Falar
Há as expressões idiomáticas, que só fazem sentido quando usadas numa determinada língua e traduzidas à letra ficam cómicas. Todos conhecemos e brincamos com esse tipo de frases. Mas há também frases, entoações e modos de falar que apenas pela sua entoação podem ter um sentido bastante diferente daquele que se lhe daria se fosse apenas lido ou, por maioria de razão ouvido por um estrangeiro.
Uma delas é: “Preciso de falar contigo” ou “Quero falar contigo”. Para quem não domine bem a língua portuguesa, a frase mostra tão simplesmente o desejo de quem a diz de conversar. Coisa agradável e uma boa proposta. Mas para um de nós que a oiça pode ser inquietante e até, dita «num certo tom», ameaçadora!
Estes malabarismos não só do que se diz mas do «como» se diz e sobretudo do que está na cabeça de quem ouve (o «quero falar contigo» se for de um pai para um filho com a consciência pesada é um sinal de alarme) mas o certo é que funciona!
Ontem um colega meu ia almoçar com a ex-mulher. Dão-se bastante bem, mas como têm filhos em comum, volta e meia há algum problema. Ela tinha-lhe ligado «Queres almoçar amanhã comigo?» Ele aceitou, mas ia bastante nervoso «O que será desta vez?!» disse-me antes de partir. À volta vinha todo relaxado «Era mesmo só um almoço normal, amigável. Não havia problema nenhum!» contou-me à volta. Para ele, na expressão idiomática ex-conjugal, o «queres almoçar» traduzia-se por «vem aí sarilho».
Uma delas é: “Preciso de falar contigo” ou “Quero falar contigo”. Para quem não domine bem a língua portuguesa, a frase mostra tão simplesmente o desejo de quem a diz de conversar. Coisa agradável e uma boa proposta. Mas para um de nós que a oiça pode ser inquietante e até, dita «num certo tom», ameaçadora!
Estes malabarismos não só do que se diz mas do «como» se diz e sobretudo do que está na cabeça de quem ouve (o «quero falar contigo» se for de um pai para um filho com a consciência pesada é um sinal de alarme) mas o certo é que funciona!
Ontem um colega meu ia almoçar com a ex-mulher. Dão-se bastante bem, mas como têm filhos em comum, volta e meia há algum problema. Ela tinha-lhe ligado «Queres almoçar amanhã comigo?» Ele aceitou, mas ia bastante nervoso «O que será desta vez?!» disse-me antes de partir. À volta vinha todo relaxado «Era mesmo só um almoço normal, amigável. Não havia problema nenhum!» contou-me à volta. Para ele, na expressão idiomática ex-conjugal, o «queres almoçar» traduzia-se por «vem aí sarilho».
4 comentários:
Muito bem visto!
É tal e qula qssim. Há expressões inofensivas que em certos contextos passam a ameaçadoras.
E vice-versa, também....
Vicissitudes, da língua portuguesa.
Um desfio a ler e reler, bons autores portugueses, entendendo e descodificando aquilo que nos transmitem. Por outro lado, o nosso estado de espírito, ao ouvir ou dizer, uma qualquer, inofensiva, expressão, tem muito a ver com o que relatas.
E não é que tens razão???!
Por isso nós agora, mesmo na escrita, usamos muito mais pontuação. Agora quando escrevi aqueles três pontos de interrogação e um de exclamação era para dar um tom de ênfase.
lol
Olá!
Joaninha tem razão no «vice-versa», por acaso. Tanbém às vezes se dizem coisas que podem parecer brutas mas se for com um grande sorriso e num certo tom, se vê que é brincadeira, e 'descodifica-se' a mensagem correctamente.
Mas olhem que ainda ontem tive uma prova do que acabei de dizer: apanhei um táxi de disse que queria ir para um certo sítio, mas que «como não sabia se a rua Tal se podia descer», o melhor seria deixar-me à entrada. O taxista respondeu-me «não sabe que não se pode descer?!!!» com um tom que até parecia que me queria bater. Só lhe consegui responder «Pois não sei. Se soubesse não lhe dizia isto». Mais tarde entendi - ele queria SUBIR a dita rua e aumentar a bandeirada... Mas a frase, só assim «não sabe que não se pode descer?» nem era ofensiva, foi o modo como o disse.
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