovem de 21 anos. Quase um miúdo, como o de que falei ontem que aos 16 já tinha cadastro (aliás este também já tinha qualquer coisita na polícia) e fica-se a pensar como é que a vida humana tem tão pouco valor! Porque se o acidente em si foi impressionante e grave, o que sinto como mais grave foi o que escrevi no post, a aparente falta de remorsos do assassino, e a tolerância do juiz que afinal até parece ter achado que aquilo se justificava porque "a vítima nada fez para evitar a situação". O que é que o senhor juiz considerava bem? Se calhar se tivesse fugido nada disto acontecia, ou se tivesse ficado calado, ou se tivesse apanhado e calado. As hipóteses são muitas de a vítima ter «evitado morrer», mas imagine-se que teimou em morrer!!!
De modo que com esta tolerância, este rapazinho com 25 ou 26 anos pode voltar a passear-se com a namorada e quem sabe, a ‘limpar o sebo’ a outra pessoa que lhe desagrade!
Nise, por acaso também pensei o que teria sentido a rapariga. Mas aqui só são as nossas conjecturas. Olha eu cá não me casava com um tipo destes!!! Um dia atira-me pela janela se o jantar está queimado, e o juiz considera que a culpa era minha por ter queimado a refeição.
eu só tinha lido por alto e pensei que teria sido uma luta, o que é mais "desculpável".
Agora assim, ter o sangue frio de ir busacr uma faca, voltar com ela e durante esse tempo todo não se arrepender era de passar muito mais tempo na cadeia!
Neste país em que a justiça a cada passo nos prova a sua incapacidade de julgar autores de crimes graves como este aqui relatado só podemos desejar que está na altura de voltar-mos ao exercício do poder popular. Era a família da vítima contratar alguém disposto a eliminar este sorridente criminoso no dia em que saísse em liberdade da prisão.
Saltapocinhas, esse aspecto de ser uma luta deve ter sido a interpretação do tal juiz, imagino eu. Contudo, se a vítima de início se defendeu - tanto assim que ele primeiro começou por ir buscar uma tábua para o agredir - a narração não é de uma luta 'normal' (?). Aparentemente o outro, que era trolha devia ter muita força, e este não esteve com meias medidas, uma faca de cozinha com quase 25 cm!!!! Mas como disse o que mais me arrepiou foi a boa disposição do tipo. Poderia dizer agora que estava tresloucado, que nem soube o que fazia, qualquer coisa mesmo que fosse mentira. Mas o polegar no ar, e os amigos na galhofa «estás em grande!» deixam-me estarrecida.
Raul, eu tão longe não iria, mas se calhar uma boa sova... de modo a perder a vontade de rir.
Não tem proporção! Mesmo que o rapaz fosse ordinário, ultrapassava tudo!!!
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