Solidariedade entre iguais
Esta cidade, por um lado tem os defeitos das grandes cidades, mas tem aspectos tocantes nalgumas «cenas da vida diária»
Acontece, que eu ando numa maré de azares e tenho tido acidentes atrás de acidentes, que até custa acreditar.
Há poucos dias tive um, muito chato, que não vim aqui a correr contar por achar que era do foro da minha vida privada e não teria interesse para vocês. Aconteceu que, ao preparar-me para fazer um bule de chá, quando tinha a água a ferver em cachão, um solavanco desastrado atira-me para cima do braço que segurava a chaleira com o conteúdo da dita!!! Fiquei portanto queimada do pulso ao cotovelo.
Doeu!
Deixei a água fria da torneira a correr uns 10 minutos sobre a zona queimada, depois experimentei uma «receita caseira» que alguém me tinha dito e era besuntar aquilo com clara de ovo, e... com a água fria e ar livre esperei que a coisa cicatrizasse. E o certo é que isso da clara deve ter resultado, porque não empolou! Mas ficou com um aspecto de fugir como podem imaginar – um braço claramente queimado, repelente, mas que tinha de ficar ao ar (e à vista) para o tecido não se colar à pele.
E estou a chegar ao ponto interessante. Como ando bastante de transportes públicos, desde que apresento esta chaga tão visível, tenho atraído a simpatia de todas as senhoras acima dos 50. Perguntam-me como é que fiz isso, mostram-se muito condoídas e aproveitam para contar outras situações onde as vítimas foram elas. Dá para aqui conversa que não mais acaba.
Ainda ontem à tarde, durante metade do trajecto do 56, a minha vizinha de banco ia insistindo «O pior é a comichão!» e eu a concordar! «Porque na altura dói muito, mas agora que está a secar, faz cá uma comichão…» Pois faz, respondia eu, abanando a cabeça… «A gente nunca diga que está bem!» Ah, isso é! E lá vamos naquela ladainha consoladora, a sentir que afinal 'o mal dos outros' também nos pode ajudar.
Pelo menos a sentir que não estamos sós.
Acontece, que eu ando numa maré de azares e tenho tido acidentes atrás de acidentes, que até custa acreditar.
Há poucos dias tive um, muito chato, que não vim aqui a correr contar por achar que era do foro da minha vida privada e não teria interesse para vocês. Aconteceu que, ao preparar-me para fazer um bule de chá, quando tinha a água a ferver em cachão, um solavanco desastrado atira-me para cima do braço que segurava a chaleira com o conteúdo da dita!!! Fiquei portanto queimada do pulso ao cotovelo.
Doeu!
Deixei a água fria da torneira a correr uns 10 minutos sobre a zona queimada, depois experimentei uma «receita caseira» que alguém me tinha dito e era besuntar aquilo com clara de ovo, e... com a água fria e ar livre esperei que a coisa cicatrizasse. E o certo é que isso da clara deve ter resultado, porque não empolou! Mas ficou com um aspecto de fugir como podem imaginar – um braço claramente queimado, repelente, mas que tinha de ficar ao ar (e à vista) para o tecido não se colar à pele.
E estou a chegar ao ponto interessante. Como ando bastante de transportes públicos, desde que apresento esta chaga tão visível, tenho atraído a simpatia de todas as senhoras acima dos 50. Perguntam-me como é que fiz isso, mostram-se muito condoídas e aproveitam para contar outras situações onde as vítimas foram elas. Dá para aqui conversa que não mais acaba.
Ainda ontem à tarde, durante metade do trajecto do 56, a minha vizinha de banco ia insistindo «O pior é a comichão!» e eu a concordar! «Porque na altura dói muito, mas agora que está a secar, faz cá uma comichão…» Pois faz, respondia eu, abanando a cabeça… «A gente nunca diga que está bem!» Ah, isso é! E lá vamos naquela ladainha consoladora, a sentir que afinal 'o mal dos outros' também nos pode ajudar.
Pelo menos a sentir que não estamos sós.
10 comentários:
Tens razão, então quando se usa com frequência os transportes públicos, aquilo à segunda ou terceira viagem já todos se conhecem. Lembrste-me os meus tempos de Lisboa, em que o elétrico e o autocarro eram os meus habituais meios de locomoção. Mas já que contaste esse teu azar, e que doloroso ele foi, sei-o poque também eu, em pequeno me queimei com água a ferver, num ombro, costas e peito. Eram tempos em que não havia casas de banho, havia uma pia, e os banhos eram tomados num quarto, numa banheira, redonda, de zinco. Eu, tinha-me despido e aguardava a chegada da minha mãe com a água, só que não estava quieto, andava aos saltos e quando a minha mão entrou no quarto, saltei sobre ela e fiquei bastante queimado, por isso compreendo o teu problema da dôr e da comichão, insuportáveis. Quem nunca se desculpou, no meu caso, foi a minha mãe que sempre se culpava, do acontecido. Doía-me mais a consumição dela, que a queimadura.
Andei a fazer a miha ronda dos blogs, e passei por aqui mas displicentemente, porque tinhas dito que ias de férias...!
Mas que férias 'produtivas' (ou é por ser o primeiro dia?)
Ai, tadinha!!!!!
Só de imaginar estou de cabelos em pé! Quando é um salpico já nos doi p'ra caramba, aora uma zona que apanha todo o braço, fogo!!! (desta vez dizer 'fogo' está a propósito!)
Mas é muito giro, esse aspecto das conversas nos transportes. Não por ese motivo, mas também me acontece imenso o «meter-se conversa» e eu dou sempre troco! Como aqui dizes, sobretudo mulheres dos cinquenta e tal em diante têm enorme necessidade de falar!
Ui...
Também tenho uma experiência desse género mas com fogo, mesmo fogo real...logo conto. Agora a água a ferver pá...cruzes! acho que ainda é pior.Espero que a coisa esteja a ficar boa mesmo que com comichão. :-)
Afinal mesmo de 'férias' deu para apareceres!!!
:D
Mas, se calhar este post estava já escrito, de ontem, não?...
Também de sinto solidário que isso deve ter doído p'ra caraças!!! Agua mesmo a gerver e numa extensão tão grande!!
Não são só as «senhoras acima dos 50» que podem ser solidárias, olha lá!!!
A história sendo triste está contada com muita graça. Manter o bom humor já é parte da cura!!!
Mas abri os comentários por que o link da pelavra 'esta cidade' é de uma imagem de Lisboa, incrível!!! Lida. E se clicarmos para a aumentar ainda fica mais linda!
As melhoras! Para queimaduras menores eu uso pasta de dentes! Alivia e não deixa empolar.
Obrigada Méri. Dest vez experimentei essa coisa da clara de ovo, e milagrosamente resultou. Só levantou a pele nos sítios onde rocei por um objecto, e naturalmente que se ressentiu!
De resto, depois disso besuntei com muito creme nívea, daquela da lata azaul, coisa mais corriqueira não há, mas eficiente! Tinham-me aconselhado e é mesmo verdade.
Hoje já começou a perder o tom rosa 'choquingue' e está a ficar acastanhado. Chama a atenção pela extensão mas não é repugnante.
( o pior é que ontem estive cheia de febre... não há nada que não me aconteça, caraças!!!)
Essa solidariedade com a dor alheia é implicimamente uma necessidade de a partilhar, só compreende aquilo por que estamos a passar quem se vê na mesma situação. Mas esse "eu também, aqui à atrasado, uma ocasião...."é espontâneo no país todo, aliás chega mesmo a ser irritante, a propósito de qualquer coisa que alguém esteja a relatar há sempre um que interrompe e conta uma história equivalente ou, só para enfadar o interlocutor, nem tem nada a ver mas refere-se ao sujeito. Mas a situação que mais me irrita é do género......"ahhhh, mas comigo foi pior, até....". Este tipo de comparação também se utiliza pela positiva, por exemplo, quando alguém comenta que comeu um rico bife, muito bom, etc, alguém diz: "Bom, bom, comi eu no sitio tal em data x...., isso sim, era um bife!". Enfim, modos de expressão ou motivos para meter conversa, remexer nas memórias ou "imaginar" um pouco!
E quanto às queimaduras, são ossos do ofício de quem cozinha, não? A mim tb me acontece muito, até arranjei um cacto de Aloé Vera que, esse sim, contou-me uma sujeita que teve uma queimadura terrivel e..........., resumindo, acho que resulta, basta cortar uma "folha" e untar a zona danificada com a seiva.As melhoras Emiele.
Basta estar uns dias sem cá vir e são logo desgraças...
Eu é que te dou sorte, tás a ver...!!!
Também espero que o pior tenha passado. Tal como a Leonidas, irrita-me essa «competição» de ver quem é que tem a coisa pior ou melhor para contar. Assim como um Guiness caseiro. A minha desgraça é pior do que a tua!!!
Contudo o modo como contaste a história parece que desta vez a coisa te divertiu. Antes assim!
Brigada, Brigada, Brigada!!!
(Sinto-me um pouco «Amália» mas não sei dizer de outro modo...)
Isto vai, mas devagarinho...
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