sábado, março 03, 2007

A morte em público

A morte, tal como o nascimento, sendo os dois grandes momentos da vida deveriam também ser os mais privados. E assim é, pelo menos na quase totalidade dos casos.
Contudo, rarissimamente, mas acontece que como é acontecimento que não marca hora, pode ter horrorizados espectadores. Entre nós a mais mediática foi a de Feher mas, numa escala muito mais reduzida, foi o que se passou com o escritor João Alfacinha da Silva, anteontem na Culturgest.
Estive com uma amiga que faz parte de um grupo de leitura que se reúne periodicamente para estudarem a escrita de diversos escritores. Ainda tremia quando me contava que após uma pergunta, se seguiu um silêncio excessivo. Estranhou-se e até houve algum sorriso pelo facto de ele ser alentejano e a conhecida calma destas gentes. Só que o silêncio prolongou-se enquanto ele descaía na cadeira. Chocadíssimos começam a perceber que tinha tido um AVC, de tal gravidade que faleceu pouco depois.
A minha amiga contava-me isto gaguejando ainda.
Eu senti também o choque dela. Há alturas onde a natureza parece ser de uma grande crueldade.
Como pequena homenagem fica aqui a
entrevista que a Maria João Seixas lhe fizera há pouco. A última frase parece premonitória.

7 comentários:

Anónimo disse...

Sim Emiéle, o "ai!" ou "ui!", parecem premonitórios.
A verdade, é que acabou, como disse a Maria João Seixas, em "su sítio", mais um de nós. Coube, desta vez a sina ao João Alfacinha da Silva, conhecido literáriamente por "Alface", e conhecia-o. Somos amigos da família, muito em especial da Joana, sua irmã, que, neste momento deve estará passar um momento de muita tristeza. É dura esta fase da vida! Levemo-la o melhor que pudermos, pois , de tão curta, não dá para, outra coisa.

cereja disse...

Que parvoíce a minha, devia ter pensado que vocês eram patrícios... Claro que apesar de tudo não pensei que o conhecesses assim, bem.
De um certo ponto de vista, é uma boa morte. Tão rápida, e «em trabalho» digamos assim. É muito complicado é para a família.

Anónimo disse...

Não conheço o Alface, li agora a entrevista que deu á Maria João Seixas e gostei muito do que li.Teve uma boa morte como diz a Emiéle ,provavelmente mereceu-a,Que descanse em Paz

Anónimo disse...

Eu entendo o teu post, mas olha que é uma morte santa!!! Mais que isso só a dormir.

Anónimo disse...

Já tenho ouvido falar mas menos como escritor, mais nas suas actividades diversas. Como aqui todos estão a dizer, para ele deve ter sido o melhor mas que mau para a família e para quem estava lá a assistir...! Calculo que a tua amiga tivesse ficado em choque.

Anónimo disse...

Para quem aqui disse que não o conhecia, recomendo vivamente que leiam o «Cuidado com os Rapazes!» É excelente!

cereja disse...

Exactamente, essa série do «Cuidado com...» é giríssima, e o melhor é sem dúvida o «Cuidado com os Rapazes»
Mas não é um tipo muito conhecido, não.