Modos de dizer
Na ‘minha aldeia’ onde passo os fins-de-semana, não há comércio. Quando necessitamos de qualquer coisa, vamos à terra que fica mais próxima, também pequena mas com mais recursos. Claro que há apenas o que se costuma chamar «comércio tradicional», ou seja lojas especializadas: um lugar, uma drogaria, uma retrosaria, uma farmácia, uma mercearia, e por aí fora.
Ontem, esperava ser atendida numa dessas lojinhas e assisti a uma cena interessante: Uma freguesa tinha pedido determinado artigo mas foi-lhe trazido uma coisa diferente. Ela protestou – Oh, sr. Zé, não percebeu o que eu disse! Não foi isso que eu pedi, foi tal e tal. Muito bem, o sr. Zé lá voltou ao interior da loja e trouxe o objecto pretendido. Pouco depois, o sr. Zé que não devia estar nos seus dias, também não trouxe o que outra freguesa pretendia, mas a frase foi –Oh sr. Zé, se calhar expliquei-me mal. O que eu queria era tal e tal.
Fiquei a pensar. As situações eram iguaizinhas, as tais duas gotas de água como se costuma dizer, mas o modo de as encarar completamente diferente. No primeiro, caso o dedo foi apontado sem hesitação. A ‘culpa’ era de quem não tinha percebido, e pronto. No segundo caso, essa culpa era repartida, ele tinha trazido um objecto errado mas ela admitia que se pudesse ter explicado mal.
A vida seria bem mais agradável, se nas nossas relações com os outros assumíssemos mais vezes a segunda postura…
Ontem, esperava ser atendida numa dessas lojinhas e assisti a uma cena interessante: Uma freguesa tinha pedido determinado artigo mas foi-lhe trazido uma coisa diferente. Ela protestou – Oh, sr. Zé, não percebeu o que eu disse! Não foi isso que eu pedi, foi tal e tal. Muito bem, o sr. Zé lá voltou ao interior da loja e trouxe o objecto pretendido. Pouco depois, o sr. Zé que não devia estar nos seus dias, também não trouxe o que outra freguesa pretendia, mas a frase foi –Oh sr. Zé, se calhar expliquei-me mal. O que eu queria era tal e tal.
Fiquei a pensar. As situações eram iguaizinhas, as tais duas gotas de água como se costuma dizer, mas o modo de as encarar completamente diferente. No primeiro, caso o dedo foi apontado sem hesitação. A ‘culpa’ era de quem não tinha percebido, e pronto. No segundo caso, essa culpa era repartida, ele tinha trazido um objecto errado mas ela admitia que se pudesse ter explicado mal.
A vida seria bem mais agradável, se nas nossas relações com os outros assumíssemos mais vezes a segunda postura…
5 comentários:
Para além do que dizes, há também outro aspecto: o tom de voz! Muitas vezes até a frase é parecida, mas dito num tom calmoou num tom desabrido, altera completamente tudo!!!
Sem dúvida, o considerarmos nossa, a razão de não ser entendido, desanuvia a situação e mostra bom senso e educação. Depois, juntando o tom de voz, como diz a Joaninha, também ajuda.
Volto do meu exílio blogueiro para expressar minha concordância. Paz é um conceito que só existe se o praticamos. E tudo ajuda, acho que especialmente o tom de voz. ;-)
Um beijo!
Bem, também eu regressei do fim-de-semana! E já vos posso responder como deve ser e não de fugida.
Este post era um pouco eu a «pensar em voz alta», digamos assim. Achei curioso o contraste. Como disse o Zé, o modo de falar da segunda cliente mostrou bom-senso e educação. Não custou nada, penso eu, e desanuviou o ambiente.
Olá Lívia! Toda a razão, amiga. paz e serenidade não são para ser 'pregadas' e sim praticadas...
Gira a história.
Parece uma parábola ou coisa assim.
E a verdade é que TUDO se pode dizer desde que seja dito como deve ser e com cortesia.
Enviar um comentário