terça-feira, julho 31, 2007

Antonionni

Continua a série negra.
Ficamos sem palavras quando são uns a seguir aos outros como pedras de dominó.
Lamentámos ontem a perda de Bergman, o desaparecimento em França no mesmo dia de Michel Serrault, hoje acabamos de saber da de Antonionni.
Desapareceu
Nem nos dá tempo de respirar fundo.
Outro...?!
E vem-nos à memória, 'O Grito'.
'E 'A Aventura', a 'Noite', o 'Eclipse'; e mais o 'Deserto Vermelho' e Mónica Vitti, Blowup', 'Zabriskie Point'...
Imagens de um álbum que temos tão presente.
Não se consegue dizer ADEUS.


O Mal-me-quer

No post que aqui apareceu com Recordações sobre o Teatro tinha surgido uma foto do Raul Solnado a cantar uma cantiga com muito significado na época, mas demorou-me tempo a voltar a encontrá-la para a deixar de novo no Pópulo. Cá vem ela:







"Português, ó malmequer/
em que terra foste semeado/
Português, ó malmequer/
Cada vez andas mais desfolhado"

Esta canção como se sabe, foi censurada. Solnado conta como costumava funcionar a censura: «No ensaio geral, cinco ou seis censores viam o espectáculo. Depois diziam que era preciso tapar um umbigo, descer umas saias, coisas assim. No Carnaval só se podia dizer merda uma vez por sessão» [….] No caso do «Malmequer» - «Os censores queriam que eu cortasse a palavra "português", mas se o fizesse aquilo perdia o sentido. Continuei como se nada fosse e eles ameaçaram-me. Puseram dois censores no camarote do teatro para vigiarem se eu cumpria as ordens da censura. Mas como entretanto saiu o disco, eles desistiram.»

Até gosto de passarinhos

E muito, mas os pombos ultrapassam as medidas!
São férteis demais, o raio das aves.
É certo que começa por ser um espectáculo bonito, ver uma nuvem de pombos, apreciar uma criancinha rodeada de pombinhas, afinal é o símbolo da paz com o seu raminho de oliveira… Mas depois…!
Só não sei como é que fez o Noé que, se levou um casal, quando a arca parou devia ter já um pombal completo…
Os americanos lembraram-se de os alimentar com contraceptivos e a medida também anda a ser aplicada aqui em Lisboa, ou pelo menos falou-se nisso, mas ainda não noto nada...


Um exemplo

E parece ser um bom exemplo.

Acontece que na nossa terra – toda a gente sabe isso – apesar de as leis serem boas, às tantas isso não significa nada porque quem as não cumpre se fica a rir. As consequências do seu não-cumprimento são quase sempre mais vantajosas e portanto ninguém se rala muito com isso.
Parece que desta vez quem foi para a berlinda foram as sucateiras de carros. Estão identificadas umas 200 que recebem carros velhos para serem desmantelados e os seus componentes reciclados. Mas essa correcta reciclagem não se faz nem os sucateiros se ralam com isso.

Alarme!
"Agora as autoridades não vão apenas multar e avisar, mas vêm buscar o material e encerrar. E isso dá que pensar aos detentores de sucatas"
Reparem no curioso que é a desculpa de um desses sucateiros ‘apanhado’ na operação: é que «a autoridade de não lhe deu tempo para remover as mais de 140 carcaças existentes, espalhadas por uma extensa encosta desta zona rural». O homem trabalha mesmo devagar!
É que estava notificado há 6 anos, e pelas contas destes ‘limpadores’ oficiais são precisos 15 dias para limpar o local e remover as carcaças.

Levar seis anos para fazer uma coisa que se podia fazer em 15 dias…

A Operação Furacão…

…parece terminar em leve Brisa.
Para confirmar o ditado de que «depois da tempestade vem a bonança» a tal Operação Furacão que investigou as fraudes fiscais e tinha cerca de 120 arguidos, pode esmorecer e ficar tudo arquivado se os infractores aproveitarem e devolverem ao fisco o dinheiro envolvido nas fraudes, coisa que só se forem parvos – o que está visto não o serem – não farão.
O interessante é que este caso mete quatro bancos, várias sociedades financeiras, escritórios de advogados e empresas de construção civil ou seja caça grossa. Aparentemente foi mesmo um safari numa selva que a sabe toda!
É complicado.
Uma coisa é a Ética que dirá que cada crime tem a sua pena e deixar um acto criminoso ficar em ‘branca nuvem’ não é fazer-se Justiça.
Outra coisa é a vantagem económica, uma vez que assim se evitam as fugas de capitais para o estrangeiro. Diz-se que com este perdão já voltaram mais de 50 milhões de euros.

Muito dinheiro, não é?

segunda-feira, julho 30, 2007

Ingmar Bergman





Acabei de ouvir que morreu o Bergman.
É uma parte da minha juventude que se despede.


Mas que surpresa!

Em Novembro do ano passado, o Pópulo que tinha nascido na Weblog, mudou os tarecos para a Blogspot. Na altura dei as explicações que considerei necessárias, e tentei que a mudança só se notasse pela positiva. Continuou o nome, continuou o Template, a coluna à direita estava igual, os links dos blogs amigos também; direi que para os mais distraídos, como a mobília era a mesma se podia pensar que a casa também.
Acontece que não entreguei a chave do outro servidor, mas raramente abro a porta e imaginava que aquilo estaria cheio de pó e teias de aranha. De vez em quanto, vou «revisitar» alguns posts, como aconteceu em Abril, e está a acontecer com os do «Era uma vez…». E reparo, através do Technorati, que há quem passe por lá por causa dos bonecos, mas pensava que mais nada.
Ora, estava eu posta em sossego quando recebo um email de uma ‘comentadora’ que tinha escrito para o endereço do antigo blog sem resultado, e me vem dar conta de que andava por lá uma polémica terrível! Ai Jesus!
Acontece que, há quase um ano, escrevi um post que se pretendia mais ou menos humorístico sobre o facto de alguns mormons quererem que a lei dos Estados Unidos legalizasse os seus múltiplos casamentos.
Meus amigos, aquele post insignificante, vai em 35 comentários e cada um maior do que o outro. Autênticos tratados!!!
A discussão é entre eles – diversos ramos mormons – mas em certa altura sou invectivada directamente «Emiéle, você lê a Bíblia?»
Ai, já me tramaram! É que realmente não leio a Bíblia e vivo lindamente sem isso. Sou visceralmente agnóstica, e as questões religiosas só me incomodam quando têm repercussões politico/sociais.
Mas tentei ler aqueles comentários (afinal era a dona da casa) e fiquei parva do calor que aquilo tomou.
A blogosfera é realmente um mundo extraordinário: que surpresa em encontrar um ano depois 35 comentários do tamanho da légua da Póvoa, a respeito de um tema sobre o qual tinha feito uma brincadeira..?!!!!


O «Andanças»


Todos os anos, por esta altura, eu cumpro o ritual de deixar por aqui uma referência a este Festival.
É um Festival simpático, menos mediático que alguns outros, mas não menos interessante.
Decorre entre o finzinho de Julho e o início de Agosto.
Este ano, começou exactamente ontem e vai até dia 5 – domingo que vem.

Ora bem, eu devia ter feito a referência ontem, mas estava na esperança de, como tenho lá um ‘enviado especial,’ ter reportagens mais fresquinhas aqui no Pópulo.

Era uma esperança, mas…
O enviado especial tem mais que fazer do que estar a enviar informações para mim, portanto fica como dantes – a notícia hoje e vocês vão
ao site deles para saberem mais alguma coisa…
Aliás o site é óptimo e muito completo.

É o que há! :D

Nunca mais nos perdemos!

Vejam só o que as cabecinhas pensadoras dos surfistas da net inventaram.
Um mapa!

Olhem com atenção e cá está tudo – Conhecimento linha amarela, notícias linha verde, tecnologia linha encarnada, música linha azul-turquesa, …etc.

Eu acho que encontrei isto quando estava perdida …




(se clicarem em cima o mapa fica um pouco maior)

Só acontece aos outros

Apesar das campanhas, ainda há muito quem não se importe minimamente em proteger-se do excesso de sol. Custa a entender porquê, uma vez que muitas vezes se trata de pessoas que a outros níveis são inteligentes (ou parecem)
Ontem fez aquele calor horroroso.

É natural que se acorresse em massa para a praia.
Assim como também é natural, que a água estivesse cheiinha de gente a refrescar-se.
Imagino – que não fui lá – que estivesse mais gente dentro de água do que fora dela.
Contudo, por um lado não só as praias estavam cheias mesmo nas horas recomendadas para se fugir da exposição ao sol, como, nem sequer muita gente usava protector solar.
"Vim para me refrescar, mas não usei qualquer tipo de protecção. Temos que aproveitar o calor". disse uma senhora, mas podemos crer que seria repetida por muita gente. Isso se usar um creme protector é mariquice.

Penso que os usos só mudarão quando passar a ser «moda» usar protectores e não ir para a praia a certas horas.
Oxalá a moda venha depressa!

Ofícios

E, na mesma onda de simplificação, a Classificação Nacional de Profissões, também extinguiu um monte delas.
Neste caso faz sentido porque é mesmo verdade que certas profissões, sobretudo as manuais, desapareceram por completo.

De início registavam-se 3.800 ofícios. Na primeira 'monda' baixaram para metade. Desta vez talvez tenham ainda baixado mais, mas o certo é que
outras profissões estão a nascer . Sobretudo as relacionadas com as novas tecnologias, ou novas necessidades sociais.
Na Natureza talvez seja certo que nada se perde nem nada se cria, mas na vida social isso está sempre a acontecer.

Quais são as três vencedoras?

É claro que a existência de mil quatrocentas e setenta e três carreiras, era qualquer coisa de formidável!
Esse mar de carreiras distintas era uma confusão, pelos vistos havia "archeiros", "sopradores de artigos de laboratório" e "auxiliares de luta", e muitas variedades ou ‘sub-espécies’ da mesma especialidade.
Parecia um puro disparate.

Contudo simplificar até ficarem 3 carreiras *, é no mínimo estranho.




* Técnico superior, Assistente técnico, Assistente Operacional.

Calor

Impossível.
Ontem, Lisboa andou perto dos 40 graus.
Pelas 4 da tarde ao passar perto de um termómetro destes que existem nas ruas, ele marcava 39º.
Nem queria acreditar…
Depois ouvi notícias que o confirmavam.
Creio que com este tempo até os nossos miolos derretem um pouco, e sinto-me espapaçada.
Só me ocorrem imagens assim:

domingo, julho 29, 2007

Uma música ao Domingo

Hoje volto à França, com uma voz inesquecível (nem digo o nome que não precisa)

Um Caderno de Capa Castanha VIII - A praia

«Acho interessante, Clara, comparar as minhas idas à praia em pequenita com o que se passa na actualidade.
As minhas férias eram bem grandes, tal como as das crianças de hoje, e a mim pareciam-me enormes. Dividiam-se por fases: Por uns tempos, cerca de um mês, ia para a aldeia, perdida lá no sul, casa de família do meu pai. Depois, que me lembre, alugava-se uma casa na Nazaré ou em S. Martinho, e íamos todos apanhar o ar do mar (mais tarde posso falar disto com mais pormenor), e mais tarde ia para uma outra casa de família que variava.
Mas do que recordo com muitas saudades eram as idas à praia só com a minha mãe, ainda no início do Verão. Uma festa, para mim!
Acordava noite escura. Que excitação! Depois, com o arranjar-me, comer, sair de casa, recordo que já havia luz quando se saía para a rua. Nós não tínhamos carro, aliás como nenhum dos amigos dos meus pais. Era ainda um luxo muito grande nessa época. Portanto a ida à praia era, naturalmente, de transportes públicos. Dava a mão à mãe e lá íamos, eu aos saltinhos e muitas vezes largando-lhe a mão para me sentir independente, até à paragem do eléctrico. Como era tão cedo, apanhávamos um eléctrico que me lembro chamar-se “carro operário” porque quem o usava eram sobretudo trabalhadores dessa classe. Os bilhetes eram mais baratos e comprava-se logo um de ida e volta.
Aí já era uma festa, para mim! Era Verão, mas como era tão cedo estava ainda fresquinho, e se possível ia à janela a apreciar o caminho, entusiasmadíssima. Chegávamos ao Cais do Sodré, comprávamos outros bilhetes e esperávamos um comboio. Claro que não havia tantos comboios como hoje, e eram muito mais sujos porque eram movidos a carvão. De vez em quando apitavam forte e soltavam uma fumarada negra… Mas era uma aventura para mim e sentia-me radiante. De comboio lá se ia, até Carcavelos ou Parede, calculo que as praias de que a minha mãe mais gostava porque era sempre para aí que se ia. E as distâncias parecem-me tão diferentes… Era capaz de jurar que em Carcavelos a praia era longe da estação, mas não deve ser porque hoje não o é. A memória prega-nos partidas, ou são os olhos de criança que vêm as coisas de outra forma.
Bem, o certo é que se chegava à praia bem cedinho, ainda havia muito pouca gente e alugávamos logo um toldo. Isso fazia parte da festa, o luxo daquele telhadinho de lona, só para nós! Não se usava guarda-sóis individuais, e os toldos não deviam ser caros, assim como as barracas, que tinham a vantagem de se poder mudar lá de roupa. Mas a minha mãe mantinha-se vestida e eu, como criança, mudava mesmo ali de roupa. Os fatos de banho eram tão pudicos! Os dos homens tinham um peitilho para tapar a parte do peito, e os das senhoras uma saiazinha que também tapava as curvas mais indiscretas. Já começava então a fazer calor. Ia com o meu balde apanhar água ao mar e vinha fazer bolinhos de areia, ou então passeávamos ao longo da praia a apanhar conchinhas. Cheirava tão bem!!! Lembro-me de um banheiro, a quem dava a mão para dar uns mergulhos, porque a minha mãe, mesmo arregaçando o vestido não podia entrar no mar. E aliás os banheiros eram mesmo … para dar banho! Passavam umas vendedoras de bata branca, a apregoar bolos, mais ou menos como hoje, mas nessa época havia muitas e era a única forma de se comer alguma coisa na praia – não me lembro de haver bares ou cafés. Aquela bola-de-berlim a meio da manhã, era uma delícia e como não havia embalagem para líquidos, para matar a sede a minha mãe levava fruta - um cacho de uvas, uma pêra. E era tudo. Porque cerca do meio-dia, tanto quanto me lembro, regressava a casa. No caminho de retorno eu vinha já mais murcha e um bocadito cansada. O ar do mar, as corridas pela borda da água, as construções na areia, e o apetite para o almoço, já me faziam rabujar e sentir que a volta era mais comprida do que a ida… Mas trazia no bolso as conchinhas que tinha apanhado para fazer um colar, e a recordação do cheiro a mar, da textura da areia, do azul do horizonte. Uma bela manhã, e…no dia seguinte havia outra igual» Clara


À dúzia?...

Não sei se vale uma notícia e mesmo só vale um post por ser domingo e haver tempo para brincadeiras.
Mas saber que um senhor dirigente chinês, responsável do Partido em Xangai, foi expulso da sua militância porque "mantinha 11 amantes" (imagino que para além da ‘legítima’) deixa-nos a pensar.
Já viram a trabalheira?... Diz-se aqui que «Amantes e "segundas mulheres" - outra designação para uma instituição da China antiga que sobreviveu até à actualidade, as concubinas - estão na moda entre os dirigentes chineses que as consideram um elemento de sucesso, poder e prestígio». Pronto. Vá lá.
Mas 11?!!! Ele satisfazia aquelas senhoras e ainda trabalhava?
E então em vez de um louvor ainda o expulsam? Não há direito!

Que é feito de «Gertrudes»?



Deve ter sido na minha última encarnação, mas a verdade é que tenho uma ideia de que existiu em tempos em Lisboa, um sistema de controlo dos semáforos que dava pelo nome de Gertrudes. Será que só eu é que me lembro?...
A ideia desse famosos sistema era alinhar os sinais de trânsito de tal forma que quem circulasse num determinado eixo e mantendo uma velocidade constante e dentro da média permitida, fosse encontrando sempre uma onda de sinais verdes sem precisar sequer de meter uma mudança.
Era bonito.

Não sei se chegou a funcionar ou quanto tempo durou, mas que está completamente esquecido, tive hoje a prova: precisei de sair pelas 6 e meia da manhã, e imaginei que faria o caminho num tempo recorde por ser sempre a direito numa rua principal.
Comecei por apanhar um sinal vermelho e pensei «bom, agora, depois de cair o verde vai ser uma limpeza!» Grande engano. Tive de parar umas 8 ou 9 vezes porque só 'coleccionava' vermelhos. Talvez se acelerasse para 100 ou fosse a 15 à hora, a coisa resultasse, mas a uma velocidade razoável, não!
Pst, pst! Oh, senhores da Câmara, não faço questão que se chame Gertrudes, pode ser Maria Albertina ou até Vanessa, mas um sistema de circulação coordenado seria muito agradável.

sábado, julho 28, 2007

O E das nossas vidas

Tem vindo inicialmente pé ante pé, depois em grandes passadas e agora parece que já em passo de corrida.
Falo do E.
Electrónico.
Hoje, falar-se de e-mails, não necessita a menor explicação. Não é necessário qualquer conhecimento especial para todos sabermos de que estamos a falar. Que me lembre foi o tal primeiro passo. Depois foi invadindo os nossos hábitos. Compras, por exemplo – no EBay, quem não conhece? E as livrarias, a velha Amazon , tão prática…
A electrónica vai alastrando para nos facilitar a vida. Já se vai ao supermercado pela net, compramos bilhetes para transportes ou espectáculos pela net, pagam-se os impostos pela net, e a estrutura do simplex – uma das medidas a merecer aplauso deste governo – baseia-se na electrónica.
Hoje em dia devemos estar atentos quando se lê o e em qualquer termo – atenção, vamos lá verificar o que se trata.
Li agora que se está a experimentar e-Justice.
Inaugurou-se em Aveiro (ninguém pára aquela terra!!!) um «e-justice center».
Bom, pelo que entendo, por enquanto, isto passa-se no Second Life, serve para analisar conflitos entre avatares que se localizam nesse «outro mundo» paralelo.

Mas é só esperar. Mais um pouco e passamos a ter justiça electrónica.
Sei lá se não se enganam menos do que a praticada por gente de carne e osso.

Urgência(s)

Fui ontem às Urgências.
No «Maria Matos», entenda-se. Desta vez não tem a ver com SNS.
Um grupo de autores foi desafiado a escrever uma curta peça sob um tema: O que é que tens de urgente para me dizer?
Primeira surpresa agradável: a sala estava cheia!

Segunda surpresa (?) constatação (?) também agradável: a esmagadora maioria do público teria menos de 30 anos.
Pode ser devagarinho, mas a malta recomeça a apreciar o teatro.
O espectáculo correspondeu às minhas expectativas, que eram boas. Tratava-se de 6 pequeninas peças de autores diferentes, sem ligação entre si. Bem interpretadas, com soluções cénicas inteligentes e aparentemente pouco custosas, usando e integrando técnicas de hoje, inicialmente não-teatrais: vídeo e música gerida por DJs.

Creio que este «grupo» de Urgências acabou ou está a acabar, mas o modelo vai continuar pelo que entendi.
Da próxima falarei aqui a tempo de ainda os poderem ver.

Recordações à volta do «Caderno de Capa Castanha VII»

O Teatro
"Hoje vamos ao teatro".
Por vezes eu também ia mesmo à revista. E isso tinha uma razão. Os bilhetes eram oferecidos porque havia a chamada "récita de autor" e os meus pais eram amigos de um autor de revista, o Amadeu do Vale. Mas também havia camarote para o D. Maria por razões do mesmo tipo. Depois ia-se lá dentro agradecer no final. E era o deslumbramento...tanta lantejoula, tanta pluma, tanto cheiro a maquilhagem.
Um dia eu disse "quero ser como elas" (elas eram as coristas). Levei um tabefe. Há coisas nos adultos que não se percebem...
Ah! O garoto feio com calções pelo joelho e dentola de fora, ali na 1ªfila, era o Vítor Pavão dos Santos. Não sei se ele levou tabefes (duvido), mas que se apaixonou até hoje sem dúvida
.
AB


(cena de Revista, com Raúl Solnado cantando «O Malmequer»; para a semana vou deixar aqui a música dessa cantiga muito significativa; tive-a já, mas hoje não a encontrei)

Monumental
E agora, porque a ilustração é o Monumental, o Monumental já foi adolescência para no Carnaval ir ver os concursos de máscaras e baile no foyer...e um pouco mais tarde quando "porta da caixa" já era coisa do meu vocabulário comum, e por ela saía, sempre de óculos escuros e lenço, passo muito miúdo, salto muito alto a Laura Alves, que morava logo ali, mas ia cear ao Montecarlo.

AB

O trabalho a «recibo verde»

O Expresso de hoje traz uma grande reportagem daquilo que é uma das perversões do universo do nosso mundo do trabalho. De vez em quando eu bato nesta tecla mas o certo é que nunca é demais falar nisso.
O certo é que no mundo do trabalho existem 3 sub-mundos:
1 - Temos o universo dos trabalhadores «normais» - executam um trabalho para um patrão, assinaram um contrato, fazem os seus descontos, recebem o seu vencimento. São os trabalhadores por conta de outrem. Ainda neste mundo conhecemos os trabalhadores independentes, profissões liberais, por exemplo.
2 - Temos depois o universo dos desempregados - são ex-trabalhadores, que após um certo tempo foram despedidos por variadas razões e ficaram sem trabalho. São esses que são contabilizados quando se fala em desemprego, até porque têm direito a subsídio de desemprego. Não entra neste universo o caso de quem deseje trabalhar mas ainda não tenha conseguido o seu primeiro emprego.
3 - E temos um outro universo, meio oculto, que é o das pessoas que trabalham para outrem mas com um tal subterfúgio que é como se trabalhassem por conta própria - trabalhadores a recibo verde. Como que vendem o seu trabalho ao patrão continuando a funcionar como trabalhando por conta própria. O que quer dizer que não têm qualquer direito. E neste momento são quase um milhão, mais do que a Função Pública! (Função Pública que é sabido também usa e abusa deste sistema)
Nesta reportagem do Expresso contam-se vários casos exemplo, mas todos conhecemos imensos quando não na nossa própria família. E ainda por cima fala-se com uma certa resignação, na óptica fatalista do «podia ser pior»
Como ali se diz: «Os trabalhadores a recibo verde são mão-de-obra dócil e barata. [……] e têm uma dupla tragédia em cima: se são despedidos ficam sem o seu salário e sem direitos sociais.» Estes gestores que optam por esta solução da flexi-sem-segurança, pensando que «só podem existir empresas estáveis com pessoas instáveis» como ali diz «caminham para o desastre é total. A lógica de que trabalhadores desmotivados e receosos são melhores é um disparate pegado
Como é que não se vê isso?...

sexta-feira, julho 27, 2007

A Justiça e os saldos

Eu sou uma completa leiga em questões jurídicas.
Portanto tenho de aceitar que haja uma justificação muito lógica para uma coisa que me anda a moer o juízo.
Porque raio é que ao proferir-se uma sentença num tribunal já se sabe que aquilo não é para levar a sério e o culpado só vai cumprir uma parte da pena a que foi condenado?!
Reparem que é constante. Um tipo apanha 10 anos de cadeia por um crime qualquer e todos dizem «coitado, lá vai ter de estar 5 anos…». Ainda no outro dia foi muito chocante, o tal rapaz que matou um homem à facada por ter dado um piropo à sua namorada e não parecia mostrar nenhum arrependimento, os amigos gritavam-lhe «daqui a 5 anos vens beber umas cervejas connosco!» mais ou menos.
E desta vez, não é coisinha que se pense ser ‘especialidade nacional’. Quando vemos séries policiais passadas nos EUA por exemplo, vem a mesma conversa - «o juiz condenou-o a 4 anos, já passou um até ao julgamento então para o ano já cá está!»
Não é que me mova nenhuma sanha justiceira contra os criminosos. Mas isto faz-me espécie! Então porque diabo é que não se condenam a penas mais pequenas mas que sejam cumpridas como deve ser…? Evidentemente que poderiam existir casos especiais, pessoas que praticassem actos de relevo que justificasse um perdão, mas o normal seria que a pena aplicada era a pena justa e portanto seria cumprida.
Mas não senhor. Parece que o «normal» é que a pena que o tribunal decide, pouco depois passa a saldos, com 50% de desconto.

Teste

OK, este é um teste de cultura, mas particular: está mais virado para a cultura artística e, nas artes, para a pintura. Mas experimentem. Eu tive uma pontuação muito alta, mas é um campo de que gosto especialmente (e para além disso é de escolha múltipla e algumas das opções... valha-me Deus!)
Vamos lá, avancem: Está
AQUI


Nota - Se repetirmos. de cada vez podem sair quadros diferentes... É interessante.


Recordações à volta do «Caderno de Capa Castanha VII»

Cinema.
Ia-se ao Tivoli porque sim.
E desatei a odiar o Tivoli. Excepto quando vi uma coisa chamada "Caixinha das Surpresas" onde entrava a Aurora Miranda (irmã da Carmen) a dançar com o Zé Carioca... Muito mais tarde entrei no Tivoli por razões muito diferentes, entrei e saí várias vezes e vi aos bocados um filme chamado "Os domingos de Cibelle"...de certeza que a Emiéle também se lembra dessa sessão...
Ah! O S. Jorge onde, em férias com mãe e madrinha, se assistia a uma coisa chamada "o comboio das seis e meia", com aquele momento emocionante da "dança das cadeiras" e um sketch do Zequinha e da Lélé.
Mais tarde emoção, emoção, foi a família inteira ver a inauguração do órgão de luzes que subia do fosso da orquestra e mudava de côr enquanto o Gallarza tocava nos intervalos...
AB

( O Tivoli cheiinho)

Um paradoxo ?...

Um estudo que está a decorrer em Bragança, tenta entender um possível paradoxo:
como é possível que meninos que vivem em meios rurais, com mais espaço para se mexerem e teoricamente outros hábitos alimentares, estejam a ficar tão obesos como os que vivem em ambientes citadinos.

Lá que tenham mais espaço para brincar e queimar calorias, isso não se discute. Ainda bem. Contudo, quem está a fazer esse estudo está a chegar a um ponto que parece ser o ovo de Colombo, tão óbvio é: «a sopa e os vegetais que preenchiam a alimentação dos mais desfavorecidos antigamente, estão a ser substituídos por alimentos muito calóricos, como a comida de plástico, que são também os mais baratos»
Cá está!

Tão simples como isso.
Quem pegue num cabaz de compras repara rapidamente que o preço das hortaliças ou fruta, os tais produtos tão baratos há cem anos, quando comer carne era um luxo, hoje estão a um preço que nos faz pensar duas vezes antes de os comprar.
Qual de nós, ao querer fazer uma dieta «para emagrecer», daquelas onde só se come cozidos, grelhados e legumes, não se dá conta que de repente começou a gastar muito mais dinheiro?

Que as crianças não gostem de couves, não é surpresa. Mas que os pais lhes façam a vontade entre outras coisas é porque fazer essa vontade lhes sai mais barato, isso não tenham a menor dúvida.


Bicicleta

Já tenho estado em países onde a bicicleta é a rainha dos transportes.
Outros onde o seu uso é … assim-assim.
Mas pelos vistos «Portugal é um dos três países europeus cujos habitantes menos usam a bicicleta».
Parece que abaixo de nós só o Luxemburgo, que não é lá assim um grande território, e Malta.
OK, mas «para compensar» o automóvel é o meio de transporte preferido dos portugueses
Depois os estudos dizem que andamos a engordar.

Pois, pois…


Os «barómetros» de popularidade

É um verdadeiro mistério.
Costumo achar isso quando leio os resultados que muito frequentemente (mensalmente?) a imprensa nos oferece sobre a opinião deste povo acerca das figuras políticas e, particularmente, acerca do nosso governo.
Estranho sempre, porque ouvindo o que se diz à boca cheia, em todos os sítios que frequento e apreciando depois aquilo que estes “barómetros” sondaram, só posso pensar que vivo numa ilhazinha, isolada do pais verdadeiro que tão feliz anda com os seus líderes.
Gostaria de imigrar para lá, que deve ser um país bem diferente e bem melhor do que aquele onde vivo o meu dia-a-dia onde as pessoas se sentem tão mal governadas.
Nesse «outro pais»
o PS triunfa agora com uma maioria absoluta, e o PSD mantém o mesmo resultado do mês anterior Interessante. Fui ver o resto do quadro e nem vejo à custa de quem se deu essa bela recuperação do PS, uma vez que quase todos mantêm mais ou menos as suas posições excepto o PC que também não desceu assim tanto.
Estas sondagens são ‘encomendadas’? Não!!! Não quero acreditar nisso, mas apreciaria saber como é que uns ganham e os outros não perdem.

quinta-feira, julho 26, 2007

Crocs



Já o nome é cómico.

E o ‘produto’ também!

Crocs são aqueles
sapatos quero dizer sandálias quero dizer chinelos enfim aquelas coisas que se calçam para andar e são de plástico de cores vivas.
Não têm mal nenhum, mas quando vejo aquilo fico sempre desapontada quando olho para cima e não encontro o Rato Michey, ou o Pato Donald, ou o Zé Carioca ou talvez o Tom e o Jerry.
«Aquilo» até é giro para uma banda desenhada, mas sapatos…?
Cá por mim é influência da Second Life!




Recordações à volta do «Caderno da Capa Castanha VII»

Cafés
Três cafés na primeira infância, ou melhor um café e duas pastelarias ou melhor ainda um café uma pastelaria e um sítio onde se comiam as melhores "padinhas" e onde se comprava a escorcioneira.
O café era fascinante porque tinha uma porta giratória, podia andar-se à roda e nunca mais se sair de lá. Ao fundo tinha um sítio para a orquestra, mas não me lembro de ver lá nenhuma. As cadeiras tinham cromados grossos e havia dias em que transbordava para a praça. Só homens, safões, samarra ou capote, havia quem usasse bigodes e abotoaduras de ouro. Falavam grosso, enrolavam notas e mortalhas de cigarro. Às vezes cuspiam.
A pastelaria era a "Violeta" (não parecia tão pequena) e o Eça tinha lá escrito artigos para o jornal. Na infância de Lisboa, logo logo ao princípio, ás vezes ia com o pai vê-lo jogar xadrez no Palladium. E sabia que ele ia encontrar amigos no Avis. Só na adolescência conheci outros cafés que foram decisivos para o que sou hoje.
Mas disso fala melhor o Jorge Silva Melo...e de que maneira.
AB

(Se clicares a imagem fica um pouco maior)

Se a moda pega

Os «olheiros» do futebol vão ficar desempregados!
Até agora os grandes clubes pagavam a uns senhores que “andavam por aí” a assistir a jogos de futebol para ‘descobrir futuros talentos. Era uma profissão interessante – aparentemente era só lucro. Passeavam, viam futebol que devia ser o que mais gostavam na vida, e eram pagos para isso.
A tecnologia agora também lhes está a pregar partidas.
Os pais de um menino de 9 anos puseram no Youtube um vídeo da criança a jogar futebol e … zás! O Manchester United contratou-o logo.
Mas o miúdo realmente é qualquer coisa:


Depressa e bem

Nos 7 meses que dirigiu as questões do Apito Dourado, Maria José Morgado concluiu 53 dos 56 inquéritos que se iam arrastando
É que nestes casos o facto de se actuar depressa traz vantagens para
quase todos. Quem é inocente vê esse estado reconhecido, quem é culpado já sabe com o que pode contar.
Evidentemente que, depois, começa o jogo de xadrez dos tribunais e advogados hábeis mas isso é outro capítulo.
Parece que ela segue agora para «os casos» da CML.
Acredito que consiga também esclarecer o que se andava ali a passar.


Polícias e ladrões


Ontem foi notícia em todos os noticiários - comecei a ouvi-la na rádio pela hora do almoço - e hoje aparece em todos os jornais, alguns na primeira página: uma inspectora «altamente competente» da PJ é suspeita de se ter ‘apropriado’ de 90 mil euros, pelo menos, dinheiro esse apanhado a traficantes de droga.
É uma pescadinha de rabo na boca, primeiro os ladrões roubam, em seguida os polícias roubam os ladrões…
É claro que é chocante. É sempre chocante quando alguém que deve dar o exemplo e fazer-se respeitar, toma uma atitude destas. O polícia de trânsito que perdoa uma multa e aceita uma quantia inferior à multa para fazer vista grossa, é uma imagem que muita gente tem, infelizmente. Contudo este caso brada aos céus pela quantia referida – é tanto dinheiro que nos põe a cabeça a andar à roda. Como raio é que ela imaginou que «não se ia notar»?!
Pode ser muito competente a apanhar bandidos mas não o é a roubar.
Devia ter-se limitado a fazer aquilo que sabe fazer bem!

quarta-feira, julho 25, 2007

O «Era uma vez…» enriquecido

Já por umas duas vezes, os comentários da minha amiga e leitora AB foram tão interessantes, que considerei uma melhoria para o Pópulo ‘transformá-los' em post.
Ora acontece que dois dos últimos posts da série «Um caderno de Capa Castanha» mereceram vários comentários-memórias, tão sugestivos e com tanta cor que não será apenas um post mas vários que eu vou deixar daqui até ao final da semana - antes que chegue o Domingo com um tema um pouco diferente nestas memórias do «era uma vez…»
Assim, preparem-se para ler a colaboradora (pontual, que ela não assinou nenhum contrato!) do Pópulo, que vem já a seguir - para quem lê de cima para baixo!

Recordações à volta do «Caderno de Capa Castanha VI»


Serões
Às vezes, na casa grande, o avô não ia ao clube, depois do jantar. Lá em cima no quarto era difícil adormecer porque a lamparina, que se deixava acesa por causa dos medos, fazia sombras nas paredes e as sombras ganhavam formas pouco tranquilizadoras.
O pai saía sempre e a mãe ficava com a avó e as tias na saleta. Tenho ideia de que não conversavam muito. E o avô estava com os "homens" na adega. É que ia haver caça. Iam sair de madrugada. Esse universo de onde éramos excluídos (excepto o primo Luís que já tinha 16 anos) exercia sobre mim um imenso fascínio...e lá vinha, pé ante pé, até à porta que dava para o pátio de cima. E lá ficava descalça, encostada à porta pregada com pregos grossos e sentia o cheiro da pólvora, porque os cartuchos eram cheios ali, do sebo de tratar os arreios, ouvia os copos a bater na mesa, o embaralhar das cartas, as gargalhadas dos "homens".
Depois fugia para a cama porque havia sempre uma "ronda" de alguém para ver se toda a gente dormia.

AB

Falta só «o resto»


Não digo que não seja bom. Pelo contrário tudo o que seja desburocratizar é excelente. Agora «simplexizou-se» a compra de casa, que pode ser feita nos balcões “Casa Pronta”.
Nesses locais, o processo de compra de casa que precisava de 17 passos em locais diferentes pode ser agora reduzido a 5 minutos.
Muito bem.
Clap, clap, clap!
O nosso Primeiro, todo contente, declarou: "Saímos daqui com vontade de comprar uma casa." Acredito. Eu cá, vontade tenho…
Ainda ontem fui visitar uma amiga que mudou de casa e fiquei cheiinha de inveja – mas que bem que ela ficou!... Que linda casa!
Só que me falta… «o resto»

No parlamento madeirense

Se não fosse tão sério poderia parecer um momento de «Stand-up comedy»
São tantas as frases espantosas que é difícil a selecção:
“A função das mulheres é, precisamente, a da procriação" disse a senhora deputada madeirense, que mais adiante acrescentou outra pérola ao colar:
"Até à data qualquer mulher (madeirense) que tinha de tomar essa decisão (abortar) não deixava de a tomar... tomava as suas providências e fazia-o lá fora"

Sempre é um outro asseio.


Insólito

Quando se cria uma lei, costuma-se seguir um momento chamado de «regulamentação» para a adaptar à realidade e prever todas (ou pelo menos aquelas que os legisladores se lembrarem) as hipóteses.
Só posso imaginar que, quando se decidiu que os consumidores domésticos e não domésticos pagariam taxa de televisão, se estaria a pensar no caso dos não-domésticos que prestam serviços públicos, como repartições de atendimento ou locais de espera que muitas vezes têm, ou põem ter, equipamento desse tipo.
Mas a coisa levada à letra traduz-se em que
«os sistemas de rega e de iluminação pública, semáforos, furos de captação de água, painéis de informação e até as casas de banho públicas estão obrigados ao pagamento da taxa de televisão, pelo simples facto de consumirem energia».

É mesmo o que se chama ir buscar dinheiro a qualquer sítio.
Ou será um modo de promover energias alternativas...?

terça-feira, julho 24, 2007

Auto-confiança

É muito agradável ser-se auto-confiante. Pelos menos para o próprio.

Ontem fui apanhar um autocarro na sua origem, o que faço muitas vezes – é perto de casa e se ele ainda não está, espero sentada, se já lá está entro logo e espero, também sentada e com ar condicionado. Só vantagens o que vale a curta deslocação de mais uma paragem.
Ao descer as escadinhas que me levavam a esse início de carreira, noto que acaba de arrancar um. Bolas! Má pontaria. Confiro com o horário, tinha partido o das 12 e 13, tinha de esperar o seguinte, das 12 e 28. Instalei-me no banco da paragem e fico a remexer e arrumar a minha carteira quando chega uma senhora, muito segura de si que observa:
- «Deve estar a chegar o das 12 e 13». Delicadamente, informo-a
- «Não, já foi. Partiu mesmo à hora, ainda o vi abalar
A senhora olhou-me, de sobrolho levantado, e explica-me:
- «O que viu deve ter sido o anterior
Eu insisto
- «Não. Agora são 12 e um quarto e isto foi há poucos minutos»
Ela então 'arruma-me', desplicente:
- «O seu relógio está adiantado
Imaginam que a conversa ficou por ali, até porque entretanto tinha chegado o novo autocarro e o condutor depois das manobras habituais, mudança de letreiro, ir até ao fundo e voltar, abriu a porta para que entrássemos o que fizemos as duas.
Quando ele se começou a mover, pontualmente às 12 e 28, a minha companheira de teima ainda olhou para o seu relógio e resmungou «Vai muito atrasado
Pois se o seu relógio estava certo, aquele só podia ser o das 12 e 13 muuuito atrasado!
Deve ser bom ter tanta auto-confiança mas, aqui para nós, é um tanto irritante.

Um governo, dois países

Há uns tempos escrevi um post elogiando o que me parecia uma simplificação por ter lido em qualquer sítio que o Parlamento Belga era muito mais pequeno do que o nosso apesar de ter mais partidos.
Recebi logo na altura um comentário de uma antiga colega de blog trabalhando por aquelas bandas que me explicava que, pelo contrário, a Bélgica é uma confusão tamanho king-size, pelos seus regionalismos, as duas línguas, costumes diferentes, na prática são dois países o que faz duplicar muita coisa.

Vejo hoje uma anedota que vem ao encontro daquilo que ela me disse:
O novo Primeiro-ministro enganou-se no… Hino Nacional. Cantou a Marselhesa.
Pudera!
O homem é flamengo e o Hino é valão, para ele é tudo francesices…


Os apoios à primeira infância

Interessantes alguns factos: Um deles, que muitas pessoas não se lembram ou não sabem, que eu tenho repetido aqui vezes sem conto e ontem se disse pela voz do governo:
"Cerca de 90% da rede de creches são instituições particulares do solidariedade social” ou seja o apoio à primeira infância é, na quase totalidade, privado! Mas ‘privados’ de luxo porque, ainda segundo as informações que o mesmo senhor produziu, o Estado oferece-lhes 221 euros mensais por cada criança. É um negócio garantido.
Contudo se é certo que as creches devem ter um horário flexível de modo a apoiar as famílias que trabalham, já me assustou a ideia do modelo de que o senhor ministro tanto gostou dizendo: "Visitei uma creche que estava aberta das sete da manhã até as dez noite e estava cheia".
Nós sabemos que as famílias têm muito pouco tempo para estar com os filhos, mas alguém que vá buscar um filho às 10 da noite para o entregar às 7 da manhã leva-o para ir dormir a casa?... Aliás sendo criança pequenina, leva-a já a dormir e trá-la ainda a dormir.
Quando é que está com os pais?... Não teriam de ser as leis do trabalho mais flexíveis? Criarem-se creches nas empresas?