Pesadelo
Durante esta semana tenho optado por escrever aqui o que se pode chamar de «posts levezinhos». Coisitas mais corriqueiras ou menos importantes, que de qualquer modo me incomodam um pouco, mas.... afinal se «assim vai o Mundo» como no velho documentário, tudo estaria bastante bem razoável.
Mas ontem, uma colega blogger, a Senhora, deixou um comentário num certo humor negro, lembrando que esta chuva que tanto nos anda a aborrecer em Portugal, lá no Brasil tem repercussões muito e muito sérias.
E, por outro lado, não tenho alma para escrever nada de brincadeira, depois de ver e ouvir o pesadelo que se está a viver no Haiti.
Os desastres naturais são sempre assustadores. Vulcões, inundações, tsunamis, tremores de terra, furacões... Quando a Natureza parece perder a cabeça, não há quem não sinta um arrepio e fique indiferente, seja onde for que tal se tenha passado (claro que quando é mais longe conseguimos maior calma....)
Este caso do Haiti é pavoroso.
O país já em si mesmo é o remorso de muita gente. Aceitar pacificamente que cerca de 8 mil cidadãos vivam nas condições em que vivem os haitianos, e pensar que fazer seja o que for é ingerência na independência de uma nação, é pelo menos cínico. E é assim que de uma forma geral até agora se tem vivido.
Desta vez, para dar um forte empurrão à consciência colectiva, a natureza encarregou-se de provocar um terramoto com sete graus de magnitude na escala Richter. E isto numa terra sem recursos, onde as habitações são tão mal construídas que escolas, hospitais, construções importantes foram abaixo – calcula-se as habitações ‘normais’... Fala-se em MILHARES de mortos
Mortos, mas também feridos, também subterrados, também desaparecidos, um pesadelo completo.
Será que só assim se mobilizam os países para ajudar???
Mas ontem, uma colega blogger, a Senhora, deixou um comentário num certo humor negro, lembrando que esta chuva que tanto nos anda a aborrecer em Portugal, lá no Brasil tem repercussões muito e muito sérias.
E, por outro lado, não tenho alma para escrever nada de brincadeira, depois de ver e ouvir o pesadelo que se está a viver no Haiti.
Os desastres naturais são sempre assustadores. Vulcões, inundações, tsunamis, tremores de terra, furacões... Quando a Natureza parece perder a cabeça, não há quem não sinta um arrepio e fique indiferente, seja onde for que tal se tenha passado (claro que quando é mais longe conseguimos maior calma....)
Este caso do Haiti é pavoroso.
O país já em si mesmo é o remorso de muita gente. Aceitar pacificamente que cerca de 8 mil cidadãos vivam nas condições em que vivem os haitianos, e pensar que fazer seja o que for é ingerência na independência de uma nação, é pelo menos cínico. E é assim que de uma forma geral até agora se tem vivido.
Desta vez, para dar um forte empurrão à consciência colectiva, a natureza encarregou-se de provocar um terramoto com sete graus de magnitude na escala Richter. E isto numa terra sem recursos, onde as habitações são tão mal construídas que escolas, hospitais, construções importantes foram abaixo – calcula-se as habitações ‘normais’... Fala-se em MILHARES de mortos
Mortos, mas também feridos, também subterrados, também desaparecidos, um pesadelo completo.
Será que só assim se mobilizam os países para ajudar???
Antes....
17 comentários:
que dizer? a não ser lamentar e maldizer o egoísmo das grandes potências e daqueles que deveriam ser os guardiães dos povos e das nações mais desprotegidas?
mas enquanto gastarem milhões de dólares em armamentos,em campanhas da treta, como se faz neste nosso triste país, que esperar?
é que só falar e lamentar, não basta. mas quem deveria fazer algo, encosta-se a sombra da bananeira, e como dizia o outro " vamos brincar a caridadezinha".
pois é Emiele, é triste. um país em que os turistas se deliciam e o povo vive com menos de um dólar por dia...trágico, não é?
e quantas outras pessoas, outros países não estarão nas mesmas condições?
já se sabe que o Bispo de Port au Prince, morreu, assim como altos dignitarios, assim como representantes da ONU, se não estou enganada, mas a verdade é que estas notícias baralham-me e afigem.me e na verdade sempre me pergunto:
o que posso, o que poderemos fazer?
desejo tudo de bom.
silvya
que dizer? a não ser lamentar e maldizer o egoísmo das grandes potências e daqueles que deveriam ser os guardiães dos povos e das nações mais desprotegidas?
mas enquanto gastarem milhões de dólares em armamentos,em campanhas da treta, como se faz neste nosso triste país, que esperar?
é que só falar e lamentar, não basta. mas quem deveria fazer algo, encosta-se a sombra da bananeira, e como dizia o outro " vamos brincar a caridadezinha".
pois é Emiele, é triste. um país em que os turistas se deliciam e o povo vive com menos de um dólar por dia...trágico, não é?
e quantas outras pessoas, outros países não estarão nas mesmas condições?
já se sabe que o Bispo de Port au Prince, morreu, assim como altos dignitarios, assim como representantes da ONU, se não estou enganada, mas a verdade é que estas notícias baralham-me e afigem.me e na verdade sempre me pergunto:
o que posso, o que poderemos fazer?
desejo tudo de bom.
silvya
O pior ainda, no Haiti, é que a comunicação somente é conseguida via satélite, ou seja, internet e GPS! Até mesmo os hospitais foram afetados.
Antes, segundo os brasileiros que foram para ajudar a reconstruir o Haiti depois que Aristides foi deposto, qualquer favela brasileira era um luxo frente ao que eles encontraram por lá. Depois do terremoto, um caos. O local que eles mais buscavam era a base brasileira, que também foi afetada.
Qualquer catástrofe aqui no Brasil não chega aos pés do que está por lá.
O pior, vendo um jornal, eles estão justamente sobre uma falha das placas tectônicas - ou seja, a possibilidade de acontecer novamente é grande.
É de doer o coraçào...
Beijinhos
É mesmo horrível!
Um pesadelo como dizes, com a agravante de sentirmos que não podemos fazer nada.
A Senhora deixa um ponto debaixo de foco, que é muito importante: a questão das comunicações.... Deve ser ainda pior o não se poder comunicar como deve ser. Estamos hoje tão habituados a falar para todo o lado e com toda a facilidade que esse bloqueio é impressionante!
Não sei como esta coisa, entrou duas vezes. mas são coisas da net, calculo eu.a Sra tem razão, segundo os dados do observatório de sismologia, pode recomeçar de novo...o que não é agradável de pensar.dá vontade de fugir.
só um aparte, não é importante, mas aqui fica. que eu saiba e depois de pesquisas, para me certficar, não existe filme sobre o livro " a sombra do que fomos". basta dizer que é o último livro do escritor e que quando da sua apresentação, equacionou a possibilidade de escrever um romance passado em lisboa.
Este é um livro de memórias, de constantes reencontros com o passado.
a algumas pessoas fará bem, talvez, a outras nem tantas.
de qualquer forma é sempre bom, ler e reler luís sepulveda, e deixarmo.nos voar até ao chile, e as suas montanhas...
bjs
silvya
Para lá da imensa tristeza e consternação por tudo o que se tem passado nesse "país", (será justo chamar-se país a um amontoado de pessoas e de lixo?), ali mesmo à vista do salvador do Mundo, só consigo lembrar-me de Caetano Veloso, que escreveu a letra e de Gilberto Gil que congeminou a música, para esta obra prima da Música do Mundo. Feita se a memória não me falha, nos anos setenta do século passado,pasme-se como ainda está tudo como está.
Mdeditem:
HAITI
Composição: Letra: Caetano Veloso/ Música: Gilberto Gil
Quando você for convidado pra subir no adro da Fundação Casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos
E outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se olhos do mundo inteiro possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque, um batuque com a pureza de meninos uniformizados
De escola secundária em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada
Nem o traço do sobrado, nem a lente do Fantástico
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém
Ninguém é cidadão
Se você for ver a festa do Pelô
E se você não for
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
E na TV se você vir um deputado em pânico
Mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo
Qualquer qualquer
Plano de educação
Que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização do ensino de primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco brilhante de lixo do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante da chacina
111 presos indefesos
Mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos
Ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres
E todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
Muitíssimo bem lembrada essa famosa canção, Zé. E note-se que na canção o Haiti aparece como «modelo» negativo... O tempo dos Doc! O Papa Doc e o Baby Doc. Há muitos responsáveis pelo «estado a que aquilo chegou».
Essa música que José Palmeiro se referiu é, realmente, quase um retrato que volta a ficar vivo. Impressionante.
Volto, só para informar que no: http://estounasesta.blogs.sapo.pt/, publiquei o vídeo, na íntegra, para além de muitas outras coisas mais.
Convido-os a passar por lá.
Nem é de dizer mais nada. Saliento logo de entrada as participações de silvya e da Senhora. A ideia e
de ZP, e a sugestão que nos faz,extraordinárias!
Silvya não devia ter referido o livro. Sei que não há filme, referia-me a "Chove em Santiago". Contudo se vires bem , começo por afastar que o tema sirva a alguem de nós nos termos em que o livro o refere (" descentrado").
Vão à Sesta do Palmeiro ouvir
a canção como deve ser!
Não pode vir mais a propósito!!!!!
[vão imaginando que esta devia ser a minha do Domingo! :)]
Quanto ao filme, estou a referir-me ao que o FJ escreveu, logo me remeteu para o que refere. Quanto ao livro, apesar de "descentrado", não faz nada mal, lê-lo. É a minha opinião!
Quanto ao tema essencial de hoje, obrigado pelas referências.
A catástrofe, com a dimensão desta, não escolhe o local, hora, ricos ou pobres. É um dos acontecimentos mais trágicos onde fica totalmente exposta a nossa insignificância.
Chateia-me um bocado ler e ouvir pessoas falarem mal das grandes potências e afins, relativamente ao Haiti e ao estado miserável a que chegou, pré-terramoto. Nos seus mais de 200 anos de independência, o Haiti nunca conseguiu grande desenvolvimento, nem sequer chegar aos calcanhares da também desgraçada República Dominicana. De ditador em ditador, o Haiti viu ser eleito o "simpático" padre e posteriormente deposto por um golpe de Estado militar de "mulatos". Este cenário obrigou os EUA a intervirem militarmente no país de modo a restabelecerem Aristides no poder. Se calhar não o deveriam ter feito...
Perante tal "Pesadelo" Emiéle, fica-se sem palavras... Até agora, que eu saiba, a nível Nacional só se mobilizou para ajudar a Ami, Caritas e Cruz Vermelha, a nível nacional e pedem colaboração....
"Haiti" - belíssimo e oportuno,Zé.
Também queria dizer ao fj que o filme de Costa Gravas é "Missing" com Jack Lemmon e Sissi Spaceck - 1982, bom filme, sem dúvida e o "Chove sobre Santiago"(Il Pleut sur Santiago)- também muito bom -dirigido por Helvio Soto, 1975, França/Bulgária, com Jean-Louis Trintignant, Annie Girardot, John Abgey, Bibi Andersson.
Deixo uma ligação onde se pode encomendar o filme "Missing", quanto ao outro talvez também seja possível encontrar...
http://www.amazon.fr/s/ref=nb_ss?__mk_fr_FR=%C5M%C5Z%D5%D1&url=search-alias%3Ddvd-zone2&field-keywords=Missing&x=0&y=0
Desculpe Emiéle usar o teu espaço para responder ao fj.
Um abraço
Lamento ter que dizer que a hora é de ajudar !!!
Sei muito pouco acerca da história do Haiti, a não ser um pouco do tempo dos famigerados "doc".
Mas estou com o Miguel: acho que as super potências não têm culpa de todos os males do mundo. Os países também têm de fazer alguma coisa por si próprios.
Se a República Dominicana, embora pobre consegue não ser miserável, por que não o Haiti?
E se as super potências interferem, chamam-lhes imperialistas...
No entanto os EUA são sempre os primeiros a ajudar seja onde for. Já o mesmo não se pode dizer do Vaticano...
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