quinta-feira, fevereiro 15, 2007

O balão de oxigénio

Decerto que não é surpresa. Fazia parte da combinação – todos os jovens que concorreram aos programas PEPAP sabiam que o tempo do seu ‘trabalho’ era limitado. Aliás isso estava escrito, foi-lhes dito claramente no início e repetido ao longo do ano «o que estavam a fazer era um estágio profissional» que não (com)prometia a continuação desse trabalho. O certo é que à pala disso também os números do desemprego diminuíram um pouco durante este tempo, sempre foram 3000 jovens que deixaram de correr para os Centros de Emprego…
Foi um ano em que puderam respirar. O tal ‘balão de oxigénio’. E, sejamos sinceros, um ano em que os serviços, a custo reduzidos, tiveram quem efectuasse trabalhos técnicos de que estavam necessitados.
Claro que como se diz no artigo
«este tipo de estágios que, embora contribuam para suprir necessidades de pessoal na função pública, falham o objectivo central da empregabilidade» ou seja como já vamos estando habituados tapa-se de um lado para destapar do outro.
É certo que durante este ano estes rapazes e raparigas adquiriram mais experiência. Também é certo que em muitos dos cursos o seu plano de curso já implicava dois estágios, um apenas pedagógico e um 'profissional' no final. E ainda, uma enorme maioria destes jovens já andava a fazer estágios não remunerados há bastante tempo, pelo que estes que eram remunerados foram o tal balão de oxigénio para evitar o desespero.
Mas a minha metáfora está errada. Os ‘balões de oxigénio’ usam-se em medicina para dar tempo ao doente criar defesas, melhorar e conseguir subsistir sem ele. Só que neste caso, os jovens que vão agora para a rua vão encontrar tudo na mesma. Nem ao subsídio de desemprego têm direito porque não estiveram «empregados». E os locais de onde vão sair, vão ficar sem 3000 técnicos e sem ninguém que faça esse trabalho.
Interessante.

9 comentários:

Anónimo disse...

Interessantíssimo, como bem dizes.
Por essas e por outras é que a minha filha, vai agora abrir um bar, depois de estágios desses, de recibos verdes, que nunca mais mudam de côr, que nunca mais adquiria tempo de serviço, para ter direito ao subsídio do mesmo.
Engenharias de quem não tem interesse em resolver os problemas básicos e que continue, como no caso hoje noticiado de um alto cargo da CP que foi posto na rua com uma alta indeminização, cerca de 200.000 Euros, se é que ouvi bem, e que, dois anos depois é contratado pela RAVE, também do grupo CP, com um ordenado de 5.000 Euros/Mês. Para esses há sempre, qualquer coisinha, por insignificante que seja.

Anónimo disse...

Depois de ler o que disseste sobre este problema, volto para rectificar as verbas e o tempo, assim:
-Em vez de 200.000, 210.000 Euros
-Em vez de dois anos, dois meses.
Faz a sua diferença, apreceberam-se do erro a tempo!!!

Farpas disse...

É tudo muito bonito é... é a cultura do logo se vê!

Farpas disse...

Ò José Palmeiro o bar é nos Arcos mesmo? Ao pé da doca?

Anónimo disse...

Eheheheh!!! Zé Palmeiro parece que já há um cliente... :)))
A história que o Zá Palmeiro conta também conheço muitas variantes. Jovens que se preparam para determinada profissão, andam anos em estágios de «faz-de-conta», ou de borla ou quase, depois trabalhitos de 3 meses em recibo verde, e ás tantas desistem e vão fazer qualquer outra coisa duferente daquilo de que gostam e para que foram preparados. Como dizia aqui alguém, como é que depois dizem que o nível de qualificação em Portugal é baixo..? qual o incentivo?

cereja disse...

Esta questão é dolorosa. Uma coisa são os jovens que se «instalam no ninho» da família e nem procuram trabalho continuando a viver do que os pais ganham. Claro que também há disso. Mas há muitos, mesmo muitos, que batem a todas as portas, enviam toneladas de curriculos, respondem a anúncios, e com sorte ganham 3 meses a recibo verde e 3 meses de desemprego, mais 3 meses de rebido, mais... Não há optimismo que resista.

Anónimo disse...

Vinha só dizer uma coisa - costuma ser a Isabel do Troll que foca os mesmos casos que tu focas, mas a coisa alastra-se! Hoje é o outro Troll , o Leal Franco, que fala neste caso. Vocês deviam geminar os blogs!

Anónimo disse...

Farpas, um abraço!
Sim, mesmo ao pé da doca, uma travessa que acaba no bar do, "CHE", na sesta, tenho um convite.

Anónimo disse...

É o Portugal precário dos jovens a recibo verde, dos estágios para o nada e do trabalho não remunerado a tempo e horas.