segunda-feira, maio 07, 2007

Ideias feitas

Passou-se um acontecimento triste e sombrio, na nossa terra.
Uma menina pequenina desapareceu no Algarve. Os media como de costume exploram o caso até à exaustão, mostrando as lágrimas dos pais, os cães a farejar rastos, o povo a rezar. Como qualquer pessoa, estou impressionada, chocada, imaginando o sofrimento daqueles pais e esperando a todo o momento que este pesadelo acabe bem.
Mas, desde o início que sentia alguma irritação por algumas conclusões apressadas e um post do Miguel Vale de Almeida disse tal e qual o que eu andava a sentir, os preconceitos que andavam no ar:
«Para muita opinião inglesa, a polícia portuguesa é pouco eficiente. Para muita opinião portuguesa, os pais não deviam ter deixado a criança sozinha. Um país underdeveloped tem com certeza instituições do Estado fracas e incapazes...; um país de gente fria e individualista tem com certeza pais desnaturados... É claro que a polícia portuguesa está a fazer exactamente o que a inglesa faria; e é claro que a distância entre o quarto da criança e o restaurante onde os pais tinham ido é a mesma que entre uma sala num r/c e um quarto num 1º andar numa vivenda»
Isto escreveu MVA, e é o que eu penso – a extrema facilidade com que se aplicam rótulos e se generaliza sobre tudo.
E esta publicidade toda vai ajudar alguma coisa?...

7 comentários:

josé palmeiro disse...

Concordo, em absoluto, com a posição, tua e do Miguel Vale d'Almeida. Os nossos média, são excessivos e normalmente, com o alarido que fazem e exploram, dão cabo de investigações e do trabalho normal das policias. O caso, em si, é demasiado dramático para que se aborde, de formas tão levianas.

Anónimo disse...

Os media são neste momento TODOS tabloides!
Só andam atrás do sensacionalismo. Já não posso mais.

Anónimo disse...

Não só é impossível que «ajude» seja o que for, como para mim é uma exploração dos sentimentos de cada um do modo mais descarado. Filmas as lágrimas de uns pais, para quê????

cereja disse...

Uma vez a Diana Andringa disse-me que era contra o código de ética dos jornalistas, entrevistarem uma pessoa debaixo de uma emoção demasiado forte. Mas essa ética deve ser só nos livros. O que vejo é que quase se provoca a pessoa para que chore à frente das câmaras para as audiências subirem.
Espero do fundo do coração que encontrem depressa a menina sã e salva, mas quer-me parecer que para os media quanto mais isso tardar melhor!
Por outro lado os estereotipos de que fala o MVA são mesmo verdadeiros. Tenho ouvido para aí as amiores parvoíces!

contradicoes disse...

Sobre este acontecimento que mexeu com todos nós também escrevi começando obviamente por responsabilizar os pais pela facilidade com que deixaram três filhos de muito tenra idade para irem jantar ao restaurante ainda que este muito fosse muito próximo do apartamento. Mas também referi muito antes de ficarmos hoje a saber pela comunicação social que o retrato robot produzido pela polícia judiciária diz respeito a um cidadão inglês, ser essa a minha convicção. Concluí podermos estar em presença dum raptor inglês que estaria atento a todas as manobras e movimentações dos pais espreitando a oportunidade de raptar a criança. E uma vez ter sido esta proporcionada, aproveitou-a e cometeu o acto. Julgo que raptor e criança estão fora do nosso país e saíram nesse mesmo dia através da Espanha relativamente próxima. Todas as diligências têm sido infrutíferas e vão continuar a ser, mas tenho uma certeza a polícia britânica se porventura acontecesse isto com um
filho dum casal português, não faria melhor.

Farpas disse...

Enquanto vender temos de "levar com isso"... é realmente um caso triste (já para não dizer estranho) mas há um aproveitamento enorme como aliás é habitual... e "especialistas" a debitar opiniões é o pão nosso de cada dia principalmente nas televisões...

cereja disse...

Para ser franca, não tenho seguido o caso a não ser um pouco por alto. Como já disse, interessa-me e comove-me mas sei que não posso fazer nada e os pormenores não me interessam por aí além.
Essa história da «culpa» dos pais parece-me muito exagerada. O dito 'abandono' foi por um curto período e eles nem estavam longe. Quantas vezes não se vai com uma criança a uma festa e ficamos a conversar com uns amigos e ela noutra sala com outras crianças. Não fica amarrada a nós com uma trela! E milhares de vezes não acontece nada. Por outro lado se há um doido que quer raptar uma criança, basta-lhe poucos minutos para o fazer.