quinta-feira, abril 12, 2007

«Não tenho nada com isso»

Não sei em que programa o ouvi, nem para o caso interessa. Estava distraidamente a olhar para a TV quando percebi que se entrevistava um sujeito, gestor norte-americano, acusado de uma gestão muito danosa para a empresa que geria e de grande proveito para si próprio. Davam exemplos. E apoiados em fotos, mostravam que este senhor tinha comprado para um seu apartamento algumas coisas sumptuárias como um suporte para chapéus-de-chuva ou uma cortina de banheira no valor de milhares de dólares.
Claro que ninguém teria nada com isso, porque o indivíduo ganhava 100 milhões de dólares por ano e poderia fazer o que muito bem entendesse com esses dólares todos, ‘o azar’ é que essa despesa entrou nas contas da dita empresa que ele geria…
Mas, onde eu quero chegar, é que a justificação que ele dava nessa entrevista já a tenho ouvido noutras circunstâncias. Dizia ele, sorrindo com ar displicente e superior, que o certo era nem ter reparado nesse suporte de chapéus ou nessa cortina de banheira, ele nem mesmo tinha ainda entrado nesse apartamento, coitadito. Tinha apenas encarregado um decorador de tratar do assunto, e portanto a «culpa» era do decorador!
Ou seja, uma pessoa encarrega outra de lhe tratar (neste caso) da casa, dá-lhe carta branca, desresponsabiliza-se do que fazem em seu nome… e portanto está virgem e inocente de qualquer excesso! E, claro está que o cheque é passado em nome de uma firma, não entendi bem porquê mas se calhar porque aquela residência era para receber os clientes..?
Tenho ouvido de vez em quando a frase «nem sei quanto custou», como pretendendo desculpabilizar alguns gastos, mas para mim, isso ainda enterra mais quem a produz. Gastar sem limites é sempre irresponsável, mas quando isso é feito com dinheiro que não é apenas nosso… é um roubo. Tão simples como isto.


7 comentários:

Anónimo disse...

Hoje começo por cima, que este texto é grande! E olha que também não era necessário pores a pobre da raínha a sevir de papel higiénico, né???
Mas olha que sinto algo de muito parecido. O tom em que se responde que não se sabe por se ter «delegado» esse cuidado noutra pessoa deixa-me os cabelos em pé! Bem vistas as coisas, essa gente não só gstou balúrdios em parvoíces, como até gastou outro balúrdio decerto, no salário do dito decorador!!!

Farpas disse...

É que normalmente o que acontece é exactamente o oposto do que deveria acontecer... se reparares bem quanto mais rico e poderoso é menos responsabilidades tem... delega-as noutras pessoas que por sua vez as entregam a outras e por aí a baixo até chegar ao que tem menos dinheiro e poder da cadeia!...

josé palmeiro disse...

Ainda bem que falas destas coisas.
1º - Vários dispositivos daqueles, com libras e dollars, era o que eu percisava, neste momento.
2º - Se essas pessoas, de que falas, fossem da maioria, teriam que fazer como eu, tu e tantos, contas para pagar os empréstimos, contas para ter em conta, não gastar mais que o necessário. Enfim coisas do dia a dia da maioria de nós. Faz-me cóssegas haver gente como a que te serve de suporte, ao que escreveste, poi squer-me parecer, que nem assim com tanto, teria coragem, de o gastar mal gasto, dando-o a outros para escolherem e decidir, por mim.

cereja disse...

É que este caso passou-se na América, e pelo que percebi o senhor apesar de continuar arrogante, estava a ter de prestar contas desse dinheiro estupidamente gasto. mas o que eu sei, é que por cá o esquema é igualzinho. Como diz o Farpas isto só acaba no fim da pirâmide, porque muitas vezes o decorador se também é da mesma laia, dirá que foi o seu empregado que escolheu, etc, etc. Acaba sempre por vir o «não tenho nada com isso» para que raio me perguntam?!!!...

Anónimo disse...

Sim, sim, sim!!! E quanto mais importantes e vips pior!
Eles querem lá saber dessas coisitas insignificantes! Têm mais em que pensar...

Anónimo disse...

Pois eu cá acho que limpar o rabo às notas (que culpa têm elas de lá terem a raínha...?) é uma boa ideia.

Anónimo disse...

Espera aí... Boa ideia no sentido de sugestiva, não quero dizer que seja boa ideia em si mesmo. O que achei é que estava de acordo com o que dizes no post - estão-se cagando para os custos, sobretudo se uma empresa pagar.