segunda-feira, abril 09, 2007

Urnas em Timor

É a terceira vez que vemos Timor ir às urnas.
Custa acreditar como é possível um caminho descendente em tão poucos anos.
Todos temos presente a alegria e admiração que sentimos aquando o momento em que se plebiscitou a sua independência depois de uma guerra tão dura e tanta intimidação por parte da Indonésia. Portugal todo vibrou com a afluência às urnas em situação tão difícil como aquela e com o resultado obtido. Em 30 de Agosto de 1999, calculou-se que 98% dos timorenses foi votar e a sua independência decidida por mais de 78% dos votos. Essa coragem valeu-lhes uma resposta duríssima das outras forças, e tudo aquilo que fomos seguindo através da comunicação social.
Em 2002, elegeram Xanana Gusmão numas eleições com um resultado incontestado pelo enorme carisma que Xanana possui e o prestígio de que goza no país e cinco anos depois, segundo a sua constituição, deverá eleito o seu sucessor.
Mas…
Em poucos anos temos de pensar que tudo aquilo era um castelo de areia, umas ondas mais fortes e temos de novo a praia lisa e sem qualquer construção. Hoje, que Timor vai de novo a votos, pasmamos com a diferença. Que existam 8 candidatos, já dá uma certa medida da fragmentação de uma terra tão pequena. Com uma tão grande divisão prevê-se uma segunda volta e, segundo dizem, na segunda serão «sete contra um» o representante da Fretilin.
Mas a política timorense é muito complicada, os interesses na zona obscuros, o papel da Igreja poderoso, e quem olha para aquela terra hoje sente-se confundido e triste.
A violência que há sete anos nos enchia de indignação por na altura parecer fácil levantar uma barreira entre «os bons» e «os maus», hoje alaga-nos de tristeza porque tudo se confundiu. Não se adivinha quem irá ganhar até por não existirem sondagens, mas neste momento adivinha-se que durante estes anos Timor perdeu. Perdeu muito.

9 comentários:

Anónimo disse...

Olha Emiéle, não sei se escreveste de propósito, mas a verdade é que ao ler «URNAS» lembrei-me de outro tipo das ditas.

Anónimo disse...

Vamos a ver de que areia é o castelo...fj

Anónimo disse...

E com que «água» é amassado.
Há para ali um cheirinho de petróleo.

cereja disse...

Foi mesmo de propósito Joaninha. Achei que entretando se tinha enterrado muito capital de esperança. Mas já andanos habituados, desde o 25 de Abril que se anda nesta...
FJ e King - também me parece que o cheiro é esse.

josé palmeiro disse...

Exactamente a palavra "urnas", tem aqui todos os significados. Ouvi ontem o D. Basílio do Nascimento, Bispo de Baucau, pessoa muito estimada, no Alentejo, pois lá exerceu as suas funções de ministro da igreja e com grande proficiência. Pessoa de uma imensa cultura, disse o que pensava e denunciou a situação, de uma forma simples e atróz. Para quê tantas benesses para os eleitos, quando o POVO, passa fome? Está aqui a explicação de tudo e o resto da ilha, a rir, que tristeza mas, por cá, como é?

Anónimo disse...

Timor é mais um caso de corrupção, para que oito candidados? Timor tem recursos para dar a volta por cima e vencer a democracia, mas quem está interessado? O que se passou em Angola e ainda agora é ve-lo com mais 35 milhões oriundos do trafico de armas, e contudo o povo é o que sabemos

cereja disse...

Dizem que «correu bem» entendendo com isso, sem violência. Já é alguma coisa. Os resultados só 4ª feira e aí é que a coisa pode aquecer...
Ilha_man, descolonizar é decerto muito difícil. A verdade é que países bem melhor organizados do que nós, também não o conseguiram. Assim, para já não me recordo de nenhuma «boa descolonização», o Brasil 'não conta' bem, assim como os EUA, são situações muito diferentes das actuais do século 20.

Farpas disse...

É como dizes, antes era muito mais fácil distinguir os "bons" dos "maus", quando começam todos a aproximar-se de uma avaliação "mista" está tudo estragado...

cereja disse...

Infelizmente nem é só em Timor, Farpas...