quarta-feira, abril 04, 2007

A sangria


É a imagem que me ocorre: sangria.
Nos séculos passados quando uma pessoa estava doente, muitos médicos praticavam «uma sangria» para lhes dar forças. Hoje, para a saúde da nossa economia, parece que se anda a usar o mesmo método: Basta passar os olhos pelas notícias, mesmo distraidamente. É por todo o lado e sob diversas formas que se lê a mesma mensagem – menos sangue a circular trabalho.
Lemos, por exemplo, que
«a banca portuguesa perdeu cerca de 13 mil postos de trabalho nos últimos dez anos» e por outro lado que o Ministro da Saúde anda a pensar em integrar médicos no regime de mobilidade especial da Função Pública. É certo que este caso tem contornos diferentes, pois um próprio dirigente sindical nos confidencia que “Não é líquido que um médico esteja disponível para a mobilidade ao fim de anos num sítio... Alguns podem mesmo optar por desvincular-se e dedicar-se só à actividade privada” o que não é surpresa.
O certo é que a notícia forte de ontem foi que a «limpeza» já começa no Ministério da Agricultura onde se fala de
uma lista que poderá elevar-se a sete mil elementos a acrescentar à ‘redução’ que a FP sofreu o ano passado onde o número de efectivos se reduziu em 10.871
Foram somando os números? Nem interessa muito ver o que se passou, se são pessoas que receberam compensações (não o caso da FP, é claro), se se reformaram, o que aconteceu. A verdade é que são pessoas que não estão no mercado de trabalho ou seja este anda a emagrecer drasticamente!
Para se chegar onde?
Ainda dentro dos ‘arranjos’ da FP, o famoso «prémio de desempenho», sendo melhor do que nada, só poderá ter alguma relevância num ordenado razoável. Para quem ganha, como tantos e tantos milhares de trabalhadores da FP, 600, 700, 800 euros, receber mais uns 5, 6, ou 7 euros
não será profundamente motivador, acho eu, para se desunhar a trabalhar.
Afinal é quanto ganha à hora uma empregada doméstica num trabalho pouco qualificado.

6 comentários:

Anónimo disse...

A imagem da sangria é gira,mas na economia do país não vai funcionar, porque vai levar ao estado de coma, como dizia um jornalista do DN há uns meses e sair deste estado é muito muito dificil muitos não sobrevivem

Anónimo disse...

Não Kati, não é a economia do país, é a noss, a minha, a tua, e a de todos como nós, porque a "deles", está florescente e recomenda-se.
Repara só como está boa, para eles, evidentemente, no caso da OTA, que belos negócios! e na Independente, que regabofe!
Não, para "eles", está um mimo, para nós, um desatino!

Anónimo disse...

Gostei da «sangria». É mesmo isso...
(por piada, fui ver ao google e o que lá há mais são as 'sangrias' de beber, e sem serem os vampiros...!)
Fizeste tanto link que levei um tempão a ler. Tens razão, Emiéle, é por todo o lado a mesma questão. E nem é tanto a forma como se deixa de trabalhar, se despedido se reforma compulsiva, se... o raio que os parta, a verdade é que um pessoa quando chega a essa fase de não ter que fazer deprime-se mesmo muito.
O trabalho dá, pelo menos, «saúde «mental». Sem ele é um desatino.

cereja disse...

Obrigada Kati e Joaninha, modéstia à parte também achei que a imagem/metáfora da 'sangria' medicinal da idade média era bem achada...
E se calhar aquilo curava alguma coisa, isso não sei. Mas que esta não vejo o que nos vai beneficiar, isso não.

Farpas disse...

Olha eu gostava era de ter um cargo de assessor... não interessa de quê! Assessor de qualquer coisa, não dão o nome praticamente para nada, ganham fortunas, muito mais do que os titulares dos cargos... isso é que era uma boa vida... por acaso ninguém tem um lugarzinho de assessor para mim? É que me faz muita confusão andarem a cortar 13 mil postos de trabalho para poupar o dinheiro que poderiam arrecadar com um ajuste dos assessores!! Eram menos, não havia tantos desempregados... para além de ser justo!

cereja disse...

Farpas, correu em tempos uma anedota que era mais ou menos esse 'pedido' que aqui deixas: um pai que pedia a um amigo importante um emprego para o filho e o outro metia-o logo num lugar excelente e o pai insistia que queria mesmo que o rapaz trabalhasse, e outro ia descendo as propostas e acabava a dizer que para trabalhar a sério e ganhar pouco isso estava difícil (lembras-te?)
Mas a verdade é que esta situação está assustadora.