terça-feira, fevereiro 20, 2007

Haiku

Se calhar vocês sabem o que é. Eu, confesso que até há pouco tempo nunca tinha ouvido falar em tal…
Tinha de ser oriental, não pelo nome, apesar de por aí já vir uma pista, mas pelo conceito. Por aquilo que consegui entender o Haiku é encontrar o essencial e dizê-lo em 3 linhas formando uns minúsculos poemas.
Esta arte nasceu no século VII, teve o apogeu no século XVII, mas parece estar a tornar-se num fenómeno de moda agora. Fala-se em serenidade, em exercício para a simplicidade, para o essencial. O conceito é pensar em qualquer coisa e reproduzir o nosso pensamento em 3 versos, 17 sílabas (antes da tradução, é certo)
Os entendidos consideram que se sentem as emoções do poeta sem que elas sejam escritas e esse não-dito faz a beleza do poema. Um pouco hermético, não?
É uma escrita que se prende a detalhes, a questões ínfimas da vida.
«Paz no velho lago
Uma rã mergulha
Ruído de água»
escreveu o poeta Matsuo Bashô um dos mais famosos destes escritores.
Para se entrar bem dentro do espírito mandam-nos respirar, olhar, ouvir. Ver a sala em que se está, a sombra da cortina, a luz no sobrado. A erva no canteiro, o galo a cantar, a curva do voo de um pássaro. Reparar no pormenor.

Depois, como seria de esperar em algo que nasceu no oriente há montes de regras, regra formais. Segundo o kigo, a evocação de uma estação é colocada no primeiro verso. E depois vem o cinco, sete, cinco – ou seja o texto não pode ultrapassar 17 sílabas divididas em 3 versos (curto, longo, curto, 5/7/5) pode ser ainda mais curto, nunca mais longo!

Japonesices?...

14 comentários:

Anónimo disse...

São mesmo japonesices!!!
Mas agora virou moda no ocidente?!

Anónimo disse...

Independentemente do assunto é a primeira vez que vejo editares no dia seguinte, ou será que está no japão onde já é terça 20 de Fevereiro?

josé palmeiro disse...

Não conhecia, mesmo.
De qualquer modo, despertaste-me o interesse de saber mais, sobre o assunto. Vou debruçar-me, sobre o "Haiku"

cereja disse...

:)))))
Olha, já agora não apago, nem corrijo, porque se não acaba por não ter nenhum sentido o teu comentário!!!

Então «é assim»:
Este post estava escrito, como é evidente. Mas, para não fazer confusão com os que ia entretando escrevendo, escolhi uma data bastante posterior. Hoje, à hora do almoço, vi-o ali sossegadinho, e achei que era a altura. Acertei a hora mas nem confirmei o dia!!!
Pronto, foi assim!

cereja disse...

Ehehehe! Com a pressa de responder ao amigo Edmundo nem disse nada ao Zé e Raphael. Olha Raphael, «virou» um pouco moda pelo que li... Vamos ver a continuação. Zé Palmeiro, pelo menos estudar o assunto, penso que valerá a pena. Se tem interesse, é a segunda parte.

vague disse...

Emiéle,
Ora aí está uma simplicidade muito difícil de alcançar.

contradicoes disse...

Se a arte de versejar
está ao alcance de qualquer um
será que a moda vai pegar
esta do "haiku"

cecília r. disse...

eu gosto muito muito. ja ha uns anos que descobri o matsuo basho e de vez em quando leio so um, aberto ao calhas.
ha uma autora portuguesa que se aventurou na experiencia, nao me recordo do nome (vergonha!), mas quando chegar a casa digo-te.
a articulacao dos tres versos tem uma logica, em que o terceiro faz a sintese dos outros dois.

cereja disse...

Olha a Cecília aqui!!!!
Tenho de fazer mais investigações sobre poesia invulgar a ver se tenho mais visitantes como tu e a Vague que também aparece pouco!
Sejam bem-vindas meninas!

Anónimo disse...

Pronto, nao voltei cá ontem e lá se deu essa confusão das horas que o Edmundo notou! lol Mas pelos vistos deves ter feito uns ajustes depois porque agora está com a data de hoje (ehehehe) mas bastante 'cedo'
:D

Quanto ao estilo poético, olha que me parece atraente. Muito «trabalhado» decerto, mas interesante.

Anónimo disse...

Isto não me surpreende!
EU FUI UM PERCURSOR.
Ora vejamos:
O MEU E ÚNICO POEMA DE HÁ 40 ANOS:

"estava eu à beira de um passeio, veio um pé de vento e apanhei-o"

cereja disse...

Edmundo! Apanhaste para além do «pé-de-vento» o espírito da coisa! Afinal é mais ou menos essa a ideia. Observar a natureza e o quotidiano, referir o essencial, e dizê-lo num mínimo de palavras.

Mas a verdade é que construir poesia com regras bem definidas, nem é assim tão oriental. O que é um soneto senão exactamente isso?

Anónimo disse...

Eehehehe!!
Eu assim também sei uma, Edmundo. Contava a minha avó:

«Fui à feira e trouxe-te um figo
Assim que te vi
Comi-o!»

Anónimo disse...

Estou muito preocupado comigo mesmo!
Tinha prometido a mim mesmo que só divulgaria o MEU POEMA após ter sido publicado numa editora conhecida. Acontece que ainda não encontrei uma de que gostasse, e por isso está por editar há tantos anos. Depois de o ter escrito aqui passou a estar publicado e lido por largos milhares de pessoas cultas. Depois disto não posso aceitar publicá-lo por uma questão de decoro, não posso também fazer nenhuma nota de imprensa. Não sei se perdoarei a mim próprio este meu desvario.
Estou inconsolável e arrependido.