segunda-feira, março 05, 2007

O exagero

Eu ia escrever que é dia-sim-dia-não, mas corrijo, todos os dias aparecem notícias ou «informações» sobre o que faz bem ou faz mal à saúde. Claro que, moderadamente, esse tipo histórias não faz mal nenhum e pode dar orientações do modo de se conseguir uma vida melhor. Moderadamente, disse eu. Quando estas notícias, mais ou menos alarmantes, começam a aparecer dia sim dia sim, passa-se a história do pastor e o lobo, as pessoas habituam-se de tal modo que deixam de lhes ligar importância.
Ora bem, «a última» a chegar, que vem em todos os jornais, é que
o ‘consumo diário de analgésicos aumenta o risco de hipertensão’. Se lermos bem, bem, o que lá vem escrito, é que o risco abrange pessoas que «tomam paracetamol seis a sete dias por semana» ou «um aumento de 48 por cento de hipertensão nas pessoas que tomam 15 comprimidos destes medicamentos».
Este é, aliás, um dos truques para desmontar o alarmismo sobre as ditas coisas que fazem mal ou fazem bem. Na esmagadora maioria dos casos, quando vamos ler que determinado produto ‘faz’ bem ou mal, isso é realmente verdade se o consumirmos numas doses extraordinárias. Esta é um desses casos – alguém que precise de tomar uma aspirina sete dias por semana, não está nada bem. Com uma dor tão persistente o que tem é de ir ao médico! Agora não vamos deixar de tomar eventualmente um comprimido numa tarde em que se tenha uma dor de cabeça, porque o paracetamol causa hipertensão.
Haja bom senso!

8 comentários:

josé palmeiro disse...

Fazes bem ao desmistificar essa notícia., e de uma forma geral, concordo com o que dizes. Fazes, entretanto, alguma confusão quando misturas o paracetamol com o acído acetilsalissílico. Eu sou hipertenso, e tomo, por prescrissão médica, ácido acetilsalissílico, diáriamente, porque vai, fluidificar o sangue. No que respeita ao paracetmol, aí sim, uma toma para além dos limites, poderá trazer, disturbios renais e consequente aumento da hipertensão. São dois medicamentos diferentes, por isso, há que esclarecer.

cereja disse...

Zé, não fui eu que «misturei» é o que diz a notícia. Lê o primeiro parágrafo. Aliás como também sei que o ácido acetilsalissílico se usa diáriamente em pequenas doses por receita médica exactamente como prevenção, estive quase a referir isso.

Farpas disse...

As aspirinas têm esse poder de que fala o José, mas têm o contra pois o seu uso prolongado provoca ulceras e é uma das principais causas do chamado Barrett's esophagus... por isso é que (não sei se é o caso do Zé Palmeiro) agora há uns comprimidos mais pequenos, na mesma composição mas com uma dose mais ajustável para uso "regular"!

Exageros quase nunca são bons...

Anónimo disse...

Medicamentos so o estritamente necessario e devidamente receitados, pois efectivamente alguns medicos abusam no receituario, e uma dor de cabeça por vezes , pode passar com uma saida do ambiente , tomar um cafézinho e passa, pois muito sofrimento é causado pelo stress. medicamentos são assunto sério.

Anónimo disse...

Tens razão, depoisde ler a notícia, verifiquei que dizia exactamente o que escreveste.
Um abraço ao Farpas, pelo esclarecimento que juntou, é efectivamente como ele afirma, relativamente aos perigos e á dosificação.
Reputo de grande importância, falarmos destas coisas, neste nosso areopago.

cereja disse...

:))) Zé, gostei do «areópago»! O Pópulo anda chic!
Brincadeiras à parte, o Farpas fez bem em falar ainda por cima daquilo que sabe melhor do que nós (não se esqueçam que ele sabe mesmo destas coisas...)
Quem precisa desse regulador de que fala o Zé Palmeiro usa -quando é o médico que receita, e assim é que deve ser - umas doses pequeninas, ou um medicamento chamado «Cartia». A Kati tem toda a razão, devemos esperar um pouca para ver como é que o organismo reage por si mesmo a algum desiquilíbrio. Mas também não faz sentido sofrermos demais - se o mal-estar continua, é de o atalhar. Claro que sem exageros, que é o que se apresenta aqui no artigo.

Anónimo disse...

Antes de ler os comentários vinha para dizer uma coisa, e agora já tenho dúvidas porque vocês foram todos para o lada da dita aspirina, etc, etc. mas a Emiéle disse uma coisa que eu queria pegar: é que nestes estudos do «faz bem» ou «faz mal» realmente trata-se de porções muito grandes. No outro dia falava-se de qualquer coisa que fazia bem, vamos imaginar que era a couve-flor. OK. Tinha lá uma percentagem de qualquer coisa que fazia bem; mas para se chegar a qualquer resultado tinhamos de comer 3 quilos de couve flor!!! (o 'produto' imaginei mas a quantidade era uma coisa destas...) Ora muito obrigado!!!!

cereja disse...

Pois é isso Joaninha. A gente tem andado a falar do que faz mal, mas também há os maluquinhos do «faz bem» e é o outro lado da história, para fazer um bem que se veja tem de se usar toneladas seja do que for...