Um bom rapaz

Raramente falo aqui no meu filho, apesar de todos saberem que tenho um. Claro que apesar de se dizer que «mãe há só uma» é certo que cada uma de nós «é mãe à sua maneira» e como as maneiras são diferentes eu falo pouco dessa faceta da minha vida, contudo por vezes não resisto a contar uma história.
A verdade é que ou por educação ( gostava eu que fosse!) ou por ser-mesmo-dele, a verdade é que tem ‘muita’ bom feitio! É o que se diz mesmo, mesmo, mesmo, BOM FEITIO!
Uma nossa grande amiga, este ano decidiu não oferecer «prendas compradas». Os presentes dela foram ali feitos em casa. E assim, o J. recebeu um saco cheiinho de uns biscoitos que ela faz muito bem e de que ele gosta muito. Ficou contente, provou, disse que estavam óptimos e voltámos para casa.
Nessa noite comeu aí um ou dois e o saco dos biscoitos ficou na cozinha.
Ora eu, dona-de-casa cuidadosa, pensei que um saco não seria o ideal para guardar os biscoitinhos que poderiam endurecer, e lá desencantei uma lata onde couberam todos, menos seis que continuaram no saco.
No dia seguinte, o J. levanta-se um bocado tarde, que era dia feriado, e entra na cozinha para tomar o pequeno-almoço. Olha para a bancada, vê o saco com 6 biscoitos e diz devagarinho em tom pensativo. «Ena… Que grande desbaste!...»
Não sei como traduzir em poucas palavras o tom que ele usou, mas era um misto de espanto e aceitação que só ouvido porque não se consegue transmitir…!!!
Claro que quando rebentei em gargalhadas ele viu que ali havia coisa. Mostrei-lhe a lata cheia: «Então tu achas que eu tinha coragem e fome, para durante a manhã acabar com os TEUS biscoitos!!!»
Achava. E lá terá pensado «que grande comilona!» mas pronto, aceitava que parte da sua prenda tivesse marchado da noite para o dia, assim sem qualquer aviso.
Se isto não é bom feitio, não sei o que seja!