Gavetas

Hoje voltei a arrumar a minha gaveta dos «papeis importantes». É uma operação chatíssima, infernal, que costumo efectuar uma vez por ano, ou seja ‘agora’, quando ponho em ordem os meus papeis do IRS.
Imagino que toda a gente tem uma gaveta destas. Quando recebemos uma factura que se deve guardar, uma garantia de um electrodoméstico, uns exames médicos, uma multa, uma anotação com uma informação que pode ser útil, atiramo-la para um local que sabemos seguro e onde mais tarde se pode encontrar. E a ideia, que pelo menos eu tenho quando meto um papel nessa famosa gaveta, é que «quando tiver tempo» vou arrumá-la e guardar cada papel num dossier adequado. A ideia é essa, mas…
Só quando tenho de tratar do raio do IRS é que despejo a dita gaveta e começo a seleccionar aquilo que é necessário para preencher essa papelada, o que até posso deitar fora por já ter passado o prazo, e o que deveria guardar em local próprio. [aqui para nós, essa parte daquilo que «se-deve-guardar-em-local-próprio» muitas vezes volta é de novo para a gaveta até eu ter tempo para essa operação] Fico sempre admirada da quantidade de ‘lixo’ que afinal guardei pensando que vinha a ser útil! E tantas coisas que tinha procurado inutilmente, afinal sem me lembrar de vir ver na famosa gaveta.
Claro que neste momento estou a jurar que amanhã vou comprar uma daquelas pastinhas com divisórias, pespegar-lhe uns separadores a dizerem «facturas de medicamentos e de consultas» ou «recibos de seguros» ou «pagamentos por conta» ou «despesas com formação» ou….
Amanhã.
Porque hoje só consegui despejar aquela tralha para cima da mesa, retirar o que vou precisar para preencher a porcaria do IRS, rasgar algumas coisas que nem imagino como lá foram parar e voltar a meter o que sobrou outra vez na gaveta.

E amanhã vou começar a olhar de lado para ela e a pensar que não há pressa nenhuma; afinal só vou precisar do que lá está para o ano, para preencher o IRS.

Tirado daqui