segunda-feira, junho 18, 2007

Na berlinda

Saldanha Sanches deu umas opiniões mais atrevidas e anda por aí nas manchetes dos jornais. Ele atreveu-se a dizer que o rei ia nu, e claro que nem o dito monarca gostou nem aqueles que também afirmavam que os fatos eram muito lindos, podem gostar.
Mas pode haver dúvidas de que
"a presunção de inocência não pode ser explorada para efeitos políticos" ? Parece do mais elementar bom senso.
Assim como as "relações perigosas" entre políticos e MP também só não são mais do domínio público quando se consegue que assim não seja. Assim como não vejo que não se aplauda quando ele diz que «Tudo o que foi publicado pelos jornais a esse respeito é arrepiante. Mas mais arrepiante foi a ausência de reacção a tudo isso»
Exactamente.
Arrepiante é a Lei do Silêncio quando há factos a averiguar. Uma coisa é os media terem cuidado e não falarem demais pondo por vezes em risco certas averiguações por ‘prevenirem’ os futuros acusados a tempo de não se poder depois fazer a acusação. Outra ainda é o «julgamento» prévio, nos jornais ou na TV só porque o reporter no terreno tem opinião e a expressa como um facto, sem ouvir as duas partes.
Mas também o ‘abafar-se notícias’ pode ser um mau trabalho.
E sobretudo, como ele aqui acentua, a tal «presunção de inocência» deverá funcionar e é bom que assim o seja do ponto de vista jurídico. Mas, segundo as suas palavras « se existem fortes indícios de que o autarca se está a locupletar com fundos públicos (e só isso permite a acusação) sem motivos suficientes para ser decidida a prisão preventiva, como pode ser permitido que o suspeito continue em actividade?»

Essa é a dúvida de muitos nós.

7 comentários:

Anónimo disse...

A intervenção dele é brilhante e oportuna. Mas realmente parece-me que não pode ficar por aqui, vai ter que acrescentar factos que se possam provar.

cereja disse...

Tu tens razão, mas eu penso que a questão das «provas» não pode ser ele a dá-las têm de ser os organismos próprios, PJ ou semelhantes, a encontrar as provas. Ele pode apenas citar factos. Se há coisas que dependem de análise de conversas ou de contas bancárias ou coisas dessas terá de ser outro organismo. Ele só pode denunciar, na minha opinião.

josé palmeiro disse...

Foi oportuno teres falado nisto, pois criou-se uma cortina de silêncio impressionante. Concordo co o fj e com o teu comentário, que vem clarificar e completar a ideia inicial. É também a minha opinião.

Anónimo disse...

Vir atrás do Zé Palmeiro tem destas coisas. Já não posso usar a expressão «cortina de silêncio» sob o risco de ser acusada de plágio :)
Mas é como vocês disseram. Tem de se por a nu o que se anda a passar. Nem o oito nem o oitenta, como a Emiéle diz. Muitas vezes, os jornalists tomam partido de um modo tão apaixonado, que influenciam a opinião pública de um modo preverso. Tá mal!
Mas o fechar os olhos a situações no mínimo dúbias, é até anti-democrático.

Anónimo disse...

Eu não lhe chamaria dúvida. POr mim estou convencido de que não deviam estar lá! Ponto final. Basta a suspeita, para incompatibilizar o cargo. No caso de se provar o erro da acusação até vêm a beneficiar do estatuto de mártir o que É BEM ÚTIL.

cereja disse...

Tens razão, King, não será bem uma «dúvida» que eu devia dizer. Também considero que não há cá 'dúvidas' nenhumas de que eticamente a coisa não está certa. Mas pode fazer-se..? pode com certeza, contudo é chocante.
Evidentemente que aceito que levar-se isso ao extremos poderá ser preverso. Pode dar na cabeça de um adversário político acusar alguém da coisa mais aberrante, e com isso 'imobilizá-lo'. Contudo, essas coisas «pagam-se»! Quando se provar que foi uma calúnia e quem a promoveu, vai ser o caluniador que ficará mal visto.

Anónimo disse...

Gostei imenso desta entrevista!