Para pensar
Eu, por mim, tenho muitas dúvidas. A notícia de que o senhor ministro jantou com um grupo de «sem abrigo» faz despoletar muitos pensamentos, e nenhum muito simpático.
Sabemos que todas as grandes cidades têm os seus «sem-abrigo», e se calhar quanto maior ela for maior é este número. Só que a classificação de «sem-abrigo» é um grande saco onde cabe muita coisa. Claro que todos sabemos que têm esse nome qualquer pessoa que dorme na rua, que não tem um teto.
Mas tirando essa definição generalista, depois temos milhares de situações específicas.
Temos uma grande fatia de gente que se pode classificar como doente mental. Será que já o era quando foi viver para a rua, ou passou a sê-lo com essa vivência…? Mas é uma evidência. Muitas das pessoas que encontramos embrulhadas em cobertores na entrada do metro, nos bancos dos jardins, não têm um discurso coerente, têm uma patologia de doente mental.
Mas há também os que consideram que as condições que existem nos Centros de Acolhimento são tão más que entre isso e o ar livre da rua preferem a segunda hipótese. A frase, racista sem dúvida, de um dos sem-abrigo, é sintomática: «A Misericórdia de Lisboa paga pensões a africanos e a ucranianos, nas Amoreiras, mas a mim, que sou português, mandaram-me para um centro de acolhimento em Xabregas, onde tinha que dormir com drogados, com seringas e muita porcaria» E acrescenta: «Saí do centro de Xabregas, porque não aguentava aquilo. Prefiro dormir na rua, no meu sossego. A Comunidade Vida e Paz e a AMI (Assistência Médica Internacional) vão-me ajudando. É assim que vivo, mas longe de drogados e seringas»
Talvez o senhor ministro, depois de ter jantado com eles fique mais sensível ao problema, e veja que verbas pode disponibilizar para dar alguma dignidade a esta gente.
Sabemos que todas as grandes cidades têm os seus «sem-abrigo», e se calhar quanto maior ela for maior é este número. Só que a classificação de «sem-abrigo» é um grande saco onde cabe muita coisa. Claro que todos sabemos que têm esse nome qualquer pessoa que dorme na rua, que não tem um teto.
Mas tirando essa definição generalista, depois temos milhares de situações específicas.
Temos uma grande fatia de gente que se pode classificar como doente mental. Será que já o era quando foi viver para a rua, ou passou a sê-lo com essa vivência…? Mas é uma evidência. Muitas das pessoas que encontramos embrulhadas em cobertores na entrada do metro, nos bancos dos jardins, não têm um discurso coerente, têm uma patologia de doente mental.
Mas há também os que consideram que as condições que existem nos Centros de Acolhimento são tão más que entre isso e o ar livre da rua preferem a segunda hipótese. A frase, racista sem dúvida, de um dos sem-abrigo, é sintomática: «A Misericórdia de Lisboa paga pensões a africanos e a ucranianos, nas Amoreiras, mas a mim, que sou português, mandaram-me para um centro de acolhimento em Xabregas, onde tinha que dormir com drogados, com seringas e muita porcaria» E acrescenta: «Saí do centro de Xabregas, porque não aguentava aquilo. Prefiro dormir na rua, no meu sossego. A Comunidade Vida e Paz e a AMI (Assistência Médica Internacional) vão-me ajudando. É assim que vivo, mas longe de drogados e seringas»
Talvez o senhor ministro, depois de ter jantado com eles fique mais sensível ao problema, e veja que verbas pode disponibilizar para dar alguma dignidade a esta gente.
8 comentários:
Como dizes é «para pensar»
Como tenho de voltar agora a tabalhar não ma dá para um comentário muito extenso.
Também tenho a ideia de que muitos dos sem abrigo são de facto doentes mentais. Mas para a doença mental também haverá uma resposta... ou não? E temos os alcoolicos. E temos os drogados. E temos os imigrantes. São muitas variáveis.
Na rua, no meu sossego é uma frase que nem tem resposta, mas alem do socal inclina tambem para problemas mentais. Mas não se pode dizer mais nada, para o ano o ministro janta outra vez com eles. Que conforto, que alegria.fj
Olha, também me chocou o dizer-se «na rua, no meu sossego»; o que pensei é que a vida nesse Centro de Acolhimento deve ser terrível. Aí é que o senhor ministro devia aparecer para jantar, mas sem ser esperado! E comer do mesmo que os que lá estão abrigados.
Na minha opinião, para além da miséria, grande parte dos sem abrigo são mesmo problemas de saúde mental - para além da droga e alcool, é claro.
Mas é caricato esta da Ceia de Natal uma vez no ano. E o Ministro a ir lá, é como o Rei ou a Raínha a acompanharem «os seus» pobres. Que raio de ideia.
Nunca se sabe o que vai na cabeça de certas pessoas, mas também acredito no que dizes Emiéle. Acho que um dos problemas dos centros de abrigo é a manutenção, eles são criados e ao inicio são realmente bons, mas o pior vem depois com o tempo e acho que é neste ponto que se falha um bocado...
Eu falo ou tanto de cor, só pelo que ouvi dizer a quem conhece. Nunca fui a nenhum.
Mas é como quase tudo, também acredito que nos primeiros tempos tenho um aspecto decente. E porque não propor aos ditos «sem abrigo» que como troca de ali poderem estar tratassem da manutenção do espaço...? Não parece nenhuma exigência descabida.
Para opinares sobre o assunto nada melhor do que ires até lá e conhecer pessoalmente o Centro. Em tod o lado, em todos os países e Continente existe, e sempre existirá, quem prefira morar na rua. Por várias razões, uma delas pela rotina, pela obrigatoriedade mínima que tem de existir nestes Centros. E ainda bem que há liberdade para dormir onde se quer! Mau seria se voltassemos atrás, no tempo do Estado Novo.
"E porque não propor aos ditos «sem abrigo» que como troca de ali poderem estar tratassem da manutenção do espaço...? Não parece nenhuma exigência descabida." - Vê se mesmo que não sabem do que falam! Se não fosse tão trágico, até seria para rir.
Este espaço é um espaço lindo. O mais bonito deles todos. Deveriam de conhecer outros por este mundo fora... Certamente que já teriam mais cuidado com o que dizem!
Matahary, comecei por dizer que não o conhecia, ou seja quando «opinei» foi com essa ressalva. Imagino que quando dizes «Este espaço é um espaço lindo. O mais bonito deles todos. Deveriam de conhecer outros por este mundo fora... » o dizes com ironia, e conheces outros por esse mundo fóra. Eu não. E quem aqui comentou também não, calculo eu.
Mas não me pareceu um disparate tão grande, se as queixas são se sujidade (e pelo que se vai vendo pelos sem-abrigo que encontramos tanto por aí também não dá a ideia de estarem muito limpos) que els próprios, se lhes dessem materiais e condições ajudassem à higiene desses locais. Tu, que conheces o sítio, podes explicar porque é que isto é disparate. Nós ouvimos e ficamos a saber. Sem ironia.
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