Sabemos bem que os costumes de hoje aceitam que um casal viva junto e se case, ou não se case ou se case segundo os ritos que muito bem escolha. Quando os motivos que os levaram a unir-se desaparecem, divorciam-se e até podem voltar a casar.Antes do 25 de Abril o casal que vivia junto sem se casar era mal visto pela sociedade, era “uma vergonha” para a família. E o casamento era religioso em grande parte dos casos, mas se digo em ‘grande parte’ era porque havia casais que apesar de serem católicos receavam esse compromisso. Como existia a "concordata", uma vez casados nunca se poderiam divorciar nem, como é claro, voltar a casar. É fácil de imaginar que, apesar de os casamentos serem mais consistentes do que o são hoje, havia muita gente que se desentendia e deixava de viver junto. Mas ficavam condenados ao celibato para sempre. Mesmo que mais tarde encontrassem “o amor da sua vida” a lei não lhes permitia voltar a casar. As pessoas mais ricas iam “casar” a outros países mas era uma formalidade sem a menor legalidade entre nós.
Comentário Hoje é quase impossível ‘sentir’ a importância que na época isto tinha. Nós hoje ainda casamos é claro, mas há muitas pessoas a viverem juntas sem que isso cause nenhum escândalo às respectivas famílias. Quando achamos que já é tempo, casamos e pronto. Mas na minha família falava-se em segredo que a minha avó não era mesmo casada com o meu avô. A verdade é que o avô tinha um primeiro casamento e estava «amarrado» para sempre à sua primeira mulher, de modo que se tinham 'casado' em França mas isso não era legal. Os bilhetes de identidade da minha mãe e meus tios diziam «pai incógnito» e eles nunca os mostravam de boa vontade. Isso só acabou com o 25 de Abril. Quis deixar este comentário por o ter sentido na minha família.
António F.
5 comentários:
Ainda me lembro deste post, acho que lhe deixei um comentário, entre muitos que por lá ficaram.
Há quem nem saiba estas coisas.
Olha que se calhar as pessoas não percebem que o texto todo ele é
um grande link, se calhar v~em escrito em azul e como é grande imaginam que escolhes azul para escrever tudo.
Devias avisar para clicarem em cima e ir ver o original.
Como é bom avivar a memória. Na minha vida, conheci várias situações semelhantes e não era nada fácil lidar com elas.
Uma das muitas coisas que felizmente mudaram neste país que continua a estar muito preso ao passado neste tipo de assunto,.. felizmente as coisas começam a mudar (como aliás se viu no último referendo).
Bons posts estes, Emiele.
Nunca é demais relembrar estas coisas. É que foi ONTEM!!!
Quero dizer.. é do meu tempo!
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