Educar
A notícia chama bem a atenção porque está ao topo da primeira página:
«Hotéis portugueses começam a aceitar a opção de não aceitar crianças» E, naturalmente que a primeira reacção é se surpresa e indignação. Como é? Então uma família com filhos não pode viajar?
E sinto-me a partilhar parte dessa indignação. Como regra, é autoritária e antipática. Mas se reflectirmos e deixarmos ‘assentar o pó’ que a notícia levanta, penso que a moeda terá realmente duas faces a considerar. Se, por um lado, é inadmissível que um hotel só queira aceitar adultos, por outro se o faz é porque já sabe que as crianças que costuma receber são uma fonte de confusão e de desordem. E aí, a indignação dos pais deve voltar-se para si próprios.
Verifica-se cada vez mais uma grande dificuldade dos pais em criar e manter regras a que os filhos obedeçam. Ficam completamente desarmados perante uma lágrima ou um beicinho, vão cedendo às birras sucessivas que, como se sabe, se não são travadas a tempo nunca mais são controladas. A criança começa a ocupar um lugar errado, como no livro «L’enfant, chef de la Famille», sem afinal ter culpa e perante o mau estar geral. É mau para ela, é mau para quem com ela convive.
Não vejo que não se possa ensinar a uma criança como se comportar num hotel onde residem outras pessoas. Até porque o dia não será passado entre as paredes desse hotel, aquilo é o local onde se dorme e come, de resto terão todo o espaço dos arredores para dar largas à sua energia. Uns pais firmes e carinhosos, podem definir bem as regras – à mesa come-se com calma, nos quartos fala-se sem gritar, porque no fundo é apenas imitar o que os próprios pais fazem e as crianças seguem os modelos.
Creio bem que com crianças educadas e serenas, não havia hotéis que as repelissem.
PS – Queria fazer uma chamada de atenção para a Saltapocinhas quando nos pergunta Mas os filhos estorvam?, que vem mesmo na linha do que disse. Muitos pais delegam inteiramente na escola, as funções que são suas mas que se sentem incompetentes para exercer. Mas isto dará para outro post! :D
«Hotéis portugueses começam a aceitar a opção de não aceitar crianças» E, naturalmente que a primeira reacção é se surpresa e indignação. Como é? Então uma família com filhos não pode viajar?
E sinto-me a partilhar parte dessa indignação. Como regra, é autoritária e antipática. Mas se reflectirmos e deixarmos ‘assentar o pó’ que a notícia levanta, penso que a moeda terá realmente duas faces a considerar. Se, por um lado, é inadmissível que um hotel só queira aceitar adultos, por outro se o faz é porque já sabe que as crianças que costuma receber são uma fonte de confusão e de desordem. E aí, a indignação dos pais deve voltar-se para si próprios.
Verifica-se cada vez mais uma grande dificuldade dos pais em criar e manter regras a que os filhos obedeçam. Ficam completamente desarmados perante uma lágrima ou um beicinho, vão cedendo às birras sucessivas que, como se sabe, se não são travadas a tempo nunca mais são controladas. A criança começa a ocupar um lugar errado, como no livro «L’enfant, chef de la Famille», sem afinal ter culpa e perante o mau estar geral. É mau para ela, é mau para quem com ela convive.
Não vejo que não se possa ensinar a uma criança como se comportar num hotel onde residem outras pessoas. Até porque o dia não será passado entre as paredes desse hotel, aquilo é o local onde se dorme e come, de resto terão todo o espaço dos arredores para dar largas à sua energia. Uns pais firmes e carinhosos, podem definir bem as regras – à mesa come-se com calma, nos quartos fala-se sem gritar, porque no fundo é apenas imitar o que os próprios pais fazem e as crianças seguem os modelos.
Creio bem que com crianças educadas e serenas, não havia hotéis que as repelissem.
PS – Queria fazer uma chamada de atenção para a Saltapocinhas quando nos pergunta Mas os filhos estorvam?, que vem mesmo na linha do que disse. Muitos pais delegam inteiramente na escola, as funções que são suas mas que se sentem incompetentes para exercer. Mas isto dará para outro post! :D
16 comentários:
Concordo inteiramente com a sua opinião e sobre esta matéria também já fiz várias abordagens. Infelizmente esta é, entre outras uma triste realidade vivida no nosso País. Enquanto houver pais ou encarregados de educação que vão à escola pedir satisfações a um professor porque procedeu disciplinarmente para com o seu filho por mau comportamento na sala de aula é natural que no futuro nos venhamos a confrontar com outras proibições mais caricatas.
Completamente de acordo.
Se não forem os pais os primeiros, educadores, se delegarmos noutros essa função, não merecemos ser pais.
Olhe Raul, sei de um caso recente onde uma mãe que tinha a filha no Jardim de Infância, foi malcriadamente pedir satisfações à educadora, porque a sua filha não tinha maneiras à mesa!!! Isto é verdade. A ideia que transmitiu era «então a minha filha está na escola e tenho de ser eu que a ensino a estar à mesa??!»
E conheço mais casos nesta linha.
O livro que cito no post é muito esclarecedor sobre o mal que se está a fazer às crianças não lhes ensinando regras.
Oh, Zé palmeiro, só agora vi o teu comentário...
Mas ainda cá estás ou já estás nos Açores...? Não entendo nada! Se estás nos Açores é óptimo porque se prova que afinal o pc chegou em bom estado!!!
Agora quanto ao que disseste, é mesmo isso. Mas sabes que há pais, vê-se mais nos mais jovens mas também há outros mais maduros com a mesma atitude, que receiam tanto mostrar a autoridade ainda assim não percam o amor dos filhos, que cedem a tudo. E paradoxalmente, assim é que perdem o respeito e admiração dos filhos. Não havendo barreira de gerações, acabam por ser todos «irmãos» quando todos nós precisamos de «pais» verdadeiros.
Sobre essa história dos hotéis, já escrevi há tempos...
Inadmissível! Já não deixavam levar cães, agora não entram crianças...
Eu, que acho os velhos mais chatos que as crianças, proponho que não deviam deixar entrar velhos!
Mas tens razão: às vezes os meninos perturbam, mas a educação vem de casa, não nasce nos hotéis.
Os meus filhos estiveram uma semana num hotel quando tinham, ele 4 e ela 3 anos, e toda a gente gostava de meter conversa com eles. Eram simpáticos, alegres, educados e faladores (as qualidades dos pais, cof, cof...)
Em relação ao meu artigo que referes (gracias, é uma honra!) tenho a dizer-te que tenho 15 alunos e 9 (NOVE)deles têm as mães em casa...
Calculo que te faça confusão, a mim também.
São perto de 40 anos de vida para embalar e levar para os Açores, digo-te, não é fácil, mas ainda não fui. Só a semana passada soube da marcação da escritura de venda desta casa do Alentejo e só agora pude acionar as coisas para mudar. Dia 6, vem um contentor, todo o dia a enchê-lo de coisas. Seguirá o dito para Lisboa para, depois dos trâmites portuários, seguir no dia 9 para Ponta Delgada. Eu irei dia 10, de avião para receber a mobília e dar-lhe o destino conveniente. Hoje vim ao Algarve, estar com os filhos mais novos e descansar de toda uma azáfama, que dura como as pilhas do anúncio.
Relativamente ao pc, deverei dizer-te que o não será. Será antes um Mac, de que sou inefectível adepto, daqueles, nem em computador.
Venho fazer uma cena de ciúmes: para saber novidades tuas, senhor Zé palmeiro, tenho de vir ao blog da Emiéle...
Agora amuei e este amuo só me passa quando formos convidadas (eu e ela que, tadita, não tem culpa de nada) nos convidares para te visitar nos Açores (com alojamento incluido, está-se mesmo a ver!!)
Saltapocinhas, olha que essa dos velhos serem chatos, é forte!!! lol
E imagino que os teus filhos fossem um primor; cá por mim, o meu também era, ali educadinho na prefeição, mas tens de reconhecer que há para aí muitos que não são essa maravilha de educação.
:D
Quanto às informações do Zé Palmeiro, ele contou porque eu perguntei, olha lá!!!
Emiele, perdoe-me o comentário ácido, mas se há estabelecimentos que não aceitam cães, por que não haveria os que não aceitam crianças, que muitas delas hoje em dia se comportam como tal?
Hohohoho. Sorry!
Ainda venho aqui a este post uma vez que ontem não deu para a minha visita.
Realmente o comentário da Lívia é excessivo, mas a crítica que tu tinhas deixado implícita aos paizinhos péssimos educadores, cai em cheio em muita gente.
Claro que entendo a indignação da saltapocinhas, mas não sei se este «tratamento de choque» não obrigará alguns pais e repensarem na excessiva tolerância com que educam os filhos. Estes tornam-se nuns monstrozinhos de egoísmo, para quem só eles próprios existem e atropelam (até literalmente) quem esteja no seu caminho.
dos hotéis deviam ser expulsos alguns pais, não acham??
Não há dúvida que é um post polémico! :)
Contudo afinal no essencial existe acordo: é uma arbitrariedade dos hoteis (que contudo devem ter ponderado bem, porque ficam a perder dinheiro e clientes) mas alguns pais andam «a pedi-las».
Fui entretanto ver o blog do Sinid ( talvez Dinis, não?) e, se tal como parece, ele for muito novo a sua pergunta faz muito sentido.
Aorigem deste problema está de facto nos pais.
Dizia o Daniel Sampaio, «Pais, precisam-se» não era?
Olá Zorro!
O Dinis é um "golfinho" e fui eu que comentei lá na escola. Como entrei pelo blog dele, ficou o nome dele (e nem me tinha lembrado disso!)
Já agora que conheces, faz publicidade ao blog do rapaz que ele anda muito triste por ainda não ter comentários...
Eheheheh!!!
Então adivinhei, heim?
Vou ver com mais atenção o teu Sinid (lembrei-me de Sinbad, o marinheiro!)
Enviar um comentário