A ilha tropical
É claro que é uma metáfora. Mas estamos sempre a usá-la. Ainda ontem, já nem sei se li ou ouvi alguém dizer «mas ainda não chegava para o sonho de comprar uma ilha tropical». Não era preciso mais palavras estava completamente subentendido que isso seria «o sonho» de qualquer mortal de bom gosto – ter uma ilha tropical para si.
Eu já andei pelos trópicos e gostei.
Até muito. Creio que num dos sítios até era uma ilha, apesar de tão turística que nos esquecíamos de que estávamos numa ilha… E é agradável. Está sempre associado a um mar tranquilo, azul e morno, a muita calma, ao bom tempo, e, naturalmente à noção de riqueza ou abundância.
Mas se poisar os pés aqui em cima do tapete, olhar as paredes que me rodeiam, e espreitar através da janela (mesmo com a parva da chuva) não sei bem se isso é um desejo a sério ou o correspondente a um ‘intervalo’ na vida.
Vamos imaginar que realmente de sai o tal totomilhões que é o suficiente para comprar uma ilha tropical, mesmo pequenina. E depois?
Como sou muito rica levo alguém que se encarregue de administrar aquela coisa, porque deve haver imenso que tratar – ter água corrente, energia, esses confortos. Além disso devo convencer a minha família a ir comigo, ou seria um terrível exílio. E amigos? E as minhas recordações? Claro que sendo assim muito milionária posso transportar tudo o que é objecto com valor para mim, lá para a dita ilha, mas…. É que há outras recordações. Que não são transportáveis. Certas ruas, certas estradas, certos edifícios, certos odores, e muitos dos amigos que não estariam de acordo em imigrar comigo – lá terão outros gostos.
Pois é.
Isso da ilha tropical ou funciona quando temos 20 anos e estamos apaixonados sem se ver mais nada, ou então daria para passar umas magníficas férias, até prolongadas, mas com bilhete de regresso aqui, deste sítio que passamos o tempo a criticar!
Eu já andei pelos trópicos e gostei.
Até muito. Creio que num dos sítios até era uma ilha, apesar de tão turística que nos esquecíamos de que estávamos numa ilha… E é agradável. Está sempre associado a um mar tranquilo, azul e morno, a muita calma, ao bom tempo, e, naturalmente à noção de riqueza ou abundância.
Mas se poisar os pés aqui em cima do tapete, olhar as paredes que me rodeiam, e espreitar através da janela (mesmo com a parva da chuva) não sei bem se isso é um desejo a sério ou o correspondente a um ‘intervalo’ na vida.
Vamos imaginar que realmente de sai o tal totomilhões que é o suficiente para comprar uma ilha tropical, mesmo pequenina. E depois?
Como sou muito rica levo alguém que se encarregue de administrar aquela coisa, porque deve haver imenso que tratar – ter água corrente, energia, esses confortos. Além disso devo convencer a minha família a ir comigo, ou seria um terrível exílio. E amigos? E as minhas recordações? Claro que sendo assim muito milionária posso transportar tudo o que é objecto com valor para mim, lá para a dita ilha, mas…. É que há outras recordações. Que não são transportáveis. Certas ruas, certas estradas, certos edifícios, certos odores, e muitos dos amigos que não estariam de acordo em imigrar comigo – lá terão outros gostos.
Pois é.
Isso da ilha tropical ou funciona quando temos 20 anos e estamos apaixonados sem se ver mais nada, ou então daria para passar umas magníficas férias, até prolongadas, mas com bilhete de regresso aqui, deste sítio que passamos o tempo a criticar!
13 comentários:
Sendo-se assim tão rico leva-se um avião particular, volta-se quando apetecer ou leva-se lá quem apetecer.Mesmo que o preço dos combustiveis aumentasse estariamos nas tintas para isso.Solução prática e, sobretudo, realista.
(quando o fj comentou a imagem tinha desaparecido - acontece!) Já a voltei a colocar.
É certo que quando se tem o tal dinheiro que dá para se comprar uma ilha tropical, também temos uns trocos para os transportes. Era mais a distância que me estava a impressionar.
Contudo, tal como as coisas andam, cada vez me apetece meter mesmo uma grande quantidade de distância entre a terra onde tenho de viver e essa famosa ilha,,,
Uma ilha sossegada, nem precisava de ser exactamente «tropical» desde que não fosse nórdica!!!
Mas um refúgio todos nós sonhamos com isso!
Estou muito de acordo com o nick, o que a gente quer é o 'refúgio'. Mas longe! Digamos que o rigoroso oposto à triste ideia de «condomínio fechado»!!!
EA ideia de condomínio fechado lembra-me logo uma cadeia do avesso...
Subscrevo o fj, mainada!!
Temos portugueses a viver assim, são vidas de sonho, vivem como principes, sem os papparazzi atrás!
Nos intervalos viajam pelo mundo!
Boa vida!!
Depois de ler os comentários, já estou a ver a Kika, na sua ilha tropical, rodeada de tubarões para que os paparazzi se não aproximem!!!
Não que o FJ, não tenha colocado bem o seu comentário, mas estar nas tintas para as nossas recordações/referências eu, não concordo. Estou mais com a ideia do Sem-Nik e com a Mary, precisamos sim de um refúgio, a nossa "ilha", e aí fazemos as nossas viagens todas, de avião de helicópetro, de carro de bois, ouvindo aquela música que se liberta dos eixos, ou de uma "charrette", escutando os cascos dos cavalos, no seu trotar, tão característico. Podem não gostar, pode até, não servir para o êxodo, mas a mim, serve-me completamente.
ZP, a minha ilha não teria tubarões porque adoro a água e nem precisaria, porque sou anónima !!!
Não esse nunca foi para mim um desejo- talvez por ter nascido numa ilha...Mas, sim, por estes dias, um saltinho até um desses "paraísos", seria muito agradável...E, no regresso ao lugar que tanto estimo, ver o meu desejo de sempre realizado - continuo sonhando - encontrar um país renovado - onde se viva "harmoniosamente"....;))
No fundo, se percebi, Emiéle, partilho dessa vontade(?) de fuga, para "A ilha tropical"...
ZP não te coloques num plano realista,nunca pensaria em esquecer as recordações...nem a Kika merece os tubarões.Mas tambem estou muito com Maria (sejamos realistas, pensemos/vivamos a utopia )( claro isto já vem de 68, com pequena adaptação á ilha tropical ).
Claro que são as utopias, Pasárgadas, e essa coisa toda, mas a verdade é que se ouve muito, e o certo é que ouvi ontem a expressão mais de uma vez dai ter saído este post. :)
Quanto aos comentadores que jásão ilhéus ( Zé e Maria) a coisa aplica-se de outra forma, porque a ilha não é «vossa» no sentido em que se usa a expressão, e é grande - tenho a ideia de que como metáfora é sempre pensado como pequenina.
A Kika podia ter golfinhos em vez de tubarões. Era bem mais simpático!
Como se pode inferir do meu comentário, relativamente à Kika, os tuberões eram amestrados e a sua função seria a de afugentar que quisesse perturbar a quietude da sua "ILHA".
Na verdade FJ, fui demasiado realista, mas que queres tu?
Não que as utopias tenham desaparecido do meu horizonte, mas com o decorrer dos anos, a paisagem, sem nós querermos, torna-se mais real.
Eu seguramente, não comprava nenhuma ilha.
As ilhas fazem-me uma certa claustrofobia (eu nem sofro disso, mas não gosto da sensação de ter água a toda a volta)
nem sei bem o que comprava, depois da casa especial, nem sabia o que fazer ao dinheiro.
Olha Saltapocinhas, aquilo foi uma «figura de estilo» porque acho que também de certeza que uma ilha (a não ser que fosse muuuuito grande, tipo Austrália) me fazia claustrofobia. Vivi uns anos em Macau que é uma península que funciona como ilha e senti imensa claustrofobia!!!!
Acho que a metáfora da Ilha Tropical é um sítio bonito, longe, e onde haja muito sossego. E aí, já alinhava. Com aviões parra vir matar saudades, claro!
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