segunda-feira, dezembro 11, 2006

Fugir (?) para ao pé da mãe

Ouvi várias vezes a notícia ontem. Foi das primeiras que abria os noticiários, e logo me chocou. Hoje tentei ler, a ver se em letra de forma entendia melhor, mas continuo na mesma. Dizem que houve uma falha e realmente parece, mas não ‘falha de segurança’ e sim ‘falha no tratamento técnico do caso’
Ressalvando que eu possa ter compreendido mal toda esta história, o que entendi foi o seguinte:
Trata-se de uma família, ou pelo menos de uma mãe com quatro filhos. Pequenitos, de 12, 10, 9 e 5 anos pelo que se diz. É acusada de mendicidade (e porque é que se mendiga, porque é?) e, como solução/castigo, retiram-lhe os filhos. Imagino que a justificação teria sido que era para o bem das crianças, que no local para onde os mandavam teriam melhores condições de vida do que junto da família…
Agora, com surpresa de quem procedeu a esta acção aberrante,
estes meninos fogem para junto da família e isto é relatado como «fuga» ou «rapto» ou sei lá o quê. O responsável pela casa onde eles estavam presos guardados até tem esta frase espantosa: «[...]As portas até estavam trancadas e os muros iam ser objecto de obras. Porém, até da prisão fogem detidos»
Imaginem-se vocês com 10 anos ou menos. Numa terra estranha, com hábitos estranhos e cuja língua nem conhecem. Vivem com a vossa mãe seguindo hábitos de vida que têm desde pequeninos. Chegam uns adultos que vos arrancam de ao pé dela, vos levam para uma casa com outras crianças com quem não conseguem falar e uns adultos que nunca viram na vossa vida e que também falam uma língua estranha.
Desculpem lá, quem raptou quem?
Para quem ouve a notícia, o que ocorre é a ideia se desenvolver um trabalho de integração com toda a família porque esta mulher deverá precisar de ajuda, será toda uma família em risco. Agora retirar-se as crianças à força de ao pé da sua mãe, é uma ideia peregrina que só poderia ter a conclusão que teve.

6 comentários:

cereja disse...

É claro que isto tudo deve ter uma explicação muito certinha. Os putos eram «explorados», andavam a pedir para os pais, etc, etc, mas alguém os ouviu????
Porque o 'castigo' foi para eles.

Anónimo disse...

Sabes que senti tal e qual o mesmo.
Como????
A solução para a mendicidade dos pais é retirarem-lhe o «instrumento de trabalho» as crianças?! se é grave que pais 'usem' os filhos para comoverem as pessoas quando pedem esmola, esta pseudo-solução é de enorme desumanidade para as crianças. Mesmo que fossem portuguesas quanto mais com outros hábitos e outra língua!!!

cereja disse...

Para mim há duas soluções. Uma ideal, que seria arranjar uma ocupação aos pais, uma escola para as crianças, e vigiar para que as regras fossem cumpridas.
A menos má, seria um RMG para os pais que deixariam de receber se os filhos não frequentassem a Escola. E a má, que seria repatriar pais e filhos. Contudo, até a má é o ainda menos do que esta que arranjaram de separar as crianças dos pais! esta sim, é sinistra!

Anónimo disse...

Concordo com o post e suas afirmações. embora pelas entrelinhas o caso dos pais pareça ser bastante complexo. Mas embora lateral, e comparando com outros casos que a tv tem mosrado, é a aparente debiliodade mental de quem dirige as instituições. Neste caso, embora menos violento, ainda parecia mais debil do que os padres das oficinas de S.José. Como é que gente desta chega a lugares de tanta responsabiliodade?!fj

Farpas disse...

Mais um caso de como querem resolver o problema escondendo-o, ou camuflando-o... de qualquer das maneiras não resolviam o problema da família tirando as crianças...

Anónimo disse...

Eu devo ter reagido muito emocionalmente, porque como aqui vos disse me imaginei na pele dos miúdos, estranhos numa terra estranha, separados à força dos pais e enfiados numa casa com regras que não conhecem e onde falam uma língua que não entendem. Um pesadelo.
É evidente que o 'esquema' dos pais é estranho. Se usaram para a fuga um carro de marca, mais estranho é. Agora, continuando a centrar-me no caso do sentimento das crianças, estou plenamente de acordo com o que disse o FJ - mas quem é a criatura que dirige aquela casa, e se lembra como exemplo que «até da prisão fogem detidos». Que raio de formação terá???