Os diminutivos
O português é uma bela língua.
Talvez por ser a minha, talvez por ser a que aprendi a falar com os meus pais, talvez por ser aquele em que sei pensar, a verdade é que gosto dela.
Mas isso não quer dizer que não ache graça a alguns dos seus aspectos mais peculiares, aqueles que tornam tão difícil traduzir bem um texto português para outra língua, não apenas as frases idiomáticas mas sobretudo o nosso uso de diminutivos.
Claro que todas as línguas que eu conheço também referem substantivos mais pequenos. Natural. Pode haver mesinhas e cadeirinhas, ou cãezinhos e gatinhos, ou bolinhos e sopinhas. Só que nós apreciamos diminuir TUDO. Até as cores. Falamos numa nuvem ‘branquinha’, uma maçã ‘encarnadinha’, uma alface ‘verdinha’ coisa que não é fácil traduzir. Por vezes toma-se balanço e toda a frase fica pequenina (ora cá está, «pequenininho» é português mas é um destes superlativos que eu sei cá!!!) Ouvimos dizer «Aninhas, traz a canequinha com o leitinho e o pãozinho com manteiguinha e vem para o colinho da avozinha» e ficamos com alguma vontade que o lobo mau venha rosnar àquele friso de diminutivos.
Ontem tive de virar a cara para o lado para me rir quando ouvi, ao sair de um consultório médico, um senhor despedir-se «Então, saudinha!» Saudinha…?! Claro que se conhece a palavra, apesar de naquele local ser divertido ouvi-la, mas não será um contra-senso? Desejamos que tenha uma saúde pequenina? E «obrigadinha» também quer dizer que não se agradece lá muito…?
É uma bela língua mas tem as suas originalidades e não é fácil explicá-las a um estrangeiro.
Talvez por ser a minha, talvez por ser a que aprendi a falar com os meus pais, talvez por ser aquele em que sei pensar, a verdade é que gosto dela.
Mas isso não quer dizer que não ache graça a alguns dos seus aspectos mais peculiares, aqueles que tornam tão difícil traduzir bem um texto português para outra língua, não apenas as frases idiomáticas mas sobretudo o nosso uso de diminutivos.
Claro que todas as línguas que eu conheço também referem substantivos mais pequenos. Natural. Pode haver mesinhas e cadeirinhas, ou cãezinhos e gatinhos, ou bolinhos e sopinhas. Só que nós apreciamos diminuir TUDO. Até as cores. Falamos numa nuvem ‘branquinha’, uma maçã ‘encarnadinha’, uma alface ‘verdinha’ coisa que não é fácil traduzir. Por vezes toma-se balanço e toda a frase fica pequenina (ora cá está, «pequenininho» é português mas é um destes superlativos que eu sei cá!!!) Ouvimos dizer «Aninhas, traz a canequinha com o leitinho e o pãozinho com manteiguinha e vem para o colinho da avozinha» e ficamos com alguma vontade que o lobo mau venha rosnar àquele friso de diminutivos.
Ontem tive de virar a cara para o lado para me rir quando ouvi, ao sair de um consultório médico, um senhor despedir-se «Então, saudinha!» Saudinha…?! Claro que se conhece a palavra, apesar de naquele local ser divertido ouvi-la, mas não será um contra-senso? Desejamos que tenha uma saúde pequenina? E «obrigadinha» também quer dizer que não se agradece lá muito…?
É uma bela língua mas tem as suas originalidades e não é fácil explicá-las a um estrangeiro.
12 comentários:
Não tenho tempo esta manhã para comentar os posts todos como costumo fazer e então fico-me agora por este.
Delicioso!
É claro que também uso diminutivo e bastante. Sou portuguesa, né?! Mas, diverte-me senpre esse tipo de onversas como a que escreves da «avó(zinha)». Nunca as levo a sério, acho que aquilo é a gozar!
Emiélezinha, mas que coisinha tão engraçadinha que esta manhâzinha te lembraste de escrever!
No meu, nosso Alentejo é o Manelito, o Zézito, o Tonico, aqui nos Açores é o Zéquinha e tantos tantos diminuitivos, que só se pode extrair a tua permissa, somos,na realidade um país de diminuitivos e que fazer? Usá-los com parcimónia e não com saudinha, que saúde, ou se tem e se conserva, ou é-se doente!
Gostei, a sério!
LOL!!!!
É tal e qual. Olha, eu gosto mas quando é demais - e há pessoas que é mesmo uma risota!!! - é demais! E essa da «saudinha» pretende ser carinhoso, acho eu, mas é cómico!
Apesar de teres razão quanto ao «abuso» desse uso, o certo é que eu acho que isso dá «muita gracinha» ao nosso modo de falar!
Não é apenas uma questão de referência a ser pequeno é uma questão de carinho e às vezes até é o oposto de pequeno: Dizer «baixinho», ou «chegadinho», ou «fresquinho» afinal quer dizer muito baixo, ou muito chegado ou muito fresco!
Gostei deste post!
É mesmo assim! E quando se quer «traduzir» para ingês ou francês uma frase dessas?.. lol!
Ehehehehe!!!
Zé Palmeiro, é-se doente, ou doentinho...?!!! :))))
Tens razão Raphael doentinho, mas já eram tantos, que esse passou.
Vim parar a este blogue acidentalmente, através do Google-imagens, e gostei muito dos textos, parabéns Émile!
É de facto engraçado os recursos que se utilizam para "adoçar" a linguagem. Aqui no norte, por exemplo, tornam os diminutivos mais carinhosos substituindo a vogal final pelo sufixo "nho/nha". Ex: Que linda meninha, tão pequeninha!;
Essa necessidade de diminuir "as coisas" tb se nota nos nomes das mulheres, as mais velhas, geralmente, são conhecidas pelo diminutivo do nome, mais o "nha": As Marias são Miquinhas, as Zulmiras são Mirinhas, as Odetes são Detinhas, as Helenas são Leninhas, .....com as variações mais surpreendentes ao nome original! É, no fundo, um espaço de criatividade da lingua.....e na comunicação! Aliás aqui no Noroeste, criatividade na linguagem, é coisa que não falta!
eu tb uso mas reconheço que às vezes o seu uso me dá vómitos.
Uma explicação importante a quem tenha passado por aqui no final da tarde:
Acontece, de vez em quando, que quando um meu comentador habitual deixa aqui um comentário com excesso de gralhas, eu como «cortesia da casa» re-escrevo-o de novo sem as gralhas e volto a colocá-lo obviamente com o nome de quem o escreveu!
Hoje, passou-se isso com o comentário da Joaninha, que ela deve ter escrito distraída e tinha duas gralhas que alteravam o sentido. Eu, re-escrevi e voltei a colocá-lo. Mas, fui chamada para outra coisa, cliquei no save esquecendo-me de escrever o nome da autora, pelo que ficou uma charada, era uma coisa que estava assinada por mim, e ainda por cima se referia a mim mesma – esquizofrénico, no mínimo!
O pior é que só há minutos voltei ao Pópulo, portanto aquilo esteve umas 3 horas, assim, completamente parvo, e eu com uma mensagem directa da Joaninha a rir-se do disparate.
Mil desculpas!!!!! (agora segue a verdadeira;)
Quando escrevi logo de manhãzinha (cá tá «manhãzinha»!!!) imaginava que teria tempo de cá voltar à hora do almoço, mas hoje não deu!
Está muito bem apanhado este post! E achei graça às matrioskas que realmente parece que se somem por ali abaixo... lol
Pois é Emiéle, a malta é mesmo portuguesa e nada a fazer! Pela minha experiência isto é dos sinais mais idiomáticos do português estes diminutivos que o não são, acabam por dar ênfase ao o que se quer dizer.
Olha, eu gosto! Mas, como disse de manhã, certas pessoas (sobretudo senhoras de idade) que abusam quando falam com crianças, sobretudo, aí é mesmo ridículo!
(Bem e agora é que venho responder como deve ser, depois de resalvada a gaffe que cometi cheia de boa vontade!)
Bem vindo Leónidas! Eu tenho realmente a mania de 'ilustrar' cada texto que escrevo com uma imagem, de modo que deve haver por aí imensas!!!! Mas olha que 90% também as vou procurar ao Google-imagens, ou então retiro-as de FW que recebo. Eu tento fazer um blog que distraia, se possível, tanto as pessoas que por aqui passam como me distrai a mim...
E pela amostra, já se está a ver que do norte ao sul este uso está generalizado! O Leónidas cita casos do Norte, o Zé Palmeiro do Alentejo e Açores, quer dizer que está todo o Portugal representado!
Candida, é por esse sentimento de ambivalência que também sinto um bocado que escrevi o post! Saudinha, obrigadinha, adeuzinho.. enfim! :)))
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