sábado, janeiro 13, 2007

As «complicadoras»

Há pessoas que têm um dom maravilhoso, o de simplificar a vida.
Não há muita gente assim, mas há algumas. Eu tenho uma amiga com essa qualidade maravilhosa. Dá-nos imensa serenidade. Junto dela tudo parece fácil, simples, equilibrado: é a minha amiga anti-stress.
Depois, a maioria de nós somos o que poderá dizer «assim-assim». Quase todos «temos dias»... Por vezes olhamos para os problemas de frente e eles têm justamente a sua medida certa, outras vezes parecem-nos montanhas, ou se estamos em dia bom, pensamos que tudo se irá resolver sem dificuldades de maior.
E há outra minoria (também não são muitos, felizmente) que se dedica a complicar tudo. É uma canseira...
Nos últimos tempos tenho procurado ajudar uma amiga nos seus problemas familiares. Quanto a marido e filhos as coisas correm bem, mas tem uma irmã e uma mãe que lhe põem a cabeça às voltas. A mãe, já velhota, tem (sempre teve) um feitio terrivelmente autoritário e a irmã solteira que vive com ela está doente e precisa de ajuda. Esta minha amiga organizou vários apoios, há uma ‘rede’ de empregadas e ajudas de enfermagem que deveria ser suficiente no caso da mãe não embirrar com elas. Mas é esse o caso – ninguém pára lá porque a senhora lhes inferniza o juízo e consegue despedir todas as que vão aparecendo.
Bom, esta minha amiga teve agora de sair uns dias do país, em trabalho, e pediu-me se deitava um olho àquela casa.
Como eu a compreendi!! A empregada tinha deixado uma refeição que era só aquecer e tinha saído. Quando lá entrei, a cozinha era um mar de tachinhos, de pratos, de talheres sujos, onde mal nos podíamos mexer, porque apesar do micro-ondas tinham decidido aquecer cada produto no fogão e em tachos diferentes (!!!) e a dona da casa ainda quis um ovo mexido sujando a tigela, o garfo, a frigideira, deixando a manteiga, os ovos, tudo em cima da bancada...
Foi preciso um número de telefone, mas a tarefa de o encontrar impossível, porque percebi que aquelas duas almas guardavam todos os papelinhos - facturas, recibos, agendas de vários anos, receitas, fotografias - misturados em várias gavetas, pelo que encontrar fosse o que fosse era tarefa impossível! E, o irónico, é que guardavam tudo aquilo porque «podia ser preciso»!
Mas o requinte, o que as classifica como autênticas «complicadoras», foi quando, simpaticamente me forneceram uma argola com chaves para não ter de bater à porta. Tudo bem se naquela argola não estivessem, para além de duas chaves realmente necessárias, a da porta de casa e a da rua, mais umas quatro ou cinco, muito semelhantes mas das quais elas não tinha a menor ideia de que eram nem para que serviam...

4 comentários:

Anónimo disse...

Entendo o que dizes mas penso que é o mal da velhice. Quando 'tropeço' com um caso desses também fico irritada, mas imagino que não há nada a fazer a não ser ter-se paciência.

Anónimo disse...

Posso estar enganado, mas penso como a Gui, que isso é muito caturrice de vhelhota. Eu tenho uma tia-avó que tem gavetas e gavetas cheias de caixas com botões, cordeis, restos de lápis, uma tralha inacreditável que não vai servir mesmo para nada, mas que guarda religiosamente.
Bem, quanto à confusão na cozinha já não digo nada. Se tinha ficado tudo limpo e em ordem e era só aquecer...

Farpas disse...

Eheh tu metes-te em cada uma, esta fez-me lembrar a história com o filho de uma amiga tua que uma vez aqui contaste!

cereja disse...

É isso, Farpas, tenho tendência a envolver-me em histórias meio parvas...
E vocês cá estão para me ouvir!