Os cafés
Acabo de ler a notícia de que a Antena 1 vai fazer até ao final do ano emissões em directo dos cafés mais emblemáticos das principais cidades portuguesas, com o objectivo de recuperar a proximidade e a mobilidade da rádio
A ideia parece-me muito interessante e cruzou-se com recordações minhas, antigas, sobre a frequência dos cafés.
Ando a ler, devagar porque entremeado com outras leituras, «O Século Passado» do Jorge Silva Melo. É uma leitura que já me tem dado ideias para vários posts que por acaso ficaram só «nas ideias» … Mas agora esta referência aos «cafés emblemáticos» veio lembrar uma das coisas que tinha pensado.
Lisboa tinha imensos cafés na minha juventude. Foram fechando um a um, substituídos por balcões de bancos, mais tarde por lojas de pronto-a-vestir. É evidente que ainda se bebe café em Lisboa: há pastelarias, snacks, pronto-a-comer, e também alguns espaços mais selectos e requintados que servem quase só café, alguns em lojinhas ‘franchising’ muito chics e requintadas onde se pode até escolher a qualidade de café que se pretende beber. Sofisticado…
Mas não tem nada a ver com o nosso «espaço convívio café». Numa das crónicas deste livro, o Silva Melo conta como saindo de uma exposição de pintura, de um filme, e desejando partilhar as suas emoções seguia directo ao Monte Carlo porque de certeza estava lá alguém para trocar ideias.
O que me identifiquei com isso!
Era tal e qual assim. Havia cafés em Lisboa onde nem era preciso marcar encontro, fôssemos a que horas fôssemos, de certeza que se ia encontrar alguém do nosso grupo de amigos e conhecidos, não só porque estávamos muito tempo num local como porque íamos rodando por lá – saía um do grupo mas entretanto tinha chegado outro. E fazia-se cultura à nossa maneira.
Outros tempos, outros usos. Agora também se convive decerto, mas …mas... Pronto, tenho saudades, muitas saudades do velho Monte Carlo com os bilhares ao fundo, muito escuro, o restaurante à esquerda e as mesas por ali abaixo, e a ‘nave’ antes dos bilhares cheínha de malta a discutir tudo e mais alguma coisa, convencidos de que íamos mudar o mundo.
A ideia parece-me muito interessante e cruzou-se com recordações minhas, antigas, sobre a frequência dos cafés.
Ando a ler, devagar porque entremeado com outras leituras, «O Século Passado» do Jorge Silva Melo. É uma leitura que já me tem dado ideias para vários posts que por acaso ficaram só «nas ideias» … Mas agora esta referência aos «cafés emblemáticos» veio lembrar uma das coisas que tinha pensado.
Lisboa tinha imensos cafés na minha juventude. Foram fechando um a um, substituídos por balcões de bancos, mais tarde por lojas de pronto-a-vestir. É evidente que ainda se bebe café em Lisboa: há pastelarias, snacks, pronto-a-comer, e também alguns espaços mais selectos e requintados que servem quase só café, alguns em lojinhas ‘franchising’ muito chics e requintadas onde se pode até escolher a qualidade de café que se pretende beber. Sofisticado…
Mas não tem nada a ver com o nosso «espaço convívio café». Numa das crónicas deste livro, o Silva Melo conta como saindo de uma exposição de pintura, de um filme, e desejando partilhar as suas emoções seguia directo ao Monte Carlo porque de certeza estava lá alguém para trocar ideias.
O que me identifiquei com isso!

Outros tempos, outros usos. Agora também se convive decerto, mas …mas... Pronto, tenho saudades, muitas saudades do velho Monte Carlo com os bilhares ao fundo, muito escuro, o restaurante à esquerda e as mesas por ali abaixo, e a ‘nave’ antes dos bilhares cheínha de malta a discutir tudo e mais alguma coisa, convencidos de que íamos mudar o mundo.
Tentámos...
6 comentários:
Vá lá, abriste a porta!!!! Esta manhã não havia caixa de comentários. Até pensei que querias renovar as tertúlias de café e nos mandavas todos para lá!
Olha, na província apesar de tudo ainda se vai continuando a ver um pouco. Pessoas que às tantas horas vão aparecendo para conversar um pouco. Acho importantíssimo, que não se faz tudo à base do telemóvel. É útil e dá geito mas não substitui apresença de um ser vivo!!!!!
Passei por aqui e os teus posts hoje não tinham caixa de comentários. Fiquei admiradíssimo. E aborrecido, porque sobretudo neste post apetecia-me imenso deixar umas palavras.
Tenho tantas saudades do Monte Carlo que até evito passar no Saldanha! Fui de uma geração que fazia ali o «quartel general», naquela gruta um bocado escura como aqui dizes, mas fervilhando de gente que discutia, se entusiasmava, segredava, 'conspirava', trocava ideias e se sentia muito unida. Monte Carlo e Monte Branco ali mais à frente, era uma delegação da cidade universitária e de belas-artes.
Esse espírito de café, pelo menos aqui em Lisboa desapareceu. E nem te sei dizer a pena que tenho.
Eu, se já não pertenço a essa geração de que aqui se fala, tambémtenho alguma pena do desaparecimento desses cafés «emblemáticos» como diz a notícia. Porque se forem á Brasileira hoje, não tem nada a ver a não ser «a casca» com o que era a Brasileira já do meu tempo, nem falo do que seria há 50 anos!
Não digo que não haja hoje bons espaços onde a malta se reune, e devo afirmar que hoje os jovens convivem muitíssimo, mas tens razão é «outra coisa».
Afinal não fui só eu, algo se passou. As máquinas têm destas coisas. Estou como o King, há zonas em que dá pena ir, pois foram totalmente descaracterizadas. A que referem, os Restauradores, com o saudoso Martinho, O Rossio, com o Gêlo e o Chave D'Ouro, etc., etc.
Outros tempos, outros cafés!
Esquecia-me, Vai um café?
Joaninha, Zé Palmeiro e King - já respondi aos vossos emails a explicar que foi um misto de distracção minha e desacerto do blogger; as minhas desculpas, de novo.
Quanto aos cafés, eu sei bem que a malta nova de hoje também se encontra e reune até talvez mais do que há umas dezenas de anos. Não é disso que falo. É de uma certa nostralgia desses antigos convívios e a pena de irem sucessivamente desaparecendo locais que disseram tanto a tanta gente que serviu a cultura na nossa terra.
Claro que a zona da Baixa foi particularmente castigada com esta «limpeza» que fizeram dos antigos cafés como lembra o Zé, do Martinhp, Gelo, Chave d'Ouro, Chiado etc, etc, e os que mantêm o nome e parte do aspecto como a Brasileira ou Nicola, não mantêm o espírito.
Pena.
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