sexta-feira, janeiro 12, 2007

Dentista



Li, já não sei onde mas todos temos essa noção, que Portugal é um dos países onde se vai pouco ao dentista e onde se anda com os dentes mais mal tratados. (claro que falo sempre aceitando que vivemos no primeiro mundo…) Só que é bom não esquecer que esta é uma área da saúde que não é coberta pelo SNS. Lá devem pensar que mais dente menos dente não é por isso que se morre e, se houver cuidado e uma boa higiene, toda a gente andaria aqui com o esmalte a luzir, portanto quem o não anda é por culpa própria…
Ora bem, ontem fui ao dentista. Ainda sou daquelas que pensa que se deve ir de vez em quando, tipo «revisão do automóvel», e ainda por cima no outro dia senti uma moínha que podia não ser nada, mas…sempre era melhor prevenir. Ora o meu dentista é um tipo novo, competente, mas não é nenhum ‘barão’, nem tem um consultório XPTL no coração de Lisboa com sala de espera pomposa e um friso de meninas na recepção. Coisa normal, bom ambiente mas simples, sem grande estadão. Fui atendida à hora, como aliás é seu costume, e afinal não tinha nada. Lá fez uma limpeza, por causa do tártaro ou lá o que era e, pelo sim pelo não, mandou tirar uma radiografia geral, porque a última tinha já uns dois anos. Lá passei a outro gabinetezinho onde uma gentil menina me mandou tirar brincos e colar e enfiou-me a cabeça numa máquina sofisticada. OK. Mais cinco minutos e a menina da recepção veio dizer que estava tudo bem e que podia marcar a próxima quando quisesse. Não cheguei a estar lá 20 minutos, tudo em ordem e eu feliz. Esta é a parte agradável.
A menina sentou-se ao computador para me passar o recibo e eu destapei a caneta para passar o cheque. Quanto devo? Cento e tal euros. (……)


Não é preciso pensar-se muito para ver porque é que os portugueses andam com dentes estragados, pois não? Quando numa ‘revisão’ normal desembolsamos ¼ do salário mínimo nacional, está tudo explicado. Queres uns dentes bons? Ou tens uma sorte daquelas, ou vais ao Banco fazer um empréstimo!

8 comentários:

Anónimo disse...

Pois esse é o grande problema. O facto de não fazer parte do Sistema Nacional de Saúde, também é indicativo da importância que os cidadãos comuns têm, para que conduz os destinos da nação.

Anónimo disse...

Que linda menina!
Não partilho esse cuidado Emiéle, apesar de saber muito bem que o devo fazer. Mas vou só em aflição e masmo assim, se a dor passar ainda fujo de lá!
Quanto aos preços é assim mesmo. A o facto de o SNS se estar borrifando é bem significativo. Aliás oftalmologia existe, mas é quase como se não houvesse.
Qualquer dessas especialidades deviam existir nos Centros de Saúde!

Rita Inácio disse...

Pois Emiéle! Ha um ano parti um dente, o dentista queria que eu o extraisse, porque a tendência era continuar a partir-se, e passado pouco tempo podia acontecer o mesmo.
Desvitalizar, desvitalizar, reconstruir,bla, bla, bla,... só sei que a reconstrução ficou em cerca de 250 euros. Um dente = 250 euros. Pensei várias vezes se nºao devia tê-lo tirado,...

Nota: Se não fosse o dinheiro extra dos Fadinhos, nunca teria arranjado o dente.

Anónimo disse...

A menina que arranjaste para a ilustração é um engano daqueles de alto lá com o charuto.
Olha lá- publicidade enganosa!!!! Alguma vez uma pessoa se senta ali e abre a boca com aquele ar calmo???!!!!
São dores em todos os lados, na boca e na carteira!

Rita, olha que visto bem nem foi caro. Aqui a Emiéle pagou quase metade por uma limpeza e um radiografia :D

Anónimo disse...

Olha Rita e agora há mais uma modalidade jeitosa. É aquela cena dos «implantes». À primeira vista todos nós preferimos, não é? Tira-se um dente e fica um buraco. Tem de se tapar esse buraco. Ou se põe uma prótese horrível cheia de arames e coisas dessas ou encaixa-se ali outro dente todo lindo que fica para sempre. Toda a gente gosta da ideia.
Depois pergunta-se quanto custa…
Ai, ai, ai… Nesse caso é que é preciso o «empréstimo bancário» de que fala a Emiéle.

cereja disse...

É isso, Rita. Uma pessoa como nós, ainda estica um bocado os cordões e consegue pagar um arranjo desses, mas as famílias que vivam de facto com o SMN? com vários filhos a alimentar? Com renda, transportes, vestuário, água e luz para pagar? Vão-se desleixando e muitas vezes o dente vai mesmo à vida, e vemos por aí essas bocas desdentadas que fazem aflição. E afinal é uma área da medicina como outra qualquer, de que toda a gente necessita.
Apoio inteiramente a Joaninha quando ela diz que devia haver era em todos os Centros de Saúde!

Anónimo disse...

Apete-me dizer isto-Pobres só têm direito a ser pobres- ponto final.
O direito á saude é constitucional, mas só no papel..,mas quando dói , dói mesmo e eles são feitos da mesma matéria que nós, ao menos a natureza podia tê-los deiaxado com um limiar de dor mais elevado, já que os rendimentos para os medicos são baixos . É o que mais me custa a aceitar neste país tão pobre para a maioria

cereja disse...

Anónimo, a ideia é impressionante. Livra! Mas aqui o absurdo é a definição de Saúde, como se a saúde oral não fizesse parte da globalidade.