domingo, fevereiro 04, 2007

Lucidez

Tenho de dizer que já li dezenas de textos sobre o Referendo do dia 11 (de hoje a uma semana, atenção!). Alguns excelentes, esclarecedores, claros. Outros também muito bons, mais emotivos mas com uma emoção compreensível, fortes, contando até histórias que apesar de conhecidas se procuram ocultar. E, também, muita tontice alguma com mais má fé do que outra.
Mas se tivesse de dar prémios, daria o «Óscar» do texto mais lúcido e esclarecedor ao Rui Tavares. Estão cá TODOS os pontos principais:
A pergunta a que vamos responder no referendo do próximo dia 11 é compreensível para qualquer pessoa que saiba ler e isso é algo que nenhum contorcionismo político ou gramatical poderá mudar. "Concorda com a despenalização..." A despenalização é, evidentemente, a palavra-chave desta pergunta. É talvez surpreendente, mas o referendo do próximo dia 11 não é acerca de quem gosta mais de bebés, tal como não é acerca de quem mais respeita o sofrimento das mulheres. A pergunta do referendo também não é "dê, por obséquio, o seu palpite acerca de quando é que a alma entra no corpo dos seres humanos", matéria que sempre intrigou os teólogos. Não é acerca de quem gosta de fazer abortos e quem gosta de dar crianças para orfanatos. Por isso e acima de tudo, devo confessar que sofro de cada vez que ouço na televisão jornalistas falarem dos dois campos em debate como o "sim ao aborto" e o "não ao aborto".
E continua o seu pensamento:
Numa pergunta que começa com aquele "concorda com a despenalização", os dois votos possíveis não se dividem em pró-aborto e antiaborto, e muito menos pró-escolha e pró-vida. Os que respondem "sim" à pergunta são "pró-despenalização". Os que respondem "não" são "pró-penalização" (ou "antidespenalização", o que é forçosamente ser a favor da penalização). Tudo o mais é responder com alhos a uma pergunta sobre bugalhos, e qualquer chefe de redacção deveria saber isso.
Mas não quero transcrever aqui o artigo todo, ele merece mas o melhor é irem lê-lo na íntegra no Logicamente – Sim

6 comentários:

Anónimo disse...

Relevante a forma simples e directa como Rui Tavares vai directo ao assunto.
Só me resta concordar com ele e contigo.
Desejo-vos um bom Domingo!

cereja disse...

Eu gostei muito. Porque a verdade é que se anda à volta da questão, mas a questão é aquela pergunta. Eu, já há uns tempos abordei a coisa um pouco do mesmo ponto de vista (se não era por opção da mulher, seria por opção de quem?, se não era num estabelecimento legal então teria de ser num estabelecimento ilegal? ...)

Anónimo disse...

Aquele blog do Logicamente Sim, é todo muito bom. Mas sem dúvida que este artigo vai direito ao ponto chave, e não há cá Marcelos que possam dizer o contrário.

Anónimo disse...

Não conhecia esse blog. Como vão todos parar ao colectivo do «Sim ao Referendo», alguns passam-me ao lado. E parece-me aue esse texto também está no «Sim ao referendo».

Farpas disse...

Muito bom, aliás nada que não fosse de esperar de um grande blogger português (http://ruitavares.weblog.com.pt/).

cereja disse...

É verdade, Farpas. Já no tempo do Barnabé eu apreciava muito o que ele escrevia, e agora também concordo muitas vezes. Aqui sinto que acertou em cheio na mouche!