Outro lado da medalha
Ontem escrevi aqui um post rabugento. Estava rabugenta. Apeteceu-me implicar, e ainda por cima tinha razão! Há pessoas que me enervam porque escolhem a maneira mais difícil de viver. Mas referi lá que conheço o oposto, e entretanto fiquei a lembrar-me dela, desse «oposto». E relembrei um post que escrevi noutro local há mais de um ano. Bem, fui ‘pescá-lo’ e volta aqui de novo porque continua actual. Apresento-vos a
Ana
Tenho uma amiga que se chama Ana. Foi uma inspiração dos seus pais este nome, porque ela não se poderia chamar de outro modo. Três letras, o nome mais simples em que se pode pensar, mas muito doce. Três letras. A mesma vogal repetida, a primeira das cinco vogais. Nome tão fácil que se diz e se lê nos dois sentidos. É um nome inicial. Nome que não soa bem gritado apesar de ter muita força. É a Ana. A minha amiga Ana.
Venho falar dela porque me sabe bem. Sabe bem pensar nela.
Havia antigamente na “Selecção do Readers Digest “ uma secção chamada “o meu tipo inesquecível” galeria de pessoas com aspectos de personalidade considerados interessantes por essa revista. Esta minha amiga deveria ter lá um lugar de topo.
Ela é uma pessoa perfeitamente normal, é claro. Não há nada de mágico. Teve uma boa infância numa aldeia, uma adolescência sem nada digno de relevo, namorou, casou, teve filhos, tem um emprego onde se mostra uma muito boa profissional, vive a sua vida com grande serenidade. Mas é para esse ponto, a serenidade, que eu quero chamar a atenção. É a pessoa que conheço (e se conheço muita gente!) que, com maior naturalidade, consegue descomplicar as coisas.
Percebem-me? Claro que a Ana tem uma vida tão difícil como cada um de nós. Para ser verdadeira devo até reconhecer que, em muitos aspectos, mais difícil do que muitos de nós. Mas tem o dom de olhar para os problemas com um olhar muito límpido e encontrar a saída do labirinto sem dificuldade. Já lhe tenho dito isso de brincadeira: enquanto nós procuramos uma saída para as nossas dificuldades entrando vezes sem conta em becos sem saída, batendo com a cabeça nas paredes e tendo de voltar atrás – como nos verdadeiros labirintos – ela, como que abre umas asas, sobe e plana um pouco, vê o labirinto por cima encontrando a saída num só olhar.
Quando lhe chamo descomplicadora, acho que é a palavra certa mesmo que a tenha inventado agora. Ela vive a sua própria vida resolvendo as dificuldades uma por uma ou contornando-as quando não há resolução, de um modo lúcido e tranquilo. E alegre, ainda por cima.
E esse método funciona também para os outros.
Tenho sido testemunha de gente quase desconhecida que vêm desabafar com ela problemas pessoais e íntimos. Ela dá a sua opinião que parece de simples bom-senso. Parece. Mas afinal é muito mais do que isso, pela expressão que vejo aparecer nos olhos dessas pessoas. Era exactamente o caminho que precisavam de ver indicado. Ela tem o dom de apenas com a sua presença, a sua voz, a sua atitude empática, aliviar o peso do stress e atrair boa disposição.
Que o diga eu. Sei que sinto um calor no coração, se chego a casa cansada depois de um dia de trabalho complicado, ligo o gravador de chamadas e oiço uma voz clara onde se pressente o sorriso “Olá! Sou eu! Falou a Ana!”
Ana
Tenho uma amiga que se chama Ana. Foi uma inspiração dos seus pais este nome, porque ela não se poderia chamar de outro modo. Três letras, o nome mais simples em que se pode pensar, mas muito doce. Três letras. A mesma vogal repetida, a primeira das cinco vogais. Nome tão fácil que se diz e se lê nos dois sentidos. É um nome inicial. Nome que não soa bem gritado apesar de ter muita força. É a Ana. A minha amiga Ana.
Venho falar dela porque me sabe bem. Sabe bem pensar nela.
Havia antigamente na “Selecção do Readers Digest “ uma secção chamada “o meu tipo inesquecível” galeria de pessoas com aspectos de personalidade considerados interessantes por essa revista. Esta minha amiga deveria ter lá um lugar de topo.
Ela é uma pessoa perfeitamente normal, é claro. Não há nada de mágico. Teve uma boa infância numa aldeia, uma adolescência sem nada digno de relevo, namorou, casou, teve filhos, tem um emprego onde se mostra uma muito boa profissional, vive a sua vida com grande serenidade. Mas é para esse ponto, a serenidade, que eu quero chamar a atenção. É a pessoa que conheço (e se conheço muita gente!) que, com maior naturalidade, consegue descomplicar as coisas.
Percebem-me? Claro que a Ana tem uma vida tão difícil como cada um de nós. Para ser verdadeira devo até reconhecer que, em muitos aspectos, mais difícil do que muitos de nós. Mas tem o dom de olhar para os problemas com um olhar muito límpido e encontrar a saída do labirinto sem dificuldade. Já lhe tenho dito isso de brincadeira: enquanto nós procuramos uma saída para as nossas dificuldades entrando vezes sem conta em becos sem saída, batendo com a cabeça nas paredes e tendo de voltar atrás – como nos verdadeiros labirintos – ela, como que abre umas asas, sobe e plana um pouco, vê o labirinto por cima encontrando a saída num só olhar.
Quando lhe chamo descomplicadora, acho que é a palavra certa mesmo que a tenha inventado agora. Ela vive a sua própria vida resolvendo as dificuldades uma por uma ou contornando-as quando não há resolução, de um modo lúcido e tranquilo. E alegre, ainda por cima.
E esse método funciona também para os outros.
Tenho sido testemunha de gente quase desconhecida que vêm desabafar com ela problemas pessoais e íntimos. Ela dá a sua opinião que parece de simples bom-senso. Parece. Mas afinal é muito mais do que isso, pela expressão que vejo aparecer nos olhos dessas pessoas. Era exactamente o caminho que precisavam de ver indicado. Ela tem o dom de apenas com a sua presença, a sua voz, a sua atitude empática, aliviar o peso do stress e atrair boa disposição.
Que o diga eu. Sei que sinto um calor no coração, se chego a casa cansada depois de um dia de trabalho complicado, ligo o gravador de chamadas e oiço uma voz clara onde se pressente o sorriso “Olá! Sou eu! Falou a Ana!”
13 comentários:
Estranho. Tenho a mania de que sou uma leitora super-fiel, e venho atrás de ti desde os tempos do Afixe não me lembro deste post da Ana.
Gostei muito Emiéle.
Devias pô-lo numa categoria, assim Intimidade ou um desses para a gente reler quando nos apetecesse...
Que sorte teres essa amiga ANa! Era mesmo duma descomplicadora assim que eu precisava agora, enleada que estou nos meandros do labirinto, sem lhe ver porta por onde sair...:-)
Mar e Joaninha: Nem de propósito telefonou-me há 5 minutos.. Sabem que até mesmo ao telefone «é terapeutico» falar com ela...? Desabafei a história das outras 'complicadinhas' e o riso dela e o conselho de «não levar isso muito a sério» já me ajudou um pouco. A verdade é que se não posso alterar a situação é deixar correr, sabendo que fizemos tudo o que devíamos...
Aliás, nem é da minha responsabilidade, é mais da irmã.
Olha Joaninha, tens razão. Vou por na categoria «intimidade»
E não o leste porque não foi publicado nem no Afixe, nem no Pópulo. Tenho os meus segredos!
É muito bom ter uma amiga assim .Tenho uma parecida ,que me acalma mas sem me dar sugestões ou soluçoes possiveis,contudo aprecio mais, quem é capaz de me colocar uma luzinha ao fundo do túnel.Seja como for são joias a persevar
Quando acabei de lei o post também tive a reacção da Joaninha, uma vez que no Afixe fui sempre seu leitor assíduo e não me lembrar de o ter lido. Mas ficou esclarecido, ficou apenas no rascunho. Bom início de semana
Tal e qual «anónimo» (a propósito se quiseres deixar um nick, clica onde diz other e escreve apenas esse nick onde diz name)a expressão que me ocorre também é 'joia'.
Tudo o que contei é a pura das verdades. E como disse, ela consegue encontrar a tal «luzinha» ao longe porque não se deixa envolver pelas nossas complicações. Mas, atenção, não é nada 'passiva', luta com energia por aquilo em que acredita, não faz é drama das coisas, e consegue 'desdramatizar' os nossos.
Olá Raul! Quando dei a resposta aqui em baixo ainda não tinha entrado o seu comentário.
Olhe que não, não ficou em rascunho, foi escrito num blog onde colaborei muito pouco tempo, e com outro pseudónimo... Era um blog muito bom, mas individual e a minha colaboração foi muito esporádica.
Eu também não sou muito complicada, mas pelo que descreves não devo chegar nem aos calcanhares da Ana!
Mas quem, como tu, tem como amigas aquela mãe do rapaz de quem falaste uma vez e agora esta "parelha" mãe-filha, bem mereces umas Anas para desanuviar!!
Ufff!!
bjs
Eheh, eu por acaso já tinha lido este post uma vez que andava a "circular" por aí! ;p
É bom descomplicar!
Olá, meus comentadores da noite, "saltapocinhas e farpas". Quando «fecho o blog» devia lembrar-me que vocês ainda andam a passarinhar por aqui!
Pois é, Salta! Cá para mim, penso que as coisas se equilibram e a minha querida Ana é a resposta dos céus às outras 'provações'... ;D
Farpas, já calculava que se alguém se poderia lembrar eras tu... Já nem é uma medalha que mereces é mesmo uma comenda, daquelas pesadas e com uma fita muito grossa!!!!
Li este escrito e fiquei impossibilitado de dizer, fosse o que fosse.
São exemplos desses que nos tornam HUMANOS.
Depois o nome, ANA, as três letras, como tu dizes, sabes eu também tenho uma Ana, a minha filha. É também uma mulher de armas, desenrascada e com um elevado sentido de humanidade.
Tocou-me o teu escrito e só hoje, aqui vim. É como dizem, na esgrima: "Toucher"
Obrigada, amigo. Sabe muito bem quando de facto 'tocamos' alguém no bom sentido. O que posso dizer é que este texto foi escrito com a maior sinceridade, sem querer lisongear quem o não precisa, mas para acentuar que me sinto feliz por ter amigas assim.
Não sabia que também tinhas uma Ana, e é com certeza boa rapariga :D Só pode!
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