24 de Abril - O Sufrágio
A lista dos eleitores, de quem de facto podia votar em altura de eleições, era minúscula antes de 74. Estavam dela excluídos, todos os que “não ofereciam garantias à segurança do estado” ou seja, grande parte da oposição. E, para além disso, a verdade é que para se poder ser eleitor, para além da idade – 21 anos – tinha de se saber ler e escrever, ser chefe de família ou, no caso de ser mulher, ter um curso ou bens próprios. Porque isso de se ir votar era um acto muito sério e grave e não seria qualquer ‘irresponsável analfabeto’ que o podia exercer. A não ser quando fossem acompanhados até ao local de voto por o senhor legionário ou o cacique local, que já lhes tinha explicado muito bem o que deviam fazer, e nesse caso “bem esclarecidos” e completamente industriados lá poderiam pôr a cruz onde lhe mandavam. Evidentemente que com essa selecção inicial os resultados eram esmagadores a favor do governo.
Comentário
Este é um ponto que hoje, curiosamente, quase perdeu a importância. Quando vemos os níveis de abstenção em cada acto eleitoral fica-se parvo como essa acção de meter um papelinho dobrado em quatro numa caixinha, escolhendo em plena liberdade o que lá se escrevia, podia ser tão desejado e importante. Afinal não é o acto de se eleger em liberdade quem imaginamos que nos vai governar melhor que pode resolver milagrosamente todos os problemas. E, se calhar era isso que se ‘esperava’, que bastava as eleições serem livres para tudo se resolver.
Contudo, creio bem que se de hoje para amanhã voltássemos à situação anterior, e só uma parte da população pudesse votar, de repente, os que hoje se abstêm saltariam de indignação a querer salvar o seu voto. Muitas vezes só quando se perdem os dentes se dá valor às nozes.
João F.M.
6 comentários:
É das tais coisas a Democracia participativa poderá não ser o ideal mas ainda não se descobriu nada de melhor...
Também me impressiona ver o desinteresse pelas eleições que existe. E é geral (apesar de agora em França a coisa ter sido diferente) mas como dizes se de repente esse direito desaparecesse todos iam notar!
Já todos sabemos que isto é uma farsa. Será o governo tão havido de mudanças, capaz de propôr uma mudança aqui? Ou terá que ser de outra forma?
Isto era como a democracia ateniense...
Lá em Atenas, para a época era formidável... O pior é que só os atenienses «verdadeiros» votavam, o resto do mara~lhar ficava a ver o que os outros decidiam.
Mas por cá é impressionante. A verdade é que no final dos mandatos os eleitos deveriam justificar tudo o que disseram fazer e não fizeram. O que acontece é qu a malta «vinga-se» e depois vai votar nos outros qyue são iguais...
o homen so passou ater direito de fotar como obrigação apos o sufragio
Anónimo, ou é de estar de férias e de compreensão lenta, ou não te explicaste lá muito bem...
O que é que querias mesmo dizer?...
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