segunda-feira, abril 09, 2007

24 de Abril: Fósforos e isqueiros

Se, numa viagem no tempo, um jovem de hoje recuasse 50 anos e numa mesa de café depois de tomar a bica, puxasse de um maço de cigarros e de um isqueiro, podia ser abordado por um fiscal que lhe pedia para mostrar a licença. Estranharia, com certeza. A licença? ? É verdade, para proteger a Fosforeira Nacional, quem quisesse utilizar um isqueiro tinha de ter uma licença de porte de isqueiro, como a licença de porte de arma… ; )
E pagava-se, é claro. Porque o importante era que se gastassem fósforos para proteger a indústria da Fosforeira


Comentário:
Isto hoje parece uma coisa que dá vontade de rir. No outro dia deu no RTP-Memória uma parte do Zip-Zip onde o Raul Solnado ‘encarnava’ o «ladrão Alfredo», um boneco muito engraçado. Esse ladrão nunca tinha sido preso, a não ser uma vez à porta do cinema quando estava a fumar. Os ‘entrevistadores’ perguntam-lhe porquê, e ele confessa «é que tinha fanado o isqueiro para acender o cigarro, mas esqueceu-se de fanar também a licença…». Esta rábula hoje seria incompreensível! Mas lembro-me de a ouvir e achar muita graça. Tal e qual. Se queríamos acender um cigarro, comprássemos uma carteirinha de fósforos, pois então! Mas sendo um pormenor, é sintomático do poder autoritário do Estado antes do 25 de Abril.
Carlos A.

7 comentários:

Anónimo disse...

E agora, com a proibição de fumar em quasi todo o lado excepto no Falcon do povo(pelo menos é quem o paga)é o autoritarismo de quem?AB

Anónimo disse...

Lembro-me bem deste post no 'antigo Pópulo' e de ter ouvido alguns jovens espantados quando falei nisto. Como diz o comentador lá de cima, hoje até dava vontade de rir...
Aqui o (ou a?) AB tem razão em associar estas leis anti-tabagistas a outro autoritarismo. Mas este creio que é «internacional» de Bruxelas ou coisa assim. E a gente vai aceitando mais ou menos...

cereja disse...

Pois é AB, dizem que nesse aviãozinho ao contrário do que se passa nas demais companhias aéreas, e transportes públicos, o fumo é livre! Mas mandam nos outros.
Quando à piadinha da licença de isqueiro claro que é uma coisa insignificante, mas foi para acentuar a diferença do que se passava antes e depois.
Se calhar não foi das melhor escolhidas, mas como neste conjunto de posts tentei abranger tudo…

josé palmeiro disse...

Belissima referência ao que era a nossa vida, antes do 25 de Abril, contudo, a passos mais largos do que, pensaríamos, podessem ser, em algumas coisas, muitas demais, para lá vamos caminhando. É bom lembrar e actuar, para que assim não aconteça.

cereja disse...

Pois é.
E este do anti-tabagismo é bastante claro, do 8 e para o 80.

Farpas disse...

Eu sei que isto pode parecer um bocado mau, mas a mim não me incomoda absolutamente nada a lei anti-tabagismo... mas é que não me incomoda mesmo nada, assim como durante estes anos todos, os fumadores não se incomodavam em fumar ao meu lado no restaurante por exemplo. Mas ainda dou o benefício, daqui a 2000 anos troca-se outra vez!

Eu aprendi esta do isqueiro aqui no Pópulo... se o tivesse lido noutro lado pensava que era, obviamente, uma piada!!

cereja disse...

Farpas, que deve haver uns espaços para quem quer fumar, é evidente que sim. Que há muitos fumadores atenciosos e delicados também, contudo eu acredito que quem fuma não concebe que seja um sacrifício levar-se com o fumo em cima!
Ainda há pouco tempo estava num jantar com muita gente e um sujeito ao meu lado perguntou se o fumo me incomodava. Delicadamente disse-lhe que não, imaginando que se trataria dum cigarro final a acompanhar o café. Estúpida!!! Ele acendeu um de imediato, e da sopa à sobremesa foram uns a seguir aos outros... Acrescentando que, devido às corrrentes de ar daquele local, o fumo dele vinha direitinho à minha cara!... Mas o que podia dizer?