Controlo da blogosfera à chinesa
É certo que se passou na China, mas não deixa de ser preocupante. Foi um amigo que me chamou a atenção e fui ler a notícia. E, tal como ele me tinha contado, a China está a pensar em obrigar os bloggers a mostrarem a sua identificação, o que lhes vai permitir controlar quem diz o quê na net, e poderá no caso de um regime como o deles praticar uma censura descarada encapotada às opiniões que lhe desagradem ou que belisquem o Poder. As palavras podem ser bonitas, o equilíbrio entre o direito à privacidade e o interesse público (entendendo-se, neste caso, por interesse público o interesse do governo bem entendido) e decerto que pode e deve haver um equilíbrio. O facto de a net poder permitir um completo anonimato até certo ponto, pode de facto permitir excessos. É natural que entre os internautas, tal como no mundo não virtual, existam também pessoas mal formadas, com falta de caracter, que possam espalhar calúnias ou mentiras graves. Não posso dizer que não. Seria estranho que assim não fosse.
Mas o certo é que nos casos graves, identificando-se o computador onde foi escrito essa injúria – o que se poderá sempre fazer- qualquer tribunal poderá, como se passa noutro qualquer tipo de mentira caluniosa, punir quem a disse. Agora a proposta que se entende de, sobretudo nos blogs como se lê na notícia, haver a obrigação de se assinar com o nome real, é de um enorme autoritarismo. A verdade é que o uso de pseudónimos não nasceu nem nos blogs, nem na net, nem até mesmo neste século. Como sabemos tantos escritores e poetas usaram um pseudónimo por desejaram não se sentirem limitados com o uso do seu nome. Mesmo um jornalista pode usar um «nome de guerra» diferente daquele com que assina os seus cheques, ou o bilhete de identidade. O resguardar a privacidade de uma pessoa parece ser uma norma aceite pela sociedade onde vivemos.
Mas não na China, pelos vistos. Lá não chega a identificação do pc de quem escreve, no caso espera-se que raro, de considerações maldosas. E, o que me deixa inquieta, é a proposta de que, não apenas os bloggers chineses que lá terão de suportar o regimen em que vivem, mas que toda a comunidade da blogosfera mundial seja apanhada nessa rede de controlo rigoroso.
De qualquer modo, tudo isto é um absurdo. A não ser que se pretendesse que aparecesse escarrapachado além do nome completo de cada um, a foto e talvez a impressão digital, é sabido que a identificação seria sempre vaga. Peguem numa lista telefónica e contem quantos «Joões Silvas», ou «Marias Sousas» temos nós! Cá por mim, com o meu primeiro e último nome, só na zona de Lisboa encontro aí umas três páginas, no país todos são milhares de certeza. Portanto além da quebra teórica da privacidade é também ineficaz para o que se pretende.
Mas o certo é que nos casos graves, identificando-se o computador onde foi escrito essa injúria – o que se poderá sempre fazer- qualquer tribunal poderá, como se passa noutro qualquer tipo de mentira caluniosa, punir quem a disse. Agora a proposta que se entende de, sobretudo nos blogs como se lê na notícia, haver a obrigação de se assinar com o nome real, é de um enorme autoritarismo. A verdade é que o uso de pseudónimos não nasceu nem nos blogs, nem na net, nem até mesmo neste século. Como sabemos tantos escritores e poetas usaram um pseudónimo por desejaram não se sentirem limitados com o uso do seu nome. Mesmo um jornalista pode usar um «nome de guerra» diferente daquele com que assina os seus cheques, ou o bilhete de identidade. O resguardar a privacidade de uma pessoa parece ser uma norma aceite pela sociedade onde vivemos.
Mas não na China, pelos vistos. Lá não chega a identificação do pc de quem escreve, no caso espera-se que raro, de considerações maldosas. E, o que me deixa inquieta, é a proposta de que, não apenas os bloggers chineses que lá terão de suportar o regimen em que vivem, mas que toda a comunidade da blogosfera mundial seja apanhada nessa rede de controlo rigoroso.
De qualquer modo, tudo isto é um absurdo. A não ser que se pretendesse que aparecesse escarrapachado além do nome completo de cada um, a foto e talvez a impressão digital, é sabido que a identificação seria sempre vaga. Peguem numa lista telefónica e contem quantos «Joões Silvas», ou «Marias Sousas» temos nós! Cá por mim, com o meu primeiro e último nome, só na zona de Lisboa encontro aí umas três páginas, no país todos são milhares de certeza. Portanto além da quebra teórica da privacidade é também ineficaz para o que se pretende.
4 comentários:
Conheci um pouco a China, onde vi o maior crescimento económica que se imaginasse ( e esse é, para mim, o maior dos direitos humanoss, pela redistribuiçao que induz )mas tambem a maior violencia contra pessoas. O crescimento da China acho k foi feito transitando de uma forma de socialismo para o capitalismo quase neo.liberal, se nao squecermos as medidas de protecçao, tardias, mas efectivas. A repressao politica cultural em geral embora atenuada, mantem-se no essencial. O k virá a dar isto? Por uns tempos , e como se vê noutros sítios, pode haver um específico equilíbrio, mas não eterno, claro, e pode trazer mudanças radicais e até particularmente violentas. A ver vamos, não tenho prognósticos, melhor, não arrisco, nem, lá nem noutras paragens.fj
É natural cara amiga que na China aconteça este controle, porque a democracia ainda lá não chegou nem tão cedo chegará.
Obrigada, FJ.
Tens razão, um bom crescimento económico é um valor bem importante pela redistribuição de riqueza. Mas a verdade é que a liberdade de expressão é também um valor importante, como nós em Portugal sabemos.
O que acontece é que nos é bem difícil aqui na Europa imaginar o que é a mentalidade chinesa. É outro mundo!
O post já é do fim de semana, mas também não consegui cá comentar nestes dias. Li-o e guardei para melhor ocasião o que tinha a dizer.
Por cá também há muito quem se irrite com esta do anonimato. E a verdade é que disseste o que eu muitas vezes tenho dito: na maioria estrondosa dos casos, estar lá um nome verdadeiro ou um nome falso é exactamente o mesmo. Tirando gente muito importante e opinion-makers, etc, etc, quem é que conhece a sério 90% de quem escreve por aqui? Como disseste, a liste telefónica está cheia de nomes, milhares deles, de pessoas que só são conhecidas pelos amigos e familiares. Se eu em vez de assinar Joaninha assinasse Joana Sofia de Oliveira Antunes ficavam a saber mais...?
by the way, não é mas podia bem ser...
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