terça-feira, novembro 28, 2006

Respeito – pela lei, pela saúde, pela vida

Falta algum tempo, mas não tanto como isso. Há um limite de tempo para a marcação do referendo que terá de ser entre o princípio de Janeiro (e nesse caso pouco mais de um mês) e o fim de Maio. Como quem abra este blog vê de imediato, pelo dístico que encabeça a coluna da direita, o Pópulo tem uma opinião firme sobre o assunto e defendê-la-á sempre.
É bom que seja dito que quem defende o sim, defende valores importantes. Como disse no título valores de respeito.
Respeito pela lei. É quase inconcebível que haja quem
cinicamente venha dizer que não interessa que a lei condene a mulher que interrompe a gravidez porque isso depois não se vai cumprir. Como? Vai fazer-se um referendo no pressuposto de que se vai votar uma lei para não ser cumprida!? Para mim isso é de tal forma aberrante que nem merece discussão. É passar já à frente.
Respeito pela saúde. Este ponto é muito sério, e é bom que se saiba que existe um movimento de médicos «Médicos Pela Escolha», onde se vêm figuras que merecem o maior respeito, que defendem a opção da escolha desde há muito. E, com toda a lógica, explicam que a lei ao invés daquilo que se pretende fazer crer,
"a longo prazo, permitirá tornar o aborto cada vez mais raro, precoce e seguro" . É isto que é bom que se saiba e se diga. Ao sair da clandestinidade terá outras condições e as mulheres podem receber informação e aconselhamento apropriado que previna outras situações.
Respeito pela vida. Sim. Este é o verdadeiro respeito à Vida. À Vida com maiúscula. Quando sei que os movimentos do Não fazem a pirueta demagógica de afirmar que defendem a vida, por defenderem o minuto em que um espermatozóide encontra um óvulo choca-me que desviem depois o olhar das crianças abandonadas por várias formas que encontramos sem dificuldade na nossa sociedade. As casas de abrigo de crianças estão cheia a abarrotar. As ‘Comissões de Protecção de Menores’ não têm mãos a medir. Essa não é vida?
Parece que a sociedade portuguesa está a acordar. A entender que não é a fechar os olhos que faz desaparecer um problema incómodo. Que é preciso
votar para que o referendo tenha valor e as pessoas mais jovens podem ter aqui um papel decisivo. Porque entenderam desta vez que o assunto é com eles, talvez não pessoalmente e esperemos que assim o seja, mas exactamente por defenderem a lei, a saúde e a vida.

12 comentários:

méri disse...

Apesar do nome "Médicos pela escolha" o movimento nasceu entre profissionais de saúde.
É preciso é a mobilização de todos para ir votar

méri

cereja disse...

Claro que sim, Méri. Vemos que há entre os membros fundadores do movimento, vários profissionais que não são médicos. É bom chamares a atenção.
De resto é fundamental essa mobilização para o voto, para não acontecer outro fiasco como no primeiro referendo o que seria fatal!

josé palmeiro disse...

Estou de alma e coração, com a iniciativa e reforço a ideia de que a mobilização terá que ser forte e assumida, para não cairmos na repetição do ERRO. Já basta ter que repetir o referendo, figura macabra, desta "democracia".

Anónimo disse...

Emiéle, hoje escreveste menos posts mas este vale por vários!
Muito importante a mobilização. E gostei muito do modo como colocas as coisas. Estou super-farta de ouvir falar em «defesa de vida» ao tratar-se de um embrião, e assobiar-se para o lado com a miséria e violência que depois esses embriões se chegarem a vingar podem vir a sofrer. Parece que só nas primeiras semanas é que há motivo para amar a vida, depois ela que se desenrasque!
Quanto ao argumento que agora a direita descobriu que não faz mal porque depois não se cumpre a lei, é de um cinismo incrível!

Anónimo disse...

Dos do nao nao ha qualquer respeito pela vida. Ha é medo d sexualidade, particularmente a feminina. De resto, e tirando esxepçoes, nunca se preocuparam muito com as guerras ou a Por outro lado , com os embrioes, é a luta contra a ciencia, quase tao importante como a outra.fj pena de morte.

Anónimo disse...

Apoiadíssimo.
Realmente há atitudes que são de cinismo ou aberto ou encapotado. Que haja força para as desmascarar!

Anónimo disse...

Bom post, Emiéle.
Muito bem visto e plenamente de acordo.
(não sei se alguma vez deixei aqui um comentário mas agora teve de ser)

Rosa

Anónimo disse...

É isso mesmo!
(como é que se faz para não fivcar anónimo? não gosto nada!)

Joana F.

Anónimo disse...

Sempre Sim!

contradicoes disse...

Os defensores do não
demonstram não ser capazes
o de resolver uma questão
que passa por várias fases

Nem sempre um filho é desejado
mesmo que o tenha sido a relação
sendo pior que seja rejeitado
e tenha de ir para uma instituição

Farpas disse...

Bom post! É tão simples quanto isto, são contra o aborto não o façam. São mesmo muito contra o aborto, então tentem fazer as pessoas, que o vão fazer, mudar de opinião. Agora é muito simples, se a pessoa queiser realmente fazer um aborto, legal ou não o feto, o embrião, o que quiserem já está morto e ponto final, que tal salvarmos a vida da mãe? Não há lei que vá impedir que os abortos aconteçam, despenalizem e depois sim façam as campanhas que quiserem para que as pessoas não façam abortos! É que no caso de ainda não terem dado conta não há só abortos nas alturas de referendos... onde andam os defensores do "Não" no resto do tempo??! Basta de hipócrisia!

cereja disse...

Uma boa achega à questão, Farpas. Como dizes, quem não o quizer fazer ( e já agora ninguém o «quer» fazer, é sempre uma decisão dolorosa e triste) está no seu direito, assim como está no seu direito de convencer os outros a não o fazerem. Eu fujo das 'Testemunhas de Jeovah' mas elas continuam ali nas esquinas a convencerem da sua razão... Direito delas.
Mas como se diz no manifesto dos Médicos pela Escolha, com a despenalização é muito mais fácil diminuir os abortos porque os serviços de saúde chegam com mais facilidade a toda a gente.
Começo a pensar que, maquiavelicamente, quem está por detrás do NÃO é a máquina que lucra com os abortos clandestinos ! Eles é que têm muitíssimo a perder. Milhares de contos.