Comunicar
«O meu compadre. Como expliquei era um homem de poucas palavras. Nunca consegui sacar-lhe uma frase com mais de três palavras, e no entanto falávamos dias inteiros, às vezes com palavras e outras vezes com silêncios»
Luís Sepúlveda
O Poder dos Sonhos
Neste dois/três dias que fiquei mais em descanso, para além do tempo em que dormi também li um pouco. Não era capaz de me concentrar em nada de mais compacto de modo que para além de uns policiais, só li umas crónicas do Luís Sepúlveda. E daí extraí este pequeno parágrafo.
Nós falamos muito com palavras. Palavras faladas, escritas, cantadas, parte da nossa comunicação é feita realmente com elas. Mas, é apenas parte. É até talvez a parte menor, a parte visível do iceberg. Porque há um mundo enorme de comunicação que se faz sem palavras, ou quase contra as palavras.
Por exemplo: nestes meus tais dois/três dias senti-me um pouco sozinha. Como eram dias de trabalho, os meus amigos trabalhavam e não estavam para mariquices de procurarem saber como é que eu estava. Normal. Mas como eu estava fragilizada, queria todos os mimos que me pudessem dar e, a desatenção que acho agora normal, não achava naquela altura. E portanto, expeditamente, tratei eu de me pôr em contacto. Ora ontem, pela hora do almoço, liguei sucessivamente para nove telemóveis e não consegui ser atendida por ninguém! Três atenderam para dizer «agora não posso! Tou ocupada!» antes de desligar, duas disseram «já te ligo!» mas não ligaram e quatro nem atenderam o telefone, deixei o recado no voice-mail.
Fiquei amuada. Claro que sei que foi por estar convalescente e demasiado sensível. Mas não gostei de tanta tampa!
Cá está um caso, onde se comunicou exactamente «sem palavras».
E agora vai fazer falta usar as palavras para me passar o amuo…
Luís Sepúlveda
O Poder dos Sonhos
Neste dois/três dias que fiquei mais em descanso, para além do tempo em que dormi também li um pouco. Não era capaz de me concentrar em nada de mais compacto de modo que para além de uns policiais, só li umas crónicas do Luís Sepúlveda. E daí extraí este pequeno parágrafo.
Nós falamos muito com palavras. Palavras faladas, escritas, cantadas, parte da nossa comunicação é feita realmente com elas. Mas, é apenas parte. É até talvez a parte menor, a parte visível do iceberg. Porque há um mundo enorme de comunicação que se faz sem palavras, ou quase contra as palavras.
Por exemplo: nestes meus tais dois/três dias senti-me um pouco sozinha. Como eram dias de trabalho, os meus amigos trabalhavam e não estavam para mariquices de procurarem saber como é que eu estava. Normal. Mas como eu estava fragilizada, queria todos os mimos que me pudessem dar e, a desatenção que acho agora normal, não achava naquela altura. E portanto, expeditamente, tratei eu de me pôr em contacto. Ora ontem, pela hora do almoço, liguei sucessivamente para nove telemóveis e não consegui ser atendida por ninguém! Três atenderam para dizer «agora não posso! Tou ocupada!» antes de desligar, duas disseram «já te ligo!» mas não ligaram e quatro nem atenderam o telefone, deixei o recado no voice-mail.
Fiquei amuada. Claro que sei que foi por estar convalescente e demasiado sensível. Mas não gostei de tanta tampa!
Cá está um caso, onde se comunicou exactamente «sem palavras».
E agora vai fazer falta usar as palavras para me passar o amuo…
5 comentários:
Comunicar, mas comunicar mesmo é cada vez mais difícil. Já reparaste que quando te perguntam como estás, são raras as pessoas que realmente querem saber? E se tu começas a explicar como te sentes, deixam de prestar atenção, ou interrompem-te para se despedirem ou falar de outra coisa?
Espero que estejas melhor. Beijinhos.
Tal e qual.
É um «pergunta social» tal como dizer «Bom Dia» mas ninguém está a pensar que se deseja que o outro passe um bom dia.
E tocas num ponto muito importante, cada vez mais se perde a cortesia de saber ouvir. Quando eu era criança ensinavam que não se interrompe uma pessoa que está a falar. Esse costume desapareceu por completo! Seja quem for que está a dizer uma coisa é interrompido do modo mais brusco se a outra pessoa se lembrou de uma coisa que queria dizer.
Eheheheh! Agora fui eu que não fui bem educada e não agradeci os teus desejos de melhoras... :D
Por acaso estou praticamente boa, se não fosse uma broca horrorosamente barulhenta que um vizinho está a usar numa obra qualquer e tem feito barulho desde que cheguei a casa à hora do almoço! Livra!!!! Até o prédio abana. E a poluição sonora nem se acredita (deviam oferecer protectores de ouvidos aos habitantes do prédio!!!)
Sempre gostei do modo como escolhes as ilustrações e cá vem mais uma prova. Tá muito sugestiva! Faltava dizeres esta forma de comunicar magnífica que é a arte, e neste caso que me interessa, a arte plástica, pintura, desenho, escultura.
E aqui para nós, tiveste galo!!!! de tanto telefonema nem unzinho te respondeu???!!! Eu ficava piursa, nem era amuada era furiosa.
Felizmente eu não fui uma das contempladas por telefonema senão também era certo levares tampa...;-)
Isto tem andado do piorio.
Mas o importante é que, mesmo sem palavras, sem voz, sem presença física sequer, tu saibas que gostam de ti, né?
( e isso tu sabes, ora. Beijinho de melhoras)
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